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Morre Cacá Diegues, premiado cineasta brasileiro, aos 84 anos

Publicado por
Victor Hugo Furtado

Cacá Diegues, um dos mais importantes cineastas brasileiros de todos os tempos, faleceu na madrugada desta sexta-feira, aos 84 anos. O artista foi vítima de complicações em uma cirurgia. Diegues atuou no meio cinematográfico dos anos 1960 até seus últimos dias. A seguir, relembre essa trajetória!

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CACÁ DIEGUES: INÍCIO

Carlos José Fontes Diegues nasceu na cidade de Maceió, em 1940. Ele foi o segundo filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior e de uma fazendeira. Aos seis anos, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro e instalou-se em Botafogo, bairro onde Diegues passou toda sua infância e adolescência. Estudou no Colégio Santo Inácio, até ingressar na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde fez o curso de Direito. Como presidente do Diretório Estudantil, fundou um cineclube, iniciando suas atividades de cineasta amador, ao lado de David Neves e Arnaldo Jabor, entre outros.

Cacá Diegues

Ainda estudante, dirigiu o jornal O Metropolitano, órgão oficial da União Metropolitana de Estudantes e juntou-se ao Centro Popular de Cultura, ligado à União Nacional dos Estudantes. O grupo da PUC e o de O Metropolitano tornam-se, a partir do final da década de 1950, um dos núcleos de fundação do Cinema Novo, do qual Diegues é um dos líderes, juntamente com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Debutou como realizador em 1960, com o curta Fuga.

CACÁ DIEGUES: TRABALHOS NOTÁVEIS

Ao longo de sua trajetória, buscou retratar as desigualdades sociais do Brasil por meio de estética inovadora e realista. Em 1962, debuta em longas comandando um dos segmentos de Cinco Vezes Favela. No ano seguinte, dirigiu se primeiro filme: Ganga Zumba (1963), que aborda a luta dos quilombolas pela liberdade.

Ganga Zumba, primeiro longa de Cacá Diegues

Já em 1976, lançou um de seus principais trabalhos: Xica da Silva. Ele retrata a ascensão social de uma ex-escravizada que conquista poder e prestígio na sociedade colonial mineira do século XVIII. Com memorável atuação de Zezé Motta no papel-título, o enredo aborda questões como racismo, hipocrisia social e sexualidade, utilizando o humor e a sátira para criticar as estruturas de poder da época, ao mesmo tempo em que traça paralelos com as desigualdades persistentes no Brasil contemporâneo.

Outro marco de sua filmografia é Bye Bye Brasil (1979), retrato melancólico e poético do Brasil profundo, acompanhando uma trupe circense pelo interior do país em meio ao choque entre tradição e modernidade, refletindo as transformações econômicas e culturais do período. Na década de 1980, Diegues consolidou sua carreira com Quilombo (1984), uma visão épica sobre o Quilombo dos Palmares e a liderança de Zumbi, reafirmando seu olhar atento às narrativas de resistência e identidade afro-brasileira.

Cacá Diegues

Um Trem para as Estrelas (1987), Dias Melhores Virão (1989), Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999), Deus é Brasileiro (2003), O Maior Amor do Mundo (2006) e O Grande Circo Místico (2018) também são destaques de sua carreira. Por estes e outros filmes, teve seu trabalho celebrado em festivais de renome, como Cannes, Havana, Gramado, Brasília e San Sebastián.

CACÁ DIEGUES: LEGADO

Diegues, como produtor, não custa ressaltar, também teve papel relevante, incentivando novas gerações de cineastas brasileiros. O último longa produzido por ele foi Aumenta que é Rock’n’Roll (2024). Já Deus Ainda é Brasileiro, foi o derradeiro longa que dirigiu. A obra está em fase de pós-produção.

Vale lembrar que Cacá Diegues foi eleito como ocupante da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2018. Ele ocupou o lugar deixado pelo também cineasta Nelson Pereira dos Santos, de quem era amigo.

Ele deixa quatro filhos, dois deles de seu casamento com a cantora Nara Leão. Desde 1981, era casado com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães.

Cacá Diegues

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: victor@papodecinema.com.br