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Diante das volumosas críticas por parte da ala bolsonarista, o filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, lançado em 2017, teve sua classificação indicativa remodelada. Citando “tendências de indicação como coação sexual; estupro, ato de pedofilia e situação sexual complexa“, a recomendação etária passou de 14 para 18 anos. O despacho, assinado pelo secretário José Vicente Santini, foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 16. O texto também recomenda que o filme seja exibido após as 23h em TV aberta. A nova setorização etária, com os devidos descritores de conteúdo, deve ser utilizada em qualquer plataforma ou canal de exibição de conteúdo classificável em até cinco dias corridos.

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O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça argumenta que a suspensão busca “a necessária proteção à criança e ao adolescente” e prevê multa de R$ 50 mil por dia em caso de descumprimento. Em 2017, a pasta havia liberado o filme com a classificação indicativa de não recomendado para menores de 14 anos.

ENTENDA A POLÊMICA

Os nomes dos humoristas Danilo Gentili e Fabio Porchat ficaram entre os assuntos mais comentados do Twitter no último domingo, 13, devido à acusações de “incentivo” à pedofilia em Como se Tornar o Pior Aluno da Escola (2017), por parte da de influenciadores bolsonaristas. Por esse motivo, a plataforma de streaming Netflix também foi alvo de julgamentos. No mesmo dia, o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que “tomaria providências“. O ministro foi endossado por outros membros do governo federal, como o secretário de Cultura, Mário Frias, e a ministra Damares Alves, da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos.

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A cena que gerou as críticas mostra um inspetor escolar, vivido por Porchat, sugerindo um ato sexual para os garotos, como moeda de troca. Essa confusão, entretanto, tem sido encarada pelos opositores ao governo atual como uma verdadeira cortina de fumaça hipócrita (para a gasolina a quase R$ 8, talvez?), já que o mesmo filme foi defendido em seu ano de estreia pelos que agora o criticam, por tratar-se de uma obra “politicamente incorreta” e que desagradaria a esquerda.

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Antes da publicação do despacho, Porchat respondeu a críticas que circulavam na internet e citou outros papéis da ficção que traziam vilões que fazem “coisas horríveis”, citando exemplos e racionalizando sobre a diferença entre apologia e representação. “O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorrah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim. Temas super pesados são retratados o tempo todo no áudio visual”, disse o ator. Já Danilo Gentili apenas respondeu o caso com um tweet citando “orgulho” em desagradar qualquer uma das orientações políticas, esquerda e direita.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
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