Para quem procura principalmente séries, o Fox Premium traz boa variedade de séries cômicas, dramáticas, infantis e de terror. Além disso, existem documentários originais – incluindo alguns títulos indicados ao Oscar – e grandes produções de Hollywood introduzidas no catálogo da Fox. A seleção abaixo também lembra a existência de algumas boas séries brasileiras para quem busca algo sobre nossa realidade.

Dando continuidade às matérias do Papo de Cinema com as melhores pedidas de cada serviço de streaming, listamos abaixo oito títulos preferidos da nossa redação, dos mais diversos gêneros, para ajudar na quarentena de quem tem a possibilidade de ficar em casa durante a pandemia de Covid-19.

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Robledo Milani (Editor-chefe)
The Cave (2019) / This Is Us (2016-2020)

O Fox pode ser uma das maiores players do mercado de streaming nos Estados Unidos, mas no Brasil não chega a atingir a mesma popularidade. É uma pena, pois o acervo deles é imenso, além de contar também com um bom número de conteúdos originais. Entre os destaques recentemente liberados na plataforma é o documentário The Cave, que foi produzido pelo canal National Geographic – um dos tantos ‘selos’ do estúdio, destinado a documentários. Indicado ao Oscar 2020, ficou inédito nos cinemas brasileiros, mas ganhou mais de uma dezena de prêmios pelos festivais por onde passou no ano passado, como em Toronto, na Associação Internacional de Documentários e no Critics Choice Documentary Awards. Tamanho impacto se deve também à urgência do tema abordado: o dia a dia de um hospital subterrâneo – a tal ‘caverna’ do título – em uma Síria em pleno estado de guerra, sendo constantemente bombardeada. Tenso do início ao fim, é uma verdadeira aula de cinema – e de humanismo também. Leia a nossa crítica.

A outra dica também aposta na emoção, mas num registro ficcional: a série This Is Us, que já se encontra atualmente na quarta temporada. Premiada no Globo de Ouro e no Emmy, narra a história de amor de um casal e seus três filhos pequenos, ao mesmo tempo em que acompanha os acontecimentos dessa mesma família, décadas depois, com as crianças já adultas, e mãe casada com um outro homem e o pai… falecido! E o que teria acontecido entre uma época e outra? E como os laços entre todas estas pessoas, que tanto bem se querem, podem ter se alterado ao longo dos anos? Criada por Dan Fogelman, diretor de filmes como Não Olhe Para Trás (2015) e A Vida em Si (2018), conta no elenco com nomes conhecidos, como Milo Ventimiglia, Mandy Moore, Sterling K. Brown, Chrissy Metz e Justin Hartley.

 

Marcelo Müller (Editor)
Neruda (2016) / Sangue Negro (2007)

O chileno Pablo Larraín é um dos principais nomes de uma geração de realizadores que, relativamente há pouco tempo, há cerca de uns 20 anos, recolocou a América Latina num merecido posto de destaque dentro do cenário cinematográfico mundial. Estudando um pouco melhor sua obra, vê-se uma inclinação por diálogos com a realidade, com fatos e personalidades históricos. Curioso notar que no mesmo ano, o de 2016, ele lançou cinebiografias distantes do convencional de Jacqueline Kennedy (Jackie) e de Pablo Neruda (Neruda). Este retrata o poeta sendo perseguido no final dos anos 40, com o protagonismo recaindo sobre um inspetor sisudo encarregado de encarcerar um dos artistas mais importantes do Chile, então contrário às políticas dos mandatários da época. O que importa a Larraín não são necessariamente os acontecimentos, mas seus efeitos, dos imediatos aos duradouros, num diálogo criativo com a História. Há quebras da lógica espaço-temporal, vide os diálogos contínuos travados em lugares e cronologias distintas, algo que ajuda no processo de ressaltar o artista como poesia e o homem da lei enquanto manifestação da truculência. Um belíssimo filme disponível no catálogo do Fox Premium. Leia a nossa crítica.

Um dos mais elogiados filmes do cineasta norte-americano Paul Thomas Anderson, Sangue Negro é um mergulho nas entranhas da ganância desmedida. O personagem de Daniel Day-Lewis é um mineiro pé-de-chinelo e inescrupuloso que aproveita a oportunidade para capitalizar sobre os poços que jorram petróleo na Califórnia. Indicado a nada menos do que oito Oscar, Sangue Negro é um painel amplo de diversos elementos perceptíveis do substrato da sociedade norte-americana, mas está longe de ser uma denúncia panfletária, embora conserve sua intensidade latente. A obscuridade desse personagem é equivalente à sua riqueza, ou seja, quanto mais endinheirado fica por conta da substância extraída do solo, menos se importa com o bem comum ou os anseios daqueles que o rodeiam. Os embates com o jovem pastor vivido brilhantemente por Paul Dano deixam ainda mais evidente essa sombra que cresce até consumir o homem e fazê-lo refém da própria avareza. Paul Thomas Anderson cria, para muitos, um sério candidato a clássico moderno da cinematografia estadunidense, combinando com peculiar competência uma grandiosidade alusiva à concepção coletiva dos Estados Unidos e a um estado intimamente corroído pelas sementes que germinam ao serem regadas com o sumo da desigualdade. Outro belíssimo filme disponível no catálogo do Fox Premium.

 

Bruno Carmelo (Editor)
Rotas do Ódio (2018 – ) / Trust (2018)

O canal Fox, em parceria com a Universal TV, tem produzido diversas séries brasileiras de qualidade, a exemplo de Rotas do Ódio. Enquanto muitos projetos partem da criminalidade para criar um mundo empolgante de assassinos sanguinários e policiais justiceiros (às vezes reforçando estereótipos sociais), a história criada pela cineasta Susanna Lira prefere buscar personagens mais ambíguos ao redor de uma delegacia de combate a crimes de ódio. Mayana Neiva desempenha um bom trabalho como a delegada Carolina, que a série evita converter em heroína ou em mártir da luta contra a intolerância. O elenco também traz outros nomes de destaque como Marat Descartes, Antonio Saboia e Renata Peron.

Em 2018, o Fox Premium deu início a um de seus projetos mais ambiciosos daquele ano, mirando a temporada de premiações. Trust relata a crise familiar dos Getty, um dos grupos mais abastados dos Estados Unidos, e controlado a mão de ferro pelo patriarca (Donald Sutherland, excelente e transbordando ironia em cada diálogo). Quando o neto e herdeiro da fortuna, John Paul Getty III (Harris Dickinson) é sequestrado, a estrutura familiar entra em colapso – algo que já se anunciava devido ao apreço do magnata pelo jovem hippie sem qualquer vocação para os negócios. Talvez a série não tenha conquistado todos os prêmios desejados, mas representa um ótimo estudo das relações de poder e manipulações familiares quando o dinheiro está envolvido. A direção fica por conta de Danny Boyle (Trainspotting: Sem Limites, 1996, Quem Quer Ser um Milionário?, 2008), o que significa que a exuberância visual está garantida.

 

Victor Hugo Furtado (Redator)
The Young Pope (2016) / Feud (2017)

Se você gostou da forma leve e descontraída que Fernando Meirelles empregou na construção do elogiado Dois Papas (2019), vai amar a trama de The Young Pope (2016). Aqui, temos o Pontífice americano Lenny Belardo, que é, não só diferente de seus antecessores, mas também o mais disposto a afrontar as diversas liturgias da Igreja Católica Apostólica Romana. Com uma trilha sonora que homenageia grandes clássicos do rock’n’roll, gigantesca coragem do realizador Paolo Sorrentino ao remexer o vespeiro dos conservadores e uma interpretação que rendeu a Jude Law uma indicação ao Globo de Ouro, somos mais do que obrigados a embarcar nessa louca empreitada vencedora do Troféu Mimmo Rotella no Festival de Veneza 2016.

Katy Perry x Taylor Swift, Schwarzenegger x Stallone e Lars von Trier x Björk parecem desavenças de crianças no parquinho frente a maior rivalidade que Hollywood já viu: Bette Davis x Joan Crawford. Essa treta está representada pelas premiadas atrizes Jessica Lange e Susan Sarandon em Feud (2017), que explora parte a briga de egos de duas das maiores estrelas da Era de Ouro do cinema norte-americano – mais precisamente durante as gravações de O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, de 1962. Na época, ambas já haviam vivido seus melhores anos – em lados opostos – e precisam lidar com seus temperamentos para o bem de um projeto conjunto. Temas como o envelhecimento, mulheres na indústria do entretenimento e serviço minuciosos de figurino configuram essa série limitada como uma das melhores dos últimos anos.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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