Sérgio Ricardo morreu nesta quinta-feira, 23, aos 88 anos, no Rio de Janeiro, devido a um quadro agudo de insuficiência cardíaca. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na zona sul da capital fluminense, desde que contraiu a Covid-19. De acordo com sua filha, Adriana Lutfi, o artista conseguiu se curar do novo coronavírus, mas teve de permanecer em observação por conta da fragilidade de sua saúde. Os protocolos sanitários decorrentes da pandemia em curso vão restringir a cerimônia de seu sepultamento aos familiares nesta sexta-feira, 24, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Batizado João Lufti, adiante escolhendo outro nome como alcunha artística, Sérgio Ricardo nasceu em Marília, interior de São Paulo, mas antes de completar 20 anos mudou-se para a Cidade Maravilhosa, onde iniciou sua carreira como pianista de casas noturnas. Nesse circuito, conheceu Tom Jobim. Foi um nome essencial da Bossa Nova, tendo inclusive participado do festival no Carnegie Hall de Nova Iorque, nos Estados Unidos, ao lado também de Carlos Lyra, Roberto Menescal, João Gilberto, Sergio Mendes, entre outros.
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Se entrega, Corisco! / Eu não me entrego, não! / Eu não sou passarinho/ Pra viver lá na prisão / Se entrega, Corisco! / Eu não me entrego, não! / Não me entrego ao tenente Não me entrego ao capitão / Eu me entrego só na morte/ De parabelo na mão
Os versos acima são de Perseguição, uma das composições de Sérgio Ricardo para a trilha sonora de Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), tida por muitos como uma das maiores peças musicais do cinema brasileiro. Aliás, a relação de Sergio Ricardo com o audiovisual começou ainda nos anos 1950, quando ele atuou em algumas produções da extinta TV Tupi. Mais tarde, dirigiu e atuou em filmes como Esse Mundo é Meu (1964), Juliana do Amor Perdido (1970) e A Noite do Espantalho (1974), seu filme mais cultuado como realizador. Era irmão de Dib Lutfi, um dos mais importantes câmeras e diretores de fotografia do nosso cinema. Em 1991, Sergio Ricardo publicou o livro Quem Quebrou Meu Violão, ensaio sobre a cultura brasileira desde os anos 1940. Em 2018 voltou à direção após um tempo de inatividade e lançou Bandeira de Retalhos, que acabou se tornando sua obra derradeira na Sétima Arte.
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