Em 2021, Riz Ahmed se tornou o primeiro ator muçulmano a disputar o Oscar pelo trabalho em O Som do Silêncio (2020). O ator e músico britânico-paquistanês desempenha um papel de ativismo dentro da indústria, em busca de melhor representatividade da religião muçulmana nos filmes. Assim, ele comandou um estudo à USC Annenberg Inclusion Initiative.
A intenção era descobrir de que maneira, e em qual proporção, estes personagens são retratados no cinema recente. O grupo estudou os 200 filmes mais populares produzidos pelos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia entre 2017 e 2019. Entre os 8.965 personagens dotados de falas, apenas 1,6% são muçulmanos. Entre estes, 76,4% dos personagens são homens. Nenhuma animação contém personagens muçulmanos, enquanto apenas um filme em live-action apresenta um personagem muçulmano LGBT, e um único filme representa um muçulmano com deficiência.
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Em termos qualitativos, os resultados são ainda mais graves. Segundo Al-Baab Khan, um dos autores da publicação intitulada “Ausentes e Depreciados: A Realidade de Muçulmanos em Filmes Globais”, “mais de metade dos personagens muçulmanos principais e secundários nestes filmes eram imigrantes, migrantes ou refugiados, o que reforça a imagem dos muçulmanos como ‘estrangeiros’. Muçulmanos vivem no mundo inteiro, mas as plateias enxergam apenas um retrato limitado desta comunidade, ao invés de perceberem muçulmanos como são: empresários, amigos e vizinhos cuja presença é parte da vida moderna”.
Riz Ahmed vai ainda mais longe: “A representação de muçulmanos no cinema enfoca a prática do policiamento, as pessoas mortas, os países invadidos. Os dados não mentem. O estudo mostra a escala do problema em filmes populares, e os custos podem ser medidos em perda de potencial e perda de vidas”. Em parceria com a Pillars Fund e a Ford Foundation, o ator elaborou uma bolsa de US$ 25 mil para estimular o trabalho de roteiristas muçulmanos. Assim, espera aumentar e melhorar a representatividade nas telas dos cinemas.