Há várias obras de ficção nas telas do cinema retratando hackers. Mas, será que o que os filmes mostram é condizente com a realidade? Quais as principais diferenças entre os hackers dos filmes e os criminosos cibernéticos da vida real?
Como a ficção retrata os hackers
Há uma série de títulos que falam diretamente sobre hackers, segurança cibernética e ataques diversos – ou que ao menos citam estes temas. Vamos conferir uma lista com os filmes mais populares sobre o tema e quais as principais diferenças entre o que eles retratam e como ataques reais acontecem.
A Senha: Swordfish
Em A Senha: Swordfish, o personagem interpretado por John Travolta (Gabriel Shear) obriga o personagem de Hugh Jackman (Stanley Jobson) a invadir o sistema do Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 60 segundos. Na tela, vemos Stanley usando vírus com representações 3D bem apelativas e tentativas de autenticação.
É claro que vírus reais não funcionam assim e que realizar uma invasão contra um órgão como o Departamento de Defesa dos Estados Unidos é algo muito mais complexo do que abrir uma tela e tentar inserir senhas em um login.
A Força em Alerta 2
Com o título original de Under Siege 2: Dark Territory, Travis Dane, interpretado por Eric Bogosian, é um hacker que lidera uma organização terrorista internacional. No filme, tudo o que Travis precisa para invadir um computador é um gigabyte de memória. Não há nenhuma explicação para este processo, ele só usa essa quantidade de memória e, pronto, consegue invadir um computador.
Na vida real, invadir um dispositivo ou sistema não é uma questão apenas de memória, seja ela física ou RAM. São processos que envolvem vulnerabilidades e diferentes ferramentas e métodos, e um criminoso real (principalmente um chefe de uma organização internacional) precisaria fazer muito mais esforço do que o que vemos no personagem interpretado por Eric.
Hackers
O filme é uma das piores representações sobre o universo da segurança cibernética. Dade Murphy (interpretado por Jonathan Lee Miller) é um hacker bastante profissional, mas o que vemos não tem nada a ver com profissionalismo: processos que se parecem visualmente com games, representações 3D de “vírus” que até dão alertas sonoros de “help!” quando sofre alguma sabotagem são um pouco do que é mostrado no filme.
Como o filme foi exibido em 1995 e o universo da segurança cibernética e a temática dos hackers ainda era algo bastante desconhecido do público em geral, as aberrações do filme passam desapercebidas – mas, hoje, até para quem não é especialista fica fácil observar os absurdos.
007 Contra GoldenEye
Os filmes da franquia de 007 são excepcionais em termos de ação, mas falham muito quando se trata de segurança cibernética. Em 007 Contra GoldenEye, o hacker Boris Grishenko (interpretado por Alan Cumming) parece mais jogar vídeo game (pelo visual do que passa na tela) do que, necessariamente, realizar ataques cibernéticos.
Ele só precisa digitar o comando “send spike” para, por exemplo, invadir o sistema de um computador. Na vida real, é preciso muito mais que um simples comando para entrar em um sistema e explorar uma vulnerabilidade.
Mr. Robot
Esta série pode ser usada como um exemplo positivo de ficção que retrata segurança cibernética e hackers.
O protagonista Elliot Alderson (interpretado por Rami Malek) é um engenheiro de segurança cibernética que sofre de depressão e de transtorno de ansiedade social, e que acaba participando de uma organização chamada Fsociety, que o recruta para que ele possa sabotar uma empresa suspeita de atividades criminosas.
A série foi bem recebida por especialistas do ramo por retratar as atividades de forma mais realista e condizente com o que elas realmente são, além de mostrar questões sobre ética na profissão de hackers e, claro, sobre transtornos psicológicos que ainda são tabu.
O que meu IP tem a ver com hackers?
Quando cyber criminosos acessam seu IP, eles acessam a identificação da sua conexão e, com ela, podem descobrir sua localização geográfica e outras informações pessoais sensíveis.
Quando você altera seu endereço de IP (conectando-se a outros servidores disponibilizados por uma VPN, por exemplo), você dificulta a identificação das suas informações reais de localização e, assim, torna a vida destes cyber criminosos muito mais difícil.
Resumo
As obras de ficção devem ser encaradas justamente como o que são, ficção. Filmes, em geral, querem entreter os espectadores e nem sempre o elemento de realidade será observado. Segurança cibernética envolve inúmeros elementos e fatores, vários deles bastante complexos. Invadir um sistema ou uma rede é algo que exige muito esforço. Telas que se parecem com games, efeitos 3D e pessoas frenéticas digitando rápido no teclado representam muito pouco ou nada desta complexidade.
Há séries e filmes que têm mais compromisso em unir entretenimento e um mínimo de realidade e vale a pena dar audiência se você realmente quiser representações que levam a sério os elementos de segurança cibernética. Se este não é um problema e você só quer entretenimento, diversão e muitas explosões, dá para ignorar as produções que são mais absurdas neste sentido.
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