A Mostra de Gostoso tem dois diretores: Eugênio Puppo e Matheus Sundfeld. Eles são também curadores e fazem questão de apresentar todas as noites no palco montado na Praia do Maceió. Produtores e cineastas, os dois têm uma preocupação evidente com os aspectos técnicos da projeção, com a qualidade do som, em suma, com a valorização dos filmes nos espaços do evento que, não à toa, estão sempre cheios. Basta circular pela estrutura do festival para encontrá-los cuidado dos ajustes finos de tudo.
Tivemos um bate-papo com Eugênio e Matheus para saber um pouco mais sobre bastidores, legado e especificidades da curadoria. E o resultado desta conversa você confere logo abaixo com exclusividade.
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MOSTRA DE GOSTOSO: O LEGADO DO EVENTO
“Atualmente vejo a importância da mostra. Diferentemente de outros eventos que passaram por aqui detonando a cidade, cobrando para os comerciantes locais terem algum tipo de lucratividade, a mostra não queria cair aqui de paraquedas. Quando começamos a fazer o festival a ideia era deixar algo na comunidade, começando pelos jovens. Junto com um coletivo local agrupamos as pessoas certas para fazer esse projeto. Além de o evento lotar as pousadas e movimentar a economia local, há esses jovens que dialogam muito com a comunidade. A ideia da iniciativa é ter turmas de formação a cada três anos, o que permite a criação de laços entre eles. A comunidade reconhece a importância disso (…) nas nossas sessões a comunidade local se sente pertencente”, disse Eugênio Puppo.
“Esse envolvimento dos jovens do coletivo Nós do Audiovisual é a essência do projeto. Quando eles vão realizar os filmes, são estimulados a contar histórias locais, de pessoas da região. Então, acabam resgatando histórias sobre festas e personalidades daqui. É uma coisa que beneficia muito a comunidade essa possibilidade de contar histórias locais na telona montada na praia. Isso é um dos fatores que levam público em massa às exibições”, disse Matheus Sundfeld.
CONFIRA TAMBÉM
– Podcast Papo de Cinema
(YouTube e principais players de áudio)
MOSTRA DE GOSTOSO: A EXCELÊNCIA DA EXIBIÇÃO
“Há essa particularidade de ter de construir as nossas salas de cinema. É um processo muito complexo, ainda mais na praia e numa localidade em que venta bastante. É interessante notar que desde a primeira edição o nosso foco era apresentar sessões com excelente qualidade de som e imagem. Então, realmente as pessoas ficam impressionadas. Isso vai muito ao encontro do nosso respeito às obras e aos realizadores no sentido de garantir que os seus filmes serão apresentados com as melhores condições possíveis. A cada ano aprimoramos a sala, compreendendo onde dá para melhor. Mas chegamos a um modelo bastante satisfatório”, disse Matheus.
“Esse projetor que está aí curta cerca de US$ 600 mil. Nosso projetor anterior já era incrível, rodava em 4K e tudo, mas esse chega a ter 8K de qualidade. Nós não somos realizadores de evento, fundamentalmente fazemos filmes e séries. Como trabalhamos muito nas produções dos nossos projetos, sabemos a importância de ter uma exibição adequada. Já fui a festivais em que vimos nossos filmes mal projetados, na janela errada e com o som inadequado. Isso é absolutamente irritante. Levamos a preocupação com isso para esse cuidado com a exibição”, disse Eugênio.
MOSTRA DE GOSTOSO: A CURADORIA
“Não fazemos questão de os filmes serem inéditos. Ao contrário de alguns grandes festivais internacionais e nacionais, isso não é relevante para nós. O que nos importante é ter um conjunto de produções boas. Nesse ano somos em cinco curadores. Nos preocupamos com a comunicação entre os filmes, que eles dialoguem com a comunidade também”, disse Eugênio.
“A curadoria tem uma característica muito particular por conta de a nossa principal sala ser ao ao livre. Então, claro que um dos critérios é pensar como os filmes se comunicarão com a comunidade. Acaba passando um pouco por isso. Para a Mostra Panorama temos espaço para produções com uma maior experimentação de linguagem e que tenham uma classificação indicativa maior. O recorte da curadoria leva em conta a diversidade geográfica, a regionalidade e tem um foco para produções do nordeste e, mais especificamente, do Rio Grande do Norte”, disse Matheus.
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