Uma boa notícia, e algumas más notícias no que diz respeito à representatividade feminina na indústria de cinema norte-americana. Por um lado, o ano de 2020 registrou um recorde de grandes produções dirigidas por mulheres: 16 das 100 maiores bilheterias foram comandadas por cineastas mulheres, o que inclui Aves de Rapina (Cathy Yan) e Mulher-Maravilha 1984 (Patty Jenkins). O número de 16% representa um recorde, após a quantia de 12% em 2019, e de 4% em 2018. Os dados provêm do Center for the Study of Women in Television and Film, da Universidade de San Diego.
Por outro lado, esses números precisam ser interpretados com cautela. Primeiro, porque a quantia de 16% na direção continua irrisória, visto que 67% dos filmes não possui uma única mulher em cargos de liderança, segundo o estudo. Houve queda expressiva na presença de mulheres roteiristas (12%, contra 18% em 2019) e editoras (18%, contra 23% em 2019). A direção de fotografia, uma das áreas mais desiguais em distribuição de gênero, registra 3% de liderança feminina nas cem maiores produções.
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Além disso, o ano atípico teve as salas de cinema fechadas durante mais de seis meses, o que impede o estudo de acompanhar a evolução da participação feminina fora do contexto de crise econômica e sanitária. O grupo de pesquisadoras estudou pela primeira vez a porcentagem de mulheres liderando filmes concebidos para plataformas de streaming. Reunindo todos os cargos cinematográficos, as mulheres desempenham 19% das funções.
Quando os números são analisados em diferentes categorias, a situação se torna mais grave. Os cargos de maior responsabilidade excluem profissionais mulheres de forma mais intensa: apenas 9% dos filmes e séries lançados em streaming tiveram cineastas mulheres. “O desequilíbrio é chocante”, ressalta a Dra. Martha Lauzen, que coordena este estudo há duas décadas.
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