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20150402 postNa manhã desta quinta-feira (2), foi anunciada a morte do cineasta português Manoel de Oliveira, aos 106 anos. Segundo informações, ele faleceu em casa, por conta de uma parada cardíaca, na cidade de Porto, noroeste de Portugal.

Manoel Candido Pinto de Oliveira começou a frequentar cinemas, com afinco, aos 20 anos, em uma época em que esta arte dava seus primeiros passos como uma nova forma de expressão, impulsionada pelas inovações narrativas apresentadas por David W. Griffith, pelo expressionismo alemão de Wilhelm F. Murnau e pelo realismo soviético de Sergei Eisenstein.

Em 1928, matriculou-se na Escola de Atores de Cinema, fundada em Porto pelo cineasta italiano Rino Lupo, e foi em um filme de Lupo, Fátima Milagrosa (1931), que fez sua primeira aparição, como figurante. No ano seguinte, com seu amigo bancário e fotógrafo amador Manuel Mendes, começou a registrar o dia-a-dia dos trabalhadores nas margens do rio Douro. Desta experiência, nasceu seu primeiro filme, o documentário em curta-metragem Douro, Faina Fluvial (1931).

Dirigiria ainda outros dois documentários curtos, Hulha Branca (1932) e Estátuas de Lisboa (1932), antes de voltar às telas como ator em A Canção de Lisboa (1933), o primeiro filme falado produzido em Portugal. Posteriormente, dedicou três décadas a dirigir e roteirizar documentários. Nesse meio tempo, casou-se, em 1940, passando a gerir a empresa herdada do pai.

O período ainda mostrou outras surpresas sobre o artista, como seu gosto pelos esportes – especialmente, o automobilismo. Chegou a competir no Brasil, em 1938, no Circuito da Gávea (tradicional corrida realizada no Rio de Janeiro entre 1933 e 1954). Pilotando um Ford V8, ele ficou em 3° lugar.

Apenas em 1963 dirigiu seu primeiro filme em longa-metragem, Acto da Primavera (1963). No mesmo ano, voltou a atuar, no filme de estreia do diretor Paulo Rocha, Os Verdes Anos (1963), que foi escolhido como Melhor Primeiro Filme no Festival de Locarno, na Suíça. A partir dos anos 1970, passou a lançar quase um filme por ano, não interrompendo o trabalho nem no dia de seu centenário, quando dirigia seu 42° longa, Singularidades de Uma Rapariga Loira (2009), concluindo-o a tempo de exibir no Festival de Berlim.

Em 2010, num artigo para o site português Público, intitulado “Defesa do cinema português“, escreveu que pensava nas condições cada vez mais difíceis em que os colegas cineastas se encontravam. “Eles, como eu, sempre viveram na precaridade e na insegurança, sem auxílio-desemprego ou reformas trabalhistas, sem nunca saber se fariam o próximo filme. Eles, como eu, só tem um desejo: todos queremos morrer fazendo filmes!”.

Considerado o cineasta mais velho do mundo em atividade, nunca chegou a parar de filmar. Em 2014 lançou dois curtas-metragens, O Velho do Restelo e Chafariz das Virtudes. Trabalhando como ator, diretor, montador ou roteirista, esteve em mais de 70 filmes e coleciona 47 prêmios em festivais internacionais como o de Berlim, o European Film Awards, Cannes, o Festival de Chicago, entre outros.

Deixa a mulher, Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais, e quatro filhos, além de netos, entre os quais está o ator Ricardo Trêpa, e bisnetos.

(Fonte: Redação PdC)

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