Talvez a maior surpresa dessa categoria em 2022 seja a completa ausência de um concorrente da Disney! Aliás, dos 15 títulos pré-selecionados, apenas um era da Casa do Mickey. Sinal que estão perdendo a força? Pouco provável – afinal, na categoria-irmã, a de longas de animação, nada menos do que três dos cinco finalistas são da Disney (ou da Pixar, que foi comprada por eles há alguns anos). Então, sem os tradicionalmente favoritos na disputa, sinal de que a corrida está em aberto? Também não é bem assim. Afinal, dos cinco concorrentes, apenas um está também indicado ao Annie Awards – premiação que é considerada o “Oscar” do gênero. Ou seja, assim fica meio fácil adivinhar quem tem mais chances, não é mesmo? Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. Afinal, quando se trata de produções mais experimentais e menos voltadas ao mercado consumidor, como os curtas-metragens, qualquer fator, por menor que seja, pode acabar fazendo a diferença. Confira as nossas apostas!
INDICADOS
Bestia
Dos cinco finalistas da categoria, o único indicado também como “Melhor Curta de Animação” no Annie Awards (o ‘Oscar’ da animação) é o filme escrito e dirigido pelo chileno Hugo Covarrubias – o curioso é que os outros quatro concorrentes do Annie nem na pré-seleção do Oscar estavam! Premiado também no Festival de Annecy (o mais importante do gênero em todo o mundo) e na Berlinale (um dos mais conceituados para o cinema em geral), foi reconhecido também em eventos como o ANIMA (Argentina), Bucheon (Coreia do Sul), Clermont-Ferrand (França), Guadalajara (Mexico), Tallinn Black Nights (Estônia) e até no FAM, aqui no Brasil! Realizado através da técnica de stop motion, conta a história de Ingrid, uma funcionária do Instituto de Inteligência do Chile e a relação com seu cachorro, seu corpo, seus medos e frustrações, como espelho de uma personalidade e de uma nação fraturada. Provavelmente, não é um daqueles filmes de “aquecer o coração”, indicado sem reservas para qualquer tipo de público. Mas, para aqueles dedicados a descobri-lo, aqui encontrarão uma obra original e corajosa, que deve ter sua força e coragem recompensada pela Academia.
A Sabiá Sabiazinha
Antes mesmo do início da história, dois selos presentes nos créditos de abertura colocam essa produção como uma das favoritas. Primeiro, o da produtora Aardman, responsável pela realização e já diversas vezes premiada pela Academia (ganhou com o longa Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais, 2005, e com o curta Creature Comforts, 1989, entre outros). Depois, temos o fato de que esse é o único dos concorrentes distribuído pela Netflix – sim, pode ser conferido, inclusive no Brasil, na plataforma da gigante do streaming. Assim, como provavelmente será o mais visto dos cinco indicados, e vem de realizadores com os quais os votantes já estão acostumados, investir nele não parece uma escolha tão absurda, certo? E sua trama, se não ofende, também não surpreende pela originalidade: trata-se de uma releitura do clássico O Patinho Feio, com uma sabiá que é criada por uma família de rato e precisa se descobrir como pássaro para encontrar o verdadeiro sentido do Natal (ou quase isso). É bonitinho, claro. Mas também muito ordinário. Se ganhar, será muito mais uma aposta no óbvio do que na ousadia.
The Windshield Wiper
Em categorias como essa, é difícil falar em quem tem “mais ou menos chances”. Afinal, são todos desconhecidos do grande público (ou a maioria, ao menos), e como não há muita campanha envolvida, a tendência dos votantes pode mudar bastante. Dito isso, essa produção espanhola falada em romeno parece ser a mais obscura dentre as finalistas. O protagonista é um filósofo perdido em seus pensamentos, refletindo sobre as expectativas da vida e sua solitária existência através de uma série de vinhetas, algumas encantadoras, outras nem tanto. De pouca circulação, passou meio que ao largo nessa temporada de premiações – não foi lembrado por nenhum grande evento ou cerimônia nos Estados Unidos – e concorreu apenas no Festival Internacional de Valladolid, na Espanha, de onde saiu de mãos abanando (perdeu justamente para Affairs of the Art, de Joanna Quinn, também indicado ao Oscar). Ou seja, parece ser o típico caso de que a mera inclusão por aqui já foi uma vitória e tanto. E não deve ir muito longe disso.
Juntos Novamente
Apesar do pouco destaque recebido pré-Oscar, causou espanto que o filme escrito e dirigido por Zach Parrish não tenha aparecido entre os finalistas. E sabe por quê? Pois esse era o único dos pré-indicados a ter sido produzido pelos Estúdios Disney (no Brasil, pode ser visto na plataforma de streaming Disney +). Indicado ao Hollywood Critics Association e ao Image Awards, conta a história de um casal de idosos que, sob a chuva, acabam recuperando a vivacidade da juventude de um modo bastante mágico. Produzido para ser exibido junto com Raya e o Último Dragão (2021) nos cinemas, teve seu lançamento no início de março de 2021 – o que pode explicar o seu “esquecimento” (afinal, faz quase um ano, certo?). Mesmo assim, entre os demais presentes na pré-lista, havia ainda outros fortes prováveis concorrentes, como The Shaman’s Apprentice, premiado nos festivais de Annecy e Ottawa, Maman Pleut des Cordes, também indicado ao Annie e premiado em Annecy, e Souvenir Souvenir, que ganhou o Annie em 2021 e foi premiado no Festival de Sundance.
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