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Cinebiografia do nosso querido Mussum, Mussum: O Filmis (2023) tem na mãe do saudoso sambista e humorista a sua principal personagem coadjuvante. A Dona Malvina Bernardes Gomes é interpretada por duas atrizes de peso nas etapas distintas do longa-metragem dirigido por Silvio GuindaneCacau ProtásioNeusa Borges. Mais conhecida por seus papeis cômicos, Cacau interpreta a personagem enquanto Mussum é criança e jovem adulto. Nessa fase, Dona Malvina é uma mulher preocupada com o futuro de seus filhos. Mãe solo e moradora de uma comunidade carente do Rio de Janeiro, ela faz questão de que seus pequenos estudem e procurem alternativas de futuro que lhes garantam segurança financeira – por isso é terminantemente contra Antônio Carlos se aproximar do samba, meio que considera capaz de desvirtuar o rapaz da carreira militar que lhe parece a melhor alternativa.

“Viver a Malvina foi um presente, uma honra e um aprendizado de amor e de acolhimento. A gente que é preto, eu – que sou mulher preta e fui filha preta–, vive uma criação em que a nossa mãe ensina a gente a passar por esse mundo extremamente preconceituoso. A Malvina criava o filho dela ensinando isso, mas ela não mostrava dizendo “você vai sofrer o racismo”. Ela o ensinava a ser forte, a ter caráter, ser trabalhador e ter resposta certa na hora certa. Além de tudo, ela dava muito amor, era uma mãe maravilhosa. Representar essa mulher foi uma honra e um aprendizado surreal”.

Cacau Protásio e Thawan Lucas na cena da leitura, em "Mussum: O Filmis"

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Neusa interpreta Dona Malvina quando Mussum é um adulto bem-sucedido, primeiro como músico (contrariando os seus prognósticos) e depois na condição de um dos humoristas mais conhecidos do Brasil. É curioso notar a mudança sensível, não apenas de atriz, mas de atitude, afinal de contas uma vez superados os problemas de ordem financeira, finalmente Dona Malvina pode amenizar suas preocupações e usufruir das benesses oferecidas pelo filho famoso. Aliás, Mussum: O Filmis começa com Dona Malvina passando mal, naquilo que representa um dos momentos de maior crise para o então célebre artista. Merecidamente, Neusa venceu o Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante no 51º Festival de Cinema de Gramado por esse papel tão importante,

“Pela segunda vez represento a mãe do Aílton. Acho que dou sorte a ele. Eu não conheci a mãe do Mussum, mas ele sim. Desde o começo dos Originais do Samba. Na época eu ainda era cantora, e fizemos juntos algumas participações na linha de show da Globo. Fiquei feliz quando soube que Aílton ia representá-lo no cinema. Tinha certeza absoluta que seria um sucesso (…) O prêmio (em Gramado) pra mim com certeza foi uma grande surpresa. O filme, a direção maravilhosa do meu querido Guindane. Eu tinha certeza que eu e o Aílton seríamos premiados. Eu sempre falei desde o início do ano que o filme seria o maior filme do ano, e ainda iremos ganhar muito mais prêmios com essa obra”. 

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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