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O cineasta brasileiro Karim Aïnouz deu o grande pontapé de sua carreira em Cannes, com o drama Madame Satã (2002) selecionado para as mostras Câmera de Ouro e Um Certo Olhar. Nos anos seguintes, figurou nas seções CICAE e Palma Queer com O Abismo Prateado (2011) e, novamente, Um Certo Olhar com A Vida Invisível (2019), pelo qual garantiu o prêmio principal da categoria. No entanto, foi apenas em 2023 que o diretor participou pela primeira vez da mostra principal, com Firebrand, coprodução Reino Unido/EUA. Agora, conhecedor da Boulevard de la Croisette como ninguém, Aïnouz está de malas prontas para mais um Festival de Cannes.

Isso porque, entre os dias 14 e 25 de maio, o realizador estará no conceituado evento francês como competidor da sessão principal com Motel Destino, filme que, segundo ele, levará “suspense erótico” para a disputa da Palma de Ouro. Aliás, antes de partir para essa festa, na qual é figura carimbada há alguns anos, Karim bateu um papo de cinema conosco. Sobre a trajetória que construiu até o momento no festival, o cearense revelou que foi a Cannes pela primeira vez em 1997, com o então projeto que se tornaria Madame Satã nos anos 2000, em uma “aventura incrível”.

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Lembro que ao chegar pensei: será que um dia vou ter um filme aqui? Quem diria que voltaria tantas vezes, não é mesmo? De lá pra cá muita coisa mudou, mas, felizmente, coisas boas seguem intactas. A grande questão de Cannes é, de fato, o cinema. Há o tapete vermelho, o protocolo, a magia… mas ainda possui cinema internacional e diverso. É uma seleção espetacular na qual você conta com descobertas. Com o avanço da internet, sinto que é como se houvesse dois festivais, o pessoal do Palais e outro na Croisette, tornando ele muito maior hoje em dia. Porém, o número de filmes é o mesmo e continua sendo celebração de encontros fascinante”. Ele completa: “voltar pra Cannes é sempre um sonho”.

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Karim dirigindo Motel Destino. Foto/divulgação

Estrelado por Iago Xavier, Nataly Rocha e Fábio Assunção, Motel Destino, rodado inteiramente no estado do Ceará, segue o amor entre um jovem periférico em choque com o sistema que deseja o aniquilar e uma mulher resistente aos grilhões do patriarcado que atentam contra a sua vida. Sobre a obra, Karim classifica o longa como “absolutamente sex positive” (que retrata a sexualidade de maneira aberta, inclusiva e sem julgamentos). “Trata-se de um filme com possibilidades de encontro e celebração da vida, com o sexo como solidariedade. E é um enredo que acontece dentro de um motel, acho importante frisar. Ele não é só cearense e brasileiro, ele se passa numa instituição bastante brasileira. Os motéis como são no Brasil talvez sejam parecidos, um pouco, como os das Colômbia e os do centro de Tóquio (Japão), naqueles love hotels. Então temos filme erótico, potencializado por papéis de grande vitalidade. Fiquei feliz de fazer um filme com personagens com muita fome de viver, de idades e personalidades distintas”. A respeito da presença de Assunção na equipe, trazendo características sudestinas ao enredo nordestino, Aïnouz celebrou o fato do ator paulista se permitir trocar experiências com os novatos Iago e Nataly: “essa junção tornou o elenco muito elétrico”.

Vale lembrar que Karim disputará a Palma de Ouro com outros gigantes do cinema mundial, como Jia Zhangke, Yorgos Lanthimos, Gilles Lellouche, Christophe Honoré, Paul Schrader, Paolo Sorrentino, David Cronenberg e Francis Ford Coppola. A relação completa dos filmes em competição pode ser conferida neste link. A seguir, fique com alguns momentos do bate-papo com Aïnouz.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
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