Numa festa de poucas – porém marcantes – surpresas, a cerimônia de entrega do Oscar 2021, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, ocorrida no último domingo, 25 de abril, reconheceu o drama Nomadland como o melhor filme da última temporada. O longa foi também o mais premiado da noite, tendo ganho ainda como Melhor Direção, para Chloe Zhao – a segunda mulher em 93 anos de premiação a ser reconhecida nessa categoria – e Melhor Atriz, para Frances McDormand, que obteve sua terceira vitória, um feito que apenas Katharine Hepburn (com quatro Oscars) havia alcançado antes. Ela é, portanto, a segunda atriz mais premiada na história da Academia. Ingrid Bergman e Meryl Streep também foram premiadas três vezes, porém ambas ganharam em apenas duas ocasiões como protagonistas (mais uma como coadjuvante) – tanto McDormand como Hepburn ganharam apenas como protagonistas. Entre os homens, o único a alcançar feito igual é Daniel Day-Lewis (três vitórias como protagonista). Jack Nicholson e Walter Breenan são outros que ganharam três vezes – o primeiro 2 como protagonista e 1 como coadjuvante, enquanto que o segundo teve 3 como coadjuvante.

 

Daniel Kaluuya, melhor ator coadjuvante por “Judas e o Messias Negro”

 

Dos oito concorrentes a Melhor Filme, apenas Os 7 de Chicago saiu de mãos abanando, sem nenhuma conquista entre as seis indicações a que concorria. Todos os demais conquistaram ao menos um troféu: Mank (2), Meu Pai (2), O Som do Silêncio (2), Judas e o Messias Negro (2), Minari (1) e Bela Vingança (1). Poucos, no entanto, foram os resultados inesperados, como as vitórias de Anthony Hopkins (Meu Pai), como Melhor Ator (o favorito era Chadwick Boseman, por A Voz Suprema do Blues), ou de Colette, como Melhor Documentário em Curta-metragem (as apostas indicavam Uma Canção para Latasha como favorito). Como Melhor Filme Internacional, o vencedor foi Druk: Mais Uma Rodada, da Dinamarca. É a terceira vez que o país é premiado (em um total de 10 indicações), após A Festa de Babette (1987) e Em Um Mundo Melhor (2010).

 

Youn Yuh-Jung, melhor atriz coadjuvante por “Minari”

 

As maiores perdedoras do ano, porém, foram Glenn Close, que concorria como Atriz Coadjuvante por Era Uma Vez Um Sonho e foi derrotada mais uma vez em sua oitava indicação, e a compositora Diane Warren, indicada pela décima segunda vez como Melhor Canção Original, por Io Si (Seen), de Rosa & Momo, e novamente ficou longe da estatueta dourada. Por outro lado, Frances McDormand e Chloe Zhao ganharam duas estatuetas somente neste ano. Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes, 1991), Christopher Hampton (Ligações Perigosas, 1988), Donald Graham Burt (O Curioso Caso de Benjamin Button, 2008), Ann Roth (O Paciente Inglês, 1996), Scott R. Fisher (Interestelar, 2014) e a dupla Trent Reznor e Atticus Ross (A Rede Social, 2010) ganharam, nesse ano, uma segunda estatueta, enquanto que Andrew Lockley (A Origem, 2010, e Interestelar, 2014) e Pete Docter (Up: Altas Aventuras, 2009, e Divertida Mente, 2015) são, a partir de agora, tricampeões. Entre os estúdios, a grande vencedora foi a Netflix, com 7 conquistas (2 por Mank, 2 por A Voz Suprema do Blues, mais Dois Estranhos, Se Algo Acontecer… Te Amo e Professor Polvo). Confira a seguir a lista completa de premiados do 93o Oscar:

 

Frances McDormand, melhor atriz e melhor filme por “Nomadland”

 

FILME: Nomadland, produção de Frances McDormand, Peter Spears, Mollye Asher, Dan Janvey, Chloé Zhao
DIREÇÃO: Chloé Zhao, por Nomadland
ATOR: Anthony Hopkins, por Meu Pai
ATRIZ: Frances McDormand, por Nomadland
ATOR COADJUVANTE: Daniel Kaluuya, por Judas e o Messias Negro
ATRIZ COADJUVANTE: Youn Yuh-Jung, por Minari
ROTEIRO ORIGINAL: Emerald Fennell, por Bela Vingança
ROTEIRO ADAPTADO: Christopher Hampton e Florian Zeller, por Meu Pai
MONTAGEM: Mikkel E. G. Nielsen, por O Som do Silêncio
FOTOGRAFIA: Erik Messerschmidt, por Mank
DESIGN DE PRODUÇÃO: Donald Graham Burt e Jan Pascale, por Mank
FIGURINO: Ann Roth, por A Voz Suprema do Blues
MAQUIAGEM E CABELOS: Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson, por A Voz Suprema do Blues
SOM: Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michellee Couttolenc, Carlos Cortés e Phillip Bladh, por O Som do Silêncio
EFEITOS VISUAIS: Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott Fisher, por Tenet
TRILHA SONORA: Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste, por Soul
CANÇÃO ORIGINAL: “Fight For You”, de H.E.R., Dernst Emile II e Tiara Thomas, por Judas e o Messias Negro
LONGA DE ANIMAÇÃO: Soul, produção de Pete Docter e Dana Murray
CURTA DE ANIMAÇÃO: Se Algo Acontecer… Te Amo, produção de Will McCormack e Michael Govier
DOCUMENTÁRIO LONGA: Professor Polvo, produção de Pippa Ehrlich, James Reed e Craig Foster
DOCUMENTÁRIO CURTA: Colette, produção Anthony Giacchino e Alice Doyard
CURTA DE FICÇÃO: Dois Estranhos, produção de Travon Free e Martin Desmond Roe
FILME INTERNACIONAL: Druk: Mais Uma Rodada (Dinamarca)

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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