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Na falta de blockbusters em 2020, aumentou procura na Europa por filmes locais

Publicado por
Bruno Carmelo

Um dos principais argumentos utilizados pelo marcado para justificar a presença massiva de produções de Hollywood nos mercados estrangeiros diz respeito ao interesse do público. “É isso que os espectadores querem ver”, justificam distribuidores e exibidores, argumentando que sem as franquias e superproduções norte-americanas, os negócios se tornam insustentáveis.
Ora, o ano de 2020 comprovou que este raciocínio não funciona de maneira tão automática quanto se acreditava. Devido à pandemia de Covid-19, os cinemas norte-americanos permaneceram fechados durante a maioria parte do ano, e os principais estúdios decidiram esperar para lançar seus títulos mais aguardados, com medo de terem uma renda incompatível com os investimentos. Resultado: o público europeu começou a procurar por títulos locais.
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Pai a Gente Só Tem Um 2: Uma Sogra no Ninho

Os dados vêm do relatório anual da UNIC (União Internacional de Cinemas), relatado pelo Portal Exibidor. Apesar da queda já esperada de 70% no faturamento dos cinemas locais e de 68% na venda de ingressos, devido ao fechamento de parte considerável das salas, aumentou a procura por obras nacionais: a participação média de mercado para filmes europeus cresceu de 25,7% em 2019 para 39,7% em 2020.
Alguns países chegaram a atingir marcas superiores a 50% de ingressos adquiridos para títulos nacionais. Os líderes europeus foram Itália (55,6%), Polônia (53,2%), Dinamarca (49,7%), República Tcheca (46,4%) e França (44,9%). As comédias populares, em especial, registraram números excepcionais, caso da espanhola Pai a Gente Só Tem Um 2: Uma Sogra no Ninho (2,3 milhões de espectadores) e do francês 30 Jours Max (1,2 milhão de espectadores).
Logicamente, os blockbusters estão retomando com força, e se aproximando dos números pré-pandemia – caso dos bem-sucedidos Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021) e 007: Sem Tempo para Morrer (2021). No entanto, espera-se que os exibidores locais tirem as conclusões apropriadas a respeito do potencial de público das obras nacionais.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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