20200324 apple tv destaque

O serviço do Apple TV+ ainda é novo no Brasil e apresenta um catálogo restrito, apesar de sedutor: existem séries premiadas com Jennifer Aniston, Reese Witherspoon, Octavia Spencer e Jason Momoa, além de séries infantis com o Snoopy e um primeiro filme original estrelado por Samuel L. Jackson e Anthony Mackie. Ou seja, Apple TV+ ainda precisa se popularizar no país, mas demonstra forte potencial. Enquanto toda a redação do Papo de Cinema toma o tempo de se familiarizar com o catálogo, nosso editor-chefe, Robledo Milani, já vem conferindo todo o conteúdo disponível e apresenta cinco dicas.

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The Morning Show (2019-)

O serviço de streaming da Apple+ ainda está engatinhando – foi lançado recentemente, no final de 2019 – mas já apresenta produções de qualidade que certamente devem ser conferidas pelos mais atentos. Entre os títulos disponíveis na plataforma, as dicas de hoje vão para duas séries bastante badaladas. A primeira é The Morning Show, o maior sucesso original da produtora até o momento – não se sabe ao certo quanto ao público, pois os números de acesso não foram divulgados, mas é, certamente, o com maior número de citações nas redes sociais e nas mídias tradicionais, além do reconhecimento das premiações na virada do ano. Com Reese Witherspoon e Jennifer Aniston à frente de um elenco estrelado, a trama se passa nos bastidores de um programa de televisão com altos índices de audiência que é afetado após uma denúncia de assédio sexual relacionada a um dos apresentadores – papel de Steve Carell. A série foi indicada em três categorias no Globo de Ouro, e ganhou o Critics Choice de Melhor Ator Coadjuvante, para Billy Crudup, e o Screen Actors Guild Award de Melhor Atriz em Série Drama para Aniston. Ah, e já foi renovada para uma segunda temporada! Leia a nossa crítica.

 

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Servant (2019-)

Indo por um lado bem diferente, a outra recomendação é para o suspense Servant, que conta entre seus produtores com ninguém menos do que M. Night Shyamalan, o homem por trás de sucessos como O Sexto Sentido (1999) e a saga Eastrail 177. Em dez episódios de meia hora cada, o espectador é apresentado ao casal Turner: Dorothy (Lauren Ambrose, de A Sete Palmos, 2001-2005) é jornalista, enquanto Sean (Toby Kebbell) é um chef que trabalha a maior parte do tempo em casa. Os dois contratam uma babá (Nell Tiger Free, de Game of Thrones, 2015-2016) para o filho recém-nascido, mas há um porém: a criança está morta, e a nova funcionária deverá tomar conta de uma boneca. Tal processo foi recomendado pelo psicanalista da família, como medida terapêutica para a mãe superar a perda recente do filho. Mas como irão lidar quando, após o primeiro dia de trabalho, uma criança de verdade aparece chorando no berçário? Ainda no elenco, destaque para a presença de Rupert Grint, o Ronnie da saga Harry Potter.

 

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O Banqueiro (2020)

Baseado em uma história real, O Banqueiro é o primeiro filme original da Apple+. Chama curiosidade não ser um título estrelado por um astro muito popular (como Adam Sandler) e nem de um gênero específico, como comédia romântica, terror ou aventura adolescente – como são a maior parte das produções originais da Netflix, por exemplo. Por outro lado, o filme do diretor George Nolfi se apoia em dois atores experientes – Anthony Mackie e Samuel L. Jackson – para uma eficiente construção da trajetória de Bernard Garrett e Joe Morris, dois empresários negros que conseguiram driblar as leis racistas vigentes no Sul dos Estados Unidos e se tornaram dois dos homens mais ricos do país – isso, é claro, até que a verdade viesse à tona. Seguindo a linha de títulos recentes, como Luta por Justiça (2019) e o oscarizado Green Book: O Guia (2018), parte de um revoltante episódio de racismo e preconceito para estabelecer relações com o tempo presente e mostrar como a narrativa negra merece ser observada com cuidado. Tanto Mackie quanto Jackson estão muito bem em cena, e a sumida Nia Long, como a esposa do protagonista, também merece um olhar especial. Leia a nossa crítica.

 

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For All Mankind (2019-)

Já renovada para uma segunda temporada de mais dez episódios, prevista para estrear ainda em 2020 (isso se a pandemia do coronavírus permitir, é claro), For All Mankind é ambientada nos mesmos cenários de um filme como O Primeiro Homem (2018), por exemplo: a corrida do homem à Lua. No entanto, ao contrário do filme premiado no Oscar, a série estrelada por Joel Kinnaman não é baseada em fatos – pelo contrário, se passa em uma realidade alternativa, na qual os primeiros a chegarem ao espaço foram os… russos! Assim, os norte-americanos acabam ficando para trás, literalmente, e precisam observar de longe os avanços de um país voltado para o comunismo e o impacto disso no nosso mundo. É curioso observar o outro lado de uma moeda que, ao invés de ter chegado ao seu ápice em 1968, estava, naquela época, apenas começando, dando início a uma inversão de papéis e funções no jogo político global que acaba afetando as mais diversas áreas. Com efeitos visuais impressionantes e um elenco bastante coeso, é um programa que agrada tanto os fãs de teorias conspiratórias como aqueles que apreciam uma boa aventura.

 

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Visible: Out in Television (2020)

Primeira série documental da Apple+, Visible: Out in Television assume para si um importante papel social: resgatar a trajetória de como se deu a representatividade LGBTQ+ na história da televisão norte-americana. Em cinco episódios de mais ou menos uma hora cada, o programa vai desde a chamada ‘era das trevas’ – ou seja, quando o homossexual era sempre o vilão, ou o palhaço, e invariavelmente possuía um triste desfecho – até a ‘nova frente’ atual, quando a inclusão promove o envolvimento das mais diversas orientações – não apenas gays, mas também lésbicas, transexuais, drag queens, assexuados, não binários etc. – tanto na frente como atrás das câmeras. O uso da televisão como ferramenta de conscientização social, a abordagem da grande epidemia da AIDS que mudou o mundo a partir dos anos 1980 e as conquistas feitas passo a passo – o primeiro beijo, o primeiro casal, o primeiro protagonista, o primeiro final feliz – também ganham capítulos especiais. Dirigida por Ryan White (indicado ao Emmy pelos documentários Prop 8: O Casamento Gay em Julgamento, 2014, e The Keepers, 2017), além de apresentar um impressionante trabalho de pesquisa de arquivo, reúne também as mais distintas e relevantes vozes militantes relacionadas ao tema em depoimentos instrutivos e emocionantes, como os roteiristas Dustin Lance Black e Peter Paige, os jornalistas Anderson Cooper e Andy Cohen, os atores Michael Douglas, Neil Patrick Harris, Jonathan Groff, Wilson Cruz, Wanda Sykes, Billy Porter, Lena Waithe, Jane Alexander e Billy Crystal, os diretores Greg Berlanti e Rob Reiner, as apresentadoras Oprah Winfrey e Ellen DeGeneres, os músicos Adam Lambert e Rufus Wainwright, o escritor Armistead Maupin, o atleta olímpico Adam Rippon e mais um sem número de celebridades. Imperdível!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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