No dia 17, é dada a largada para a 43ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, apresentando cerca de 300 filmes diferentes em dezenas de cinemas – além de plataformas online como o Spcine Play. Como é fisicamente impossível acompanhar todas as sessões até o dia 30, os cinéfilos embarcam na complexa arte de montar agendas para incluir os filmes imperdíveis e as boas apostas.
Por isso, o Papo de Cinema destaca algumas produções que merecem a atenção dos frequentadores da Mostra:
Os premiados
É comum que a maioria dos cinéfilos parta imediatamente para os vencedores dos festivais de Cannes, Berlim etc., onde de fato existem boas pedidas este ano. O sul-coreano Parasita (2019), vencedor da Palma de Ouro em Cannes, traz uma ótima comédia social, mesmo gênero do israelense Sinônimos (2019), vencedor do Urso de Ouro em Berlim.
Além destes, o belíssimo drama chinês Até Logo, Meu Filho (2019), e a comédia palestina O Paraíso Deve Ser Aqui (2019) são duas boas pedidas de Cannes (o primeiro, vencedor dos prêmios de ator e atriz, e o segundo, recompensado com o prêmio do público), enquanto Deus É Mulher e Seu Nome É Petúnia (2019) se destaca entre os selecionados de Berlim. Vale verificar quais filmes já têm distribuição garantida no Brasil – caso de Parasita e Sinônimos, por exemplo -, caso prefira privilegiar títulos sem lançamento comercial assegurado.
Os brasileiros inéditos
Devido à instabilidade de alguns festivais de cinema, fruto da retirada de investimentos na cultura, muitas produções brasileiras que talvez se dispersassem em outros eventos acabaram concentradas na Mostra de SP – para a alegria dos cinéfilos paulistanos, é claro.
Isso significa que o evento vai exibir mais de uma dúzia de filmes nacionais inéditos, como os novos de Camilo Cavalcante (Beco, 2019), Heitor Dhalia (Anna, 2019), Lírio Ferreira (Acqua Movie, 2019), Luiz Rosemberg Filho (o póstumo Bobo da Corte, 2019), Petrus Cariry (A Jangada de Welles, 2019), Marília Hughes e Cláudio Marques (Guerra de Algodão, 2019) e Belisário Franca (O Paradoxo da Democracia, 2019) Qualquer festival que contasse apenas com estes títulos inéditos em sua competição oficial já seria um dos mais cobiçados do país, sem dúvida.
Entre os títulos já exibidos em outros festivais, destaques para a comédia dramática Pacarrete (2019), vencedora do festival de Gramado, Casa (2019), vencedor do festival de Vitória, e Chão (2019), premiado pelo público no Olhar de Cinema, em Curitiba.
Outras apostas
Alguns filmes correm por fora, mas merecem atenção por suas propostas ousadas. Além disso, talvez o maior prazer de Mostras deste porte seja descobrir novos talentos e novas formas de fazer cinema, certo? O Papo de Cinema já teve a oportunidade de assistir a alguns títulos preciosos: Cães do Espaço (2019), por exemplo, subverte as expectativas do documentário ao propor uma viagem belíssima para representar a viagem da cadela Laika, enquanto Você Tem a Noite (2019) cria uma história comovente em torno de uma família vítima da crise financeira.
O australiano-tailandês Empuxo (2019) retrata a história real de jovens obrigados a trabalhar como escravos dentro de barcos de pesca em alto mar, enquanto o sérvio Cicatrizes (2019) traz outra história baseada em fatos, sobre uma mulher cujo filho, dado como morto após o nascimento, pode estar vivo e ter sido vendido a outra família. Para um delicado retrato sobre a emancipação feminina no mundo árabe, o franco-argelino Papicha (2019) é uma ótima pedida.
Além das salas de cinema
É sempre importante ressaltar que a Mostra de São Paulo não se limita às sessões “tradicionais”: existem também projeções em realidade virtual, com experiências singulares oferecidas no anexo do CineSesc, e sessões ao ar livre, como O Mágico de Oz (1939), que será exibido no vão livre do MASP. O Teatro Municipal exibirá filmes da Mostra pela primeira vez, com destaque para o belíssimo drama nacional A Vida Invisível (2019), nosso representante na corrida ao Oscar 2020.
Os fãs de terror não podem perder a exibição única de O Farol (2019) – um dos nossos filmes preferidos do ano – em presença do ator Willem Dafoe e do diretor Robert Eggers (de A Bruxa, 2015), que vai ministrar uma masterclass após a projeção. A Mostra também organiza o lançamento de livros, como “Trajetória da Crítica de Cinema no Brasil”, organizado por Paulo Henrique Silva, e “Paulínia – Uma História de Cinema”, de João Nunes.
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