A disputa da categoria neste ano foi bastante acirrada, e, para ser sincero, havia apenas quatro nomes que todo mundo sabia que seriam indicados. Ou seja, a quinta vaga parece ter sido preenchida de forma aleatória – não por falta de candidatos, mas por existirem muitos em pé de igualdade na disputa. Uma lista que vai de Adam Sandler (Arremessando Alto), indicado ao SAG Awards, até o desconhecido Diego Calva (Babilônia), indicado ao Globo de Ouro, passando pelo novato Daryl McCormack (Boa Sorte, Leo Grande), indicado ao Bafta, e chegando até ao galã Hugh Jackman (Um Filho), indicado ao Satellite. A constância, no entanto, era a presença de quatro nomes: Austin Butler, Bill Nighy, Brendan Fraser e Colin Farrell. Porém, se um desses foi indicado a tudo, mas não ganhou nada, os outros três meio que se revezaram nas vitórias. O que isso quer dizer? Que até o dia 12 de março qualquer um deles pode acabar sendo o premiado. A gente até vai arriscar uma previsão por aqui, mas é bom estar alerta: vai ser jogo duro apontar o melhor do trio! Confira as nossas apostas para Melhor Ator!
INDICADOS
- Austin Butler, por Elvis
- Bill Nighy, por Living
- Brendan Fraser, por A Baleia
- Colin Farrell, por Os Banshees de Inisherin
- Paul Mescal, por Aftersun
FAVORITO
Brendan Fraser, por A Baleia
Brendan Fraser parece ser a aposta mais segura, não apenas por seu desempenho em A Baleia, mas por combinar a isso com uma história de superação bem ao estilo daquelas que seus colegas em Hollywood adoram celebrar – afinal, se aconteceu com ele, poderia muito bem ter se sucedido com qualquer outro que frequenta os mesmos ambientes. Vítima de assédio sexual e engajado no movimento #MeToo, ele chegou a anunciar uma prematura aposentaria após se assumir como vítima e apontar seu agressor, mas, mesmo que tenha diminuído o ritmo dos seus trabalhos no início dos anos 2010, nunca chegou, de fato, a parar. Apesar de possuir no currículo obras elogiadas, como Crash: No Limite (2004), vencedora do Oscar de Melhor Filme, ou O Americano Tranquilo (2002) e Deuses e Monstros (1998), ambas indicadas ao Oscar, sempre enfrentou uma dificuldade para ser visto como um ator sério, muito em parte por ter estrelado sucessos de bilheteria como a trilogia A Múmia ou comédias como George, O Rei da Floresta (1997). Uma situação que, pelo jeito, tem tudo para mudar. Até agora nesta temporada já ganhou o Critics Choice, foi indicado ao Globo de Ouro e ao Gotham e está na disputa do Bafta e do SAG Awards. Sem esquecer que foi presença constante nas listas de diversas agremiações regionais de críticos de cinema por todo os Estados Unidos. Ou seja, tem tudo para ser a combinação perfeita para a vitória – além, é claro, da impressionante transformação física, outro quesito que costuma falar alto junto aos membros da Academia (Gary Oldman e Joaquin Phoenix que o digam).
AZARÃO
Colin Farrell, por Os Banshees de Inisherin
Difícil encontrar alguém melhor do que Colin Farrell na disputa deste ano. Diferente de tudo o que o ator já fez ao longo de sua carreira, a performance que apresenta em Os Banshees de Inisherin é tão sutil e bem elaborada que sua genialidade pode facilmente passar despercebida – o que seria um crime! Essa aparente “simplicidade” vem de uma construção mais interna do que externa, nos mesmos moldes de outros vencedores recentes da categoria, como Anthony Hopkins (Meu Pai, em 2021) ou Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar, em 2017). Vencedor do Globo de Ouro (como Ator em Filme de Comédia ou Musical), do National Board of Review e do prêmio da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA, tem tudo para ser o concorrente mais “sólido” frente à vitória de Fraser. Mas importante não esquecer de Austin Butler, que como Elvis ganhou o Globo de Ouro (como Ator em Filme de Drama) e repete o mesmo modelo de atuação que deu a cobiçada estatueta dourada ao até então também desconhecido Rami Malek (Bohemian Rhapsody, em 2019). Enfim, como já foi dito mais de uma vez: qualquer coisa pode acontecer entre esses três!
SURPRESA
Paul Mescal, por Aftersun
Quem é Paul Mescal? Muitos estão se perguntando. Quando anunciado como o quinto indicado deste ano ao Oscar de Melhor Ator, deixou cinéfilos ao redor do mundo de queixo caído, pois eram poucos os que apostavam no alcance de Aftersun, um filme lindo, porém de orçamento pequeno e por demais independente para os padrões hollywoodianos. Mesmo assim, o astro da comovente minissérie Normal People (2020) – que, no ano passado, havia marcado presença no elenco do elogiado A Filha Perdida (2021) – se mostrou à altura de tamanho mérito, superando outros concorrentes muito mais conhecidos (ou com carreiras bem mais longas). Sua inclusão é a certeza de que, ao menos às vezes, talento pode, sim, fazer a diferença. Responsável pela única indicação que o filme recebeu (poderia estar tranquilamente em mais umas três ou quatro categorias, no mínimo), conquistou nessa temporada indicações ao Bafta, ao Film Independent Spirit, ao European Film Awards, ao Gotham, ao Critics Choice e na premiação da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA (sem ter ganhado em nenhuma delas, no entanto). Ou seja, é uma indicação de prestígio, com certeza. E pra quem tem apenas três longas no currículo, já parece ser bom demais. Por enquanto!
ESQUECIDO
Tom Cruise, por Top Gun: Maverick
Se a quinta vaga, como mencionado acima, foi ocupada quase que ao acaso, é certo também que no lugar dele poderiam estar vários, porém poucos talvez merecessem tanto quanto Tom Cruise, que pode não ser o melhor, mas, certamente, é o maior. Representante de um modo cada vez mais antigo de se fazer cinema – o modelo dos “astros” capazes de movimentar bilheterias, algo que foi muito em voga no final do século XX – ele segue até hoje com seu poder de atrair audiências quase inabalado, como comprova os mais de US$ 1 bilhão que Top Gun: Maverick somou ao redor do mundo. E muito desse sucesso está na conta do protagonista, dono de um carisma único e de um talento singular – que já lhe rendeu, em edições anteriores da festa da Academia, três indicações. Nesse ano ele alcançou a quarta, porém como produtor: está concorrendo a Melhor Filme. Mas poderia estar também presente por aqui. Não por acaso, foi premiado pela Academia de Cinema de Fantasia, Horror e Ficção Científica, indicado ao Critics Choice e ao Satellite, e lembrado ainda pelos críticos de Austin, Dallas, Havaí, Houston, Indiana, Carolina do Norte, Portland, Seattle e Washington. Ou seja, foi por pouco!
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