Outro ponto importante da obra do cineasta é o resgate da identidade e da cultura do Camboja, que também foram massacradas pelo genocídio cometido pelo Khmer Vermelho. Segundo Pahn, o futuro não será possível sem o luto e sem um justo julgamento. Com seu trabalho mais recente, A Imagem que Falta (2013), o diretor recebeu o prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes. Na obra, o cineasta utilizou dois recursos inéditos para recompor cenas de seu passado: o uso de miniaturas de argila e narração em primeira pessoa.
Em seu filme mais aclamado pela crítica, S21: A máquina de morte do Khmer Vermelho (2003), Panh confronta os depoimentos de três dos sete sobreviventes do S-21 – centro de detenção onde morreram cerca de 17 mil pessoas – com os antigos funcionários do lugar. Os carrascos, recém-saídos da adolescência na época do extermínio, reencenam na prisão desativada as ações que costumavam repetir diariamente durante o regime. Diante desta obra, o governo do Camboja e as Nações Unidas foram finalmente obrigados a reconhecer o genocídio do Khmer Vermelho, até então esquecido pelas autoridades. O documentário é um dos mais importantes do século 21 e foi vencedor do Human Rights Awards.
Além da direção de filmes, Rithy Panh dedica-se também ao resgate da memória visual do Camboja e à produção de filmes dirigidos por jovens cineastas cambojanos. Na mostra serão apresentadas seis obras produzidas ou co-produzidas por ele: O Khmer Vermelho e o Pacifista (2011), Cinco Vidas (2010), Casamento Vermelho (2012), Por Onde eu Vou (2012), O Último Refúgio (2013) e O Sono de Ouro (2011). Completa a programação o documentário de Jean Marie Barbie, Tio Rithy (2008).
A mostra O Cinema de Rithy Panh fica em cartaz até o dia 17 de novembro. O CCBB fica na Rua Álvares Penteado, 112. Confira a programação para os próximos dias:
13/11 – quarta
15h – O último refúgio (2013)
16h15 – Tio Rithy (2008)
18h – Uma Barragem Contra o Pacífico (2008)
20h30 – Bophana, uma Tragédia Cambojana (1996)
14/11 – quinta
15h – Papel não Embrulha Brasas (2007)
17h – S21, a Máquina de Morte do Khmer Vermelho (2003)
19h – Debate: Fábio Andrade e Mateus Araújo, mediação de Luís Felipe Flores
15/11 – sexta
15h – Cinco Vidas (2010)
17h – Condenados à Esperança (1994)
19h30 – Duch, o Mestre das Forjas do Inferno (2011)
16/11 – sábado
14h – Por Onde eu Vou (2012)
15h15 – A Terra das Almas Errantes (2000)
17h15 – Uma Noite Após a Guerra (1998)
19h30 – Uma Barragem Contra o Pacífico (2008)
17/11 – domingo
14h – Os artistas do Teatro Queimado (2005)
16h – O Sono de Ouro (2011)
18h – A Imagem que Falta (2013)
Fonte: Centro Cultural Banco do Brasil