Faleceu, nesse domingo, 12, o ator gaúcho Paulo César Pereio. Aos 83 anos, Pereio estava internado no Hospital Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Ele tratava uma doença hepática avançada. Famoso por sua rebeldia, Paulo César trabalhou com cineastas importantes do audiovisual nacional, como Glauber Rocha, Hector Babenco, Arnaldo Jabor, Hugo Carvana e Ruy Guerra, e atuou em mais de 60 filmes. Relembre a trajetória do premiado intérprete!
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Paulo César de Campos Velho nasceu na cidade de Alegrete, no interior do Rio Grande do Sul, em 1940. Filho de pai militar, mudou-se para a capital do estado, Porto Alegre, aos 12 anos. Ainda na adolescência, começou a construir carreira artística, integrando o Teatro de Equipe, grupo de atores que marcou o teatro gaúcho nos anos 1950. Nomes como Paulo José e Lilian Lemmertz foram seus colegas. Sua trajetória no audiovisual teve início nos anos 1960, quando integrou o elenco de projetos que se tornariam símbolos da cinematografia nacional, como Os Fuzis (1964) e Terra em Transe (1967).
Nos anos 1970, foi reconhecido no circuito de festivais. Por As Aventuras Amorosas de Um Padeiro (1976), Pereio recebeu o Kikito de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado. Dois anos depois, venceu o troféu Candango do Festival de Brasília por sua performance coadjuvante em nada menos que três produções exibidas na edição de 1978 do evento: Chuvas de Verão, Tudo Bem e A Lira do Delírio. O ator voltaria a ser condecorado na capital federal em 2003, por seu trabalho em Harmada. Na Serra Gaúcha, também foi eleito Melhor Ator de 1985, por Noite, e foi homenageado por sua trajetória em 2010, quando recebeu o troféu Oscarito.
Conhecido por sua rebeldia, o artista sempre buscou se posicionar em relação ao seu ofício e também politicamente. Em entrevista concedida em 2010 a Geneton Moraes Neto, Pereio afirmou que construiu a própria imagem pública de pessoa controversa. “Construo este mito para ser pouco incomodado“, disse ele. Em 2008, Paulo César causou polêmica ao criar uma inusitada campanha para a implosão do Cristo Redentor, símbolo da capital carioca. À revista Veja, ele disse que a estátua “é uma interferência indevida na paisagem. O morro onde ela está é lindo. O Cristo só atrapalha o visual do lugar“. Classificando-se como “ateu e ex-comunista“, ele alegou que contratou uma agência de publicidade e que estava recolhendo assinaturas para a campanha de demolição.
Paulo César Pereio vivia no Retiro dos Artistas desde 2020. Sua última contribuição foi em 2022, quando integrou o elenco do longa São Ateu. Sua trajetória foi relembrada em 2023 no documentário Pereio, Eu Te Odeio. O ator foi casado três vezes, uma delas com a atriz Cissa Guimarães, de 1976 a 1990. Ele deixa quatro filhos: João Velho (ator), Lara Velho (produtora), Tomás Velho e Gabriel Velho.