A Mostra SP anunciou recentemente que o cineasta haitiano Raoul Peck será o homenageado da sua 48ª edição com o Prêmio Humanidade. Concedido anualmente a “personalidades que demonstram questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo de forma corajosa e sensível”, o prêmio vem coroar uma carreira cujo conteúdo se destaca pela discussão do racismo como uma doença profundamente enraizada nas sociedades mundo afora.
Além da condecoração, a Mostra SP 2024 também exibirá o filme mais recente de Peck em sua programação. Ernest Cole: Achados e Perdidos (2024), vencedor do prêmio de Melhor Documentário no Festival de Cannes 2024, sobre o fotógrafo sul-africano Ernest Cole (1940-1990). Cole foi o primeiro a expor os horrores do apartheid para além das fronteiras da África do Sul. Peck relata as andanças, a inquietação artística e a raiva constante do fotógrafo pelo silêncio ou pela cumplicidade do mundo ocidental diante dos horrores do regime do apartheid. Ele conta como, em 2017, 60 mil negativos do trabalho fotográfico de Cole foram descobertos no cofre de um banco sueco.
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Raoul Peck começou a ganhar prestígio com Canto do Haiti, de 1987. Desde então alavancou uma carreira internacional, com obras inspiradas na sua trajetória. Desde a sua juventude passada na República do Congo, até seu retorno ao Haiti como Ministro da Cultura, suas fontes de inspiração refletem sua dedicação à criação cinematográfica e a sua vontade de combater as injustiças sociais. Em 2012 ele integrou o júri principal do Festival de Cannes.
É diretor, entre outros, de O Homem das Docas (1993), exibido no Festival de Cannes, Lumumba (2000), que estreou na Quinzena dos Realizadores, também em Cannes, e Abril Sangrento (2005), que participou da competição do Festival de Berlim. Seu filme mais famoso é o excepcional Eu Não Sou Seu Negro (2016), sobre James Baldwin, que foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017.
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