Mais uma categoria que pode entrar para história da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood! Caso a favorita se confirme e leve o ouro para casa, será apenas a terceira vez em mais de 90 anos da premiação que um mesmo personagem renderá estatuetas para dois intérpretes diferentes – e os dois anteriores foram masculinos: Don Vito Corleone, que foi premiado pelas interpretações de Marlon Brando, em O Poderoso Chefão (1972), e de Robert De Niro, em O Poderoso Chefão II (1974), e o desajustado Coringa, vivido por Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e por Joaquin Phoenix em Coringa (2019). Será que a Anita de Amor, Sublime Amor entrará para essa lista de imenso prestígio? O caminho para sua consagração parece bastante aberto, sem nenhuma concorrente aparentando lhe fazer qualquer ameaça. Por outro lado, cantar vitória antes do tempo também pode ser prejudicial. Enfim, as expectativas são altas. Confira as nossas apostas!
INDICADAS
- Jessie Buckley, por A Filha Perdida
- Ariana DeBose, por Amor, Sublime Amor
- Judi Dench, por Belfast
- Kirsten Dunst, por Ataque dos Cães
- Aunjanue Ellis, por King Richard: Criando Campeãs
FAVORITA
Ariana DeBose, por Amor, Sublime Amor
A novata Ariana DeBose – essa é a primeira indicação dela ao Oscar, seu quinto longa, o segundo apenas a ser lançado no Brasil e o primeiro a ganhar exibição nos cinemas – é a grande chance do aclamado Amor, Sublime Amor sair com ao menos uma vitória da premiação deste ano (indicado em sete categorias, tem nessa a única em que aparece como favorito). Anita, a jovem porto-riquenha que se mudou para Nova Iorque em busca de melhores condições de vida, rendeu a cobiçada estatueta dourada para a interpretação de Rita Moreno no clássico Amor, Sublime Amor (1961), e tem tudo para ver o mesmo se repetir com DeBose. Tanto que até o momento a jovem atriz já ganhou o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Atores, além dos troféus das associações de críticos de Dallas-Fort Worth, Denver, Detroit, Florida, Georgia, Las Vegas, Los Angeles, Nova Iorque (online), Phoenix, Portland e Seattle. Isso sem esquecer das indicações ao Bafta e ao Critics Choice, que ainda podem resultar em vitória. Ou seja, tem tudo para ganhar também junto aos votantes da Academia. E será mais do que merecido!
AZARÃO
Kirsten Dunst, por Ataque dos Cães
Assim como DeBose, Kirsten Dunst também está em sua primeira indicação ao Oscar. Porém, ao contrário da colega, está longe de poder ser considerada uma “novata”. Às vésperas de completar 40 anos, com apenas 12 anos já chamou atenção de todo o mundo como a pequena Claudia de Entrevista com o Vampiro (1994), que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro. Por Melancolia (2011) foi considerada a Melhor Atriz do ano pela Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e no prestigioso Festival de Cannes, e como parte do elenco de Estrelas Além do Tempo (2016) foi reconhecida, ao lado de suas colegas, no National Board of Review e no SAG Award. Faltava, como se percebe, esse agrado da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que pode ter vindo tardio, mas em ótima hora. Como a viúva Rose Gordon, Dunst demonstra ternura, ao lado do filho e do novo marido, mas também desespero, nos confrontos com o cunhado, em uma composição complexa que é um dos destaques de Ataque dos Cães, o campeão de indicações nesse ano. Premiada pelos críticos de Atlanta, Austin, Boston (online), Dakota do Norte, Oklahoma, Phoenix, São Francisco e Southeastern, tem talento, histórico e o filme certo para tal reconhecimento. O que falta, então? Talvez nada – ou uma competição menos acirrada.
NEGAÇÃO
Judi Dench, por Belfast
Como assim uma veterana em sua oitava indicação, premiada por Shakespeare Apaixonado (1999), pode ser considerada a “negação” da vez? Talvez pelo fato dela ter sido completamente ignorada por esse desempenho durante toda a temporada de premiações do ano. Não foi indicada ao Bafta (o ‘Oscar’ inglês, sua terra natal), não estava entre as finalistas do Critics Choice, foi esnobada pelo Globo de Ouro e, na premiação do Sindicato dos Atores, concorreu apenas como Elenco, no coletivo, tendo ficado de fora dessa categoria específica. Os únicos a lembrarem de sua atuação foram os menos relevantes Satellite, British Independent Film e AARP Movies for Grownups – sem ter sido premiada em nenhum dos casos. Nem mesmo uma única associação regional de críticos pareceu se importar com sua composição como Granny, a avó do protagonista de Belfast, uma presença segura, porém pouco decisiva em sua jornada. Como explicar a indicação, portanto? Apenas seu imenso carisma e o gigantesco apreço que seus colegas votantes da Academia têm por ela – que deram, aqui, uma prova contundente do quanto a admiram. Um gesto de carinho, mas não mais do que isso.
ESQUECIDA
Caitriona Balfe, por Belfast
Curiosamente, Judi Dench acabou figurando entre as finalistas do Oscar derrubando uma colega do próprio elenco. Ao contrário da consagrada atriz, Caitriona Balfe esteve presente em quase todas as listas de melhores do ano dessa temporada – o que torna ainda mais inexplicável a sua exclusão aos 45 do segundo tempo! Como Ma, a mãe do protagonista de Belfast, aquela responsável pela educação do jovem rapaz e a que sempre está ao seu lado nos momentos de dúvida e excitação, Balfe foi lembrada no Bafta, Critics Choice, Globo de Ouro, SAG Award e premiada pelos críticos de Iowa e de San Diego – nesses últimos, no entanto, ganhou como “Melhor Atriz do Ano” (e não como coadjuvante), o que talvez seja um indício da sua eliminação: teriam os votantes se dividido entre os que a consideraram protagonista e os que a viram num papel de suporte? Parece ser a única explicação possível para essa ausência completamente injustificada.
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