Ao contrário do que se verificou em anos anteriores, nenhum dos cinco concorrentes desta categoria é produzido e/ou distribuído pela Netflix ou por nenhuma outra popular plataforma de streaming. Ou seja, o acesso a eles não está tão facilitado como já se verificou em outras edições da premiação. Um dos títulos, no entanto, possui uma carta na manga bastante forte a seu favor: é produzido e estrelado por um grande astro de Hollywood – que, aliás, foi indicado como Melhor Ator no ano passado! Ou seja, se for para assistir a apenas um dos indicados, por que não começar por esse? Debatendo temas como o avanço da extrema-direita no cenário político mundial,
INDICADOS
The Long Goodbye
Riz Ahmed é o protagonista e co-roteirista de The Long Goodbye, curta de apenas 13 minutos dirigido por Aneil Karia, cineasta responsável pelo thriller Surto (2020) e por séries como Lovesick (2018) e Top Boy (2019). Ainda que a carreira do filme dos dois não seja das mais impressionantes, ganhou o British Independent Film Awards e foi premiado nos festivais de Palm Springs e South London, além de ter sido reconhecido ainda como melhor do gênero pelo círculo de críticos de Londres. A trama fala de um rapaz, chamado Riz (o próprio Ahmed) que, ao lado de sua família, está em um dia típico em casa, enquanto uma marcha de ativistas conservadores é exibida pela televisão, até o momento em que acabam batendo na porta da residência. O encontro acaba levando a resultados devastadores. O conteúdo político talvez possa ser visto como forte demais para alguns votantes da Academia. Porém, por outro lado, talvez seja o tipo de provocação que justamente se faça necessária em momentos como os de hoje.
Ala Kachuu: Take and Run
Ao contrário da carreira da maioria dos demais competidores, a do filme escrito e dirigido por Maria Brendle é bastante impressionante. Para se ter uma ideia, o curta foi premiado em todos os mais de vinte festivais ao redor do mundo onde foi selecionado. De Boston ao Chipre, de Cleveland a Moscou, de Sydney a Estocolmo, de Toronto a Rhode Island, de Vancouver a Pittsburgh: por onde foi exibido, Ala Kachuu: Take and Run saiu com importantes reconhecimentos. Por que, então, não é o favorito? Pois lhe falta um rosto conhecido no elenco, alguém capaz de despertar a curiosidade dos votantes. A narrativa conta a história de Sezim (Alina Turdumamatova), uma jovem do Quirguistão que é sequestrada pela própria família e obrigada a se casar com um homem que nem conhece, tudo em nome da tradição local. De forte potencial dramático, é um tema que certamente deverá comover os mais sensíveis. Mas será o suficiente para lhe garantir o ouro hollwyoodiano?
On My Mind
Esse é o título com a carreira menos expressiva dentre os cinco indicados. O curta dinamarquês escrito e dirigido por Martin Strange-Hansen ganhou apenas o prêmio do público no Festival de Curtas-metragens de Flensburg, na Alemanha. E não selecionado – e muito menos premiado – em mais nenhum evento ou premiação. Como foi parar no Oscar, então, permanece um mistério. A história tem como protagonista Henrik (Rasmus Hemmerich, da série The Rain, 2018-2020), um homem comprometido a cantar uma música para sua esposa. Mas não em qualquer dia ou horário: precisa ser hoje, e agora. No final das contas, tudo se resume a uma questão de vida e morte, e karaokê. Com bom humor, talvez até seja possível encontrar alguma graça. Mas longe de uma comoção capaz de merecer a cobiçada estatueta dourada da Academia.
Seiva Bruta
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood costuma divulgar, algumas semanas antes do anúncio dos seus indicados, listas com pré-selecionados para algumas categorias. Ou seja, é um segundo corte, das dezenas e até mesmo centenas de possibilidades, antes de chegar aos 5 finalistas. Em melhor curta-metragem de ficção, 15 títulos passaram nessa etapa. E entre os dez que ficaram de fora, havia Seiva Bruta (também conhecido como Under the Heavens), um drama de apenas 17 minutos dirigido pelo brasileiro Gustavo Milan. Formado em Paris e atualmente morando em Nova York, o cineasta ganhou o prêmio de Melhor Curta Latino-Americano no Directors Guild of America Student Awards, além de reconhecimentos obtidos no HollyShorts Film Festival e no Short Shorts Film Festival & Asia. Estrelado por Luiz Carlos Vasconcelos, o filme conta a história de Marta (Samantha Castillo, de Pelo Malo, 2013), uma jovem mãe venezuelana que decide imigrar para o Brasil. Seria uma bela oportunidade de termos o nosso sotaque e nossos cenários na maior festa do cinema mundial. Infelizmente, não foi dessa vez.
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