Onda Nova :: Filme brasileiro censurado nos anos 1980 volta aos cinemas com cópia restaurada

Onda Nova (1983) é outro dos filmes brasileiros que está prestes a ter um retorno triunfante às telonas numa cópia completamente restaurada e remasterizada. Depois de ser exibida no Festival de Locarno 2024 e na Mostra SP 2024, essa nova versão do longa-metragem chegará aos cinemas no primeiro trimestre de 2025. Seguindo a trilha de Corisco & Dadá (1996), marco da Retomada atualmente em cartaz com uma cópia em 4k, Onda Nova promete conquistar um público novo e atender aos saudosistas.

Em Onda Nova, a vida conturbada de jovens garotas que acabaram de fundar o Gaivotas Futebol Clube, time de futebol feminino. Ao decorrer dos fatos, se constrói uma imagem sobre a juventude paulistana dos anos 1980. Dirigido por José Antonio Garcia e Ícaro Martins, o longa é estrelado por Carla Camurati, Tânia Alves, Patrício Bisso, Vera Zimmermann, Cristina Bolzan, Regina Casé, Cida Moreira e Cristina Mutarelli.

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ONDA NOVA E A DITADURA

Onda Nova foi atrapalhado pelos desmandos da ditadura instaurada no Brasil entre 1964 e 1985, assim como vários outros filmes dos anos 196/70/80. Depois de sua primeira exibição na 7ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ele foi proibido pela Censura do regime então vigente e apenas pode ser lançado quase um ano depois, o que prejudicou bastante a sua carreira comercial. Em plena ditadura, o filme falava sobre mulheres desafiando a moral sobre gênero e sexualidade, além de trazer participações de jogadores do Corinthians, como Casagrande e Wladimir, alguns dos fundadores da célebre Democracia Corinthiana.

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“É um filme onde o desejo assume o protagonismo, define e conduz as personagens e a narrativa. Mesmo não tratando diretamente de política, ao colocar o desejo como afirmação de identidade e de vida, Onda Nova é a própria negação da ditadura vigente na época. Por isso a censura não foi apenas a uma cena ou outra, mas ao filme inteiro. Foi considerado ‘imoral’ e interditado integralmente”, conta Martins.

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Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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