Apenas dois dos cinco indicados nesta categoria concorriam também ao Writers Guild of America Awards, a premiação do sindicato dos roteiristas de Hollywood, que em outros anos foi considerado um dos mais importantes precursores ao Oscar. Amor, Sublime Amor, O Beco do Pesadelo e tick, tick… BOOM! saíram de cena abrindo espaço para A Filha Perdida, Ataque dos Cães e Drive My Car. A dúvida que poderia surgir é: porque estes não conseguiram uma vaga entre os favoritos dos roteiristas? Por estes não os considerarem “bons” o suficiente? Não, pelo contrário. A razão é muito mais óbvia – e burocrática: como se trata de um reconhecimento oferecido por uma associação, somente os membros da mesma poderiam ser indicados. Maggie Gyllenhaal tem uma longa carreira como atriz (faz parte do sindicato dos atores, por exemplo), mas este é seu primeiro trabalho como roteirista. Já a neozelandesa Jane Campion e os japoneses Ryûsuke Hamaguchi e Takamasa Oe também não são associados, por serem de outros países. Assim, o escolhido do WGA até ganhou um gás, mas seria o suficiente para ser considerado o “favorito”? Confira as nossas apostas!
INDICADOS
- No Ritmo do Coração, de Siân Heder
- Drive My Car, de Ryûsuke Hamaguchi, Takamasa Oe
- Duna, de Jon Spaiths, Denis Villeneuve, Eric Roth
- A Filha Perdida, de Maggie Gyllenhaal
- Ataque dos Cães, de Jane Campion
FAVORITO
Ataque dos Cães, de Jane Campion
É triste perceber como o entusiasmo por Ataque dos Cães vem diminuindo com o passar das semanas, e quanto mais perto se chega da data da premiação – os vencedores do Oscar serão revelados no próximo domingo, 27 de março – menor parecem as chances de vitória do filme em diversas categorias. Com o anúncio dos vencedores do PGA – o Sindicato dos Produtores do Hollywood – e a escolha de No Ritmo do Coração, já há os apressados que arriscam dizer que o longa de Jane Campion irá ganhar apenas como Melhor Direção, apesar de contar com 12 indicações ao todo! Se isso acontecer, no entanto, será um absurdo. Pois a cineasta, premiada com a cobiçada estatueta dourada pelo roteiro original de O Piano (1993), tem tudo para ser bem-sucedida também por aqui. Vencedora do Critics Choice, levou também os troféus dos críticos de Boston (online), Chicago, Chicago (indie), Columbus, Dallas-Fort Worth, Denver, Detroit, Dublin, Florida, Georgia, Greater Western New York, Houston, Las Vegas, Minnesota, Nova York (online), Carolina do Norte, Oklahoma, Filadélfia, Phoenix, Portland, San Diego, São Francisco, Southeastern e Washington, além de ter somado indicações ao Globo de Ouro e Bafta, entre tantos outros. Ou seja, é o filme mais premiado do ano nesse quesito. E se o mesmo acontecer no Oscar, será mais do que justo.
AZARÃO
No Ritmo do Coração, de Siân Heder
Diretora e roteirista conhecida pelo drama Tallulah (2016) e por séries como Orange is the New Black (2018) e Little America (2020), Siân Heder garantiu sua primeira indicação ao Oscar justamente pelo enredo de No Ritmo do Coração. Por este trabalho, ganhou o reconhecimento do Sindicato dos Roteiristas – mas, como dito acima, a concorrência era mais fraca, uma vez que seus principais competidores sequer foram indicados por não fazerem parte dos associados. Mas não foi mera obra do acaso: Heder levou ainda o Bafta, o Hollywood Critics Association e os prêmios dos críticos do Havaí e de Utah. Parece pouco, mas talvez seja o suficiente para lhe garantir o ouro hollwyoodiano. Se não merecido, ao menos também não será um disparate.
NEGAÇÃO
Duna, de Jon Spaiths, Denis Villeneuve, Eric Roth
Maggie Gyllenhaal, pelo roteiro de A Filha Perdida, ganhou o Film Independent Spirit e o Gotham (as duas principais premiações do cinema independente norte-americano), além de ter levado pra casa o Leão de Prata no Festival de Veneza. Já Ryûsuke Hamaguchi e Takamasa Oe, pelo roteiro de Drive My Car, conquistaram o reconhecimento da Sociedade Nacional dos Críticos dos EUA e das associações regionais de Los Angeles, Londres, Indiana, Boston, Austin, Seattle e Toronto, além de terem recebido o troféu correspondente no Festival de Cannes. Ou seja, ambos chegam na disputa com credenciais de peso, e não podem ser desconsiderados. Mas o que sobra para o time de Duna? É a primeira indicação nessa categoria tanto de Jon Spaihts quanto de Denis Villeneuve. Eric Roth, por outro lado, é outra história: essa é a sua sétima indicação, sendo que ganhou pela primeira, por Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994). Neste ano, porém, apesar do roteiro do filme ter concorrido ao Bafta, Critics Choice, ao WGA e em diversas associações regionais, vitória de fato não conseguiram em absolutamente nenhum lugar. Ou seja, é aquele candidato de prestígio, mas sem força alguma para superar os demais. O que não deixa de ser uma lástima.
ESQUECIDO
Amor, Sublime Amor, de Tony Kushner
Dono de duas indicações ao Oscar – ambas parcerias com Steve Spielberg, em Munique (2005) e em Lincoln (2012) – Tony Kushner ainda está à espera de uma vitória no Oscar. Que muito bem poderia lhe ter vindo pelo impressionante trabalho realizado em revigorar Amor, Sublime Amor! Afinal, ele não apenas partiu da base de um musical clássico, mantendo sua aura mágica, ao mesmo tempo em que tornou sua trama muito mais contemporânea e urgente. Não por acaso, foi indicado ao Critics Choice e ao WGA, além de ter marcado presença também nas premiações dos críticos de Washington, St. Louis, Southeastern, New Mexico, Las Vegas, Indiana, Greater Western New York, Georgia, Florida, Columbus e Chicago! Porém, vitória, mesmo, conseguiu apenas junto aos críticos de cinema do Kansas. Pouco amor para um filme – e um texto – que merecia muito mais.
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