A relação entre cinema e música sempre foi muito forte – principalmente, é claro, após o advento do cinema falado. Uma boa trilha sonora é capaz de imprimir ritmos e impor narrativas, aumentar a tensão ou comover o espectador nos momentos certos, bem de acordo com as intenções dos realizadores. Por isso que a participação dos compositores é tão importante – e quando duplas bem-sucedidas, entre diretores e trilheiros, se formam, raramente se dissolvem. É como Steven Spielberg e John Williams, um dos “casais” mais emblemáticos de Hollywood! Entre os cinco indicados deste ano, apenas um deles está concorrendo pela primeira vez, da mesma forma como somente um possui uma estatueta dourada em casa conquistada previamente. Os três demais somam indicações, mas ainda não tiveram uma vitória. Será que dessa vez a sorte de um deles irá mudar? Confira as nossas apostas!
INDICADAS
Duna, de Hans Zimmer
O mestre Hans Zimmer, responsável por trilhas marcantes como as de Gladiador (2000) e Dunkirk (2017), possui nada menos do que 11 indicações prévias. Porém, só se saiu vitorioso em uma única ocasião, pelo desenho animado O Rei Leão (1994). Tudo indica, no entanto, que muito em breve ele terá uma outra estatueta dourada para ostentar em casa. Por seu trabalho em Duna, ganhou até o momento todas as principais disputas desse ano: o Critics Choice, o Bafta, o Globo de Ouro, o Hollywood Critics Association, o Hollywood Music in Media Awards e o Music City Film Critics Association Awards, além de ter sido indicado ao Society of Composers and Lyricists Awards, ao International Film Music Critics Awards e ao Grammy (esses últimos, todos importantes precursores da categoria). Por fim, foi reconhecido ainda por mais de uma dezena de associações regionais de críticos por todos os Estados Unidos. Enfim, é o fraco favorito, aquele a ser superado pelos demais. O que não parece ter muitas chances de acontecer.
Encanto, de Germaine Franco
Jonny Greenwood está em sua segunda indicação (a anterior foi por Trama Fantasma, 2017), e neste ano ainda era pré-finalista pela trilha de Spencer (2021) – sem esquecer que está indicado pelo filme campeão de indicações do ano. Nicholas Britell, por sua vez, conta com duas indicações prévias (Moonlight, 2016, e Se a Rua Beale Falasse, 2018). Além disso, os dois estão aqui por longas concorrentes ao prêmio principal da cerimônia. Mesmo assim, suas chances parecem ser menores do que as da novata Germaine Franco, que está estreando na premiação. Porém, produções da Disney – como Encanto – durante muitos anos foram presença frequentes nessa categoria, o que é um bom indicativo do quanto os votantes da Academia apreciam as trilhas de desenhos animados. Vencedora do Annie – o “Oscar” da Animação – e do prêmio da Society of Composers and Lyricists, foi indicada ainda ao Globo de Ouro, ao Music City Film Critics Association e ao International Film Music Critics Awards. É pouco frente ao seu maior concorrente, mas ainda assim pode ser o suficiente para uma reviravolta de última hora. Será?
Mães Paralelas, de Alberto Iglesias
Esta é a quarta indicação ao Oscar do espanhol Alberto Iglesias (concorreu antes por O Jardineiro Fiel, 2005, O Caçador de Pipas, 2007, e por O Espião Que Sabia Demais, 2011). Todas as vezes anteriores, no entanto, foram lembranças vindas por filmes falados em inglês – e, portanto, com maior público nos Estados Unidos. Dessa vez, por Mães Paralelas, ele está indicado por um título produzido na Espanha, falado em sua língua mãe, e que serve para coroar sua longa parceria com o mestre Pedro Almodóvar – o primeiro trabalho juntos foi em A Flor do Meu Segredo (1995), há quase três décadas, e esse é o décimo terceiro filme fruto da parceria dos dois. Nesta temporada, porém, não foi premiado nem em casa – nem chegou a ser indicado ao Goya! – e, nos Estados Unidos, suas únicas indicações de peso foram ao Globo de Ouro, Hollywood Music in Media, Satellite e Society of Composers and Lyricists (sem ter ganho nenhuma dessas disputas, no entanto). Ou seja, surge como finalista mais como um agrado ao filme – que ficou de fora da seleção de longas estrangeiros por não ter sido pré-indicado pela Espanha, fruto de uma rixa antiga da academia local com Almodóvar – do que pela força do trabalho em si. Um pena, pois há excelência de sobra por aqui – e em muitos dos seus trabalhos anteriores – para justificar uma eventual vitória!
A Crônica Francesa, de Alexandre Desplat
Fala-se aqui de um dos maiores compositores para o cinema da atualidade. Alexandre Desplat já ganhou dois Oscars – por O Grande Hotel Budapeste (2014) e por A Forma da Água (2017) – e conta, até o momento, com nada menos do que 11 indicações. Por A Crônica Francesa, seu mais recente trabalho feito para o seu parceiro habitual Wes Anderson, foi indicado ao Bafta, ao Globo de Ouro, ao Satellite, ao Hollywood Critics Association, ao Hollywood Music in Media, ao International Film Music Critics e na Society of Composers and Lyricists. Ou seja, foi lembrado por praticamente todas as grandes premiações desta temporada. Mesmo assim, não parece ter sido suficiente para lhe garantir um novo convite à cerimônia da Academia. O que não deixa de ser uma tremenda injustiça!
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