Em 28 de fevereiro de 2021, quando a cineasta Chloé Zhao venceu o Globo de Ouro de melhor diretora por Nomadland (2020), a imprensa chinesa festejou o sucesso de uma representante local na indústria norte-americana. No último domingo, quando a diretora levou a estatueta de melhor direção no Oscar, a resposta da imprensa em seu país foi o silêncio total.
A mudança de atitude ocorre porque foi encontrada na Internet uma entrevista de Zhao ao pequeno New York Quaterly, quase dez anos atrás, quando ela discutia seu primeiro longa-metragem, Songs My Brothers Taught Me (2015). Na conversa, de pouca repercussão na época, a diretora afirma que a trama tira a sua inspiração “de quando eu era adolescente na China, estando num lugar onde existem mentiras por todos os lados”.
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Especial :: Oscar 2021
O comentário bastou para que a mídia se calasse sobre a artista, enquanto pedidos de boicote a Nomadland se multiplicaram nas redes. Em consequência, a data de estreia do drama, previsto inicialmente para 23 de abril, foi suspensa. Outro filme em competição este ano incomodava o governo chinês: Do Not Split, curta-metragem documentário sobre os protestos pela liberdade de Hong Kong em relação ao poder continental.
Assim, o Oscar 2021 não foi exibido ao vivo no país. Nos últimos anos, a censura governamental permitia a exibição simultânea da cerimônia, sujeita a censura ao vivo, com trechos ocultados ou borrados, caso alguma fala ou imagem desagradasse o regime.
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