Alguns meses antes da cerimônia oficial de entrega do Oscar, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood realiza uma festa específica para o reconhecimento dos prêmios honorários, em homenagem a artistas com uma longa carreira de contribuições à indústria cinematográfica (e, na maioria dos casos, que nunca foram premiados com a estatueta dourada por algum destes trabalhos específicos). Neste ano, ao lado do cineasta Peter Weir e da diretora e roteirista Euzhan Palcy, foi agraciada também a compositora Diane Warren, que somava até então inacreditáveis 13 indicações ao Oscar – sem, no entanto, nunca ter ganhado! E não é que, mesmo com o troféu especial já em mãos, ela garantiu outra indicação? Será que, enfim, irá levar para casa um Oscar competitivo? Ou será mais uma vez embalada pelo sucesso de outros? Confira as nossas apostas para Melhor Canção Original:
INDICADAS
“Naatu Naatu”, de M.M. Keeravaani, Chandrabose – RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
Por mais que possa ser visto como um prêmio de consolação, “Naatu Naatu” é tão contagiante que é impossível afirmar que tal estatueta estará em mãos erradas. Em toda a história do Oscar, é apenas a segunda composição de um autor indiano a ser indicada na premiação (a anterior foi “Jai Ho”, de A.R. Rahman, para o filme Quem Quer Ser um Milionário?, 2008). Porém, aquela era uma produção inglesa, enquanto RRR: Revolta, Rebelião, Revolução se trata de um longa 100% indiano. Ou seja, mais um recorde sendo quebrado! “Naatu Naatu” já foi premiada no Critics Choice e no Globo de Ouro, além dos críticos de Chicago, Denver, Carolina do Norte e no Music City Film Critics’ Association Awards. Sem esquecer que essa é a maneira de premiar também o filme, um dos sucessos mais inesperados do ano, pois a Índia não o escolheu para ser o representante oficial do país na disputa para Melhor Filme Internacional (e é por isso que não garantiu também uma indicação por lá).
“Hold My Hand”, de Lady Gaga, BloodPop – Top Gun: Maverick
Um dos maiores sucessos de bilheteria do ano e, ainda por cima, uma composição assinada por Lady Gaga, vencedora do Oscar por “Shallow”, do filme Nasce uma Estrela (2018) – produção que lhe garantiu também uma indicação como Melhor Atriz, sem esquecer que ela também já havia concorrido antes pela canção “Til it Happens to You”, do documentário The Hunting Ground (2015). Ou seja, se trata de uma das queridinhas da Academia, e não vai ser surpresa pra ninguém se, na última hora, os votantes decidirem premiar uma prata da casa ao invés de darem seu troféu para uma turma do outro lado do planeta. Não é bem o que a lógica – e a tradição – indica, mas melhor não duvidar de reviravoltas de última hora.
“Applause”, de Diane Warren – Tell it Like a Woman
Diane Warren, no mínimo, era para ter umas três ou quatro estatuetas em casa. Autora de sucessos como “Because You Loved Me” (Íntimo e Pessoal, 1996), “I Don’t Want to Miss a Thing” (Armageddon, 1998), “Music of My Heart” (Música do Coração, 1999) e “You Haven’t Seen The Last of Me” (Burlesque, 2010), nos últimos anos ela uniu forças com nomes bastante conhecidos, como Lady Gaga, Common e Laura Pausini, mas nada disso foi suficiente para que seu nome fosse lido assim que o envelope fosse aberto. Chegando agora a um total de 14 indicações, segue sem uma vitória competitiva (ganhou apenas o troféu honorário entregue nesse ano). E não vai ser dessa vez que essa situação irá mudar. Apesar desse ser o sexto ano consecutivo de indicações (tem sido lembrada repetidamente, sem interrupções, desde 2018), “Applause” parece ter garantido a vaga apenas pela força do nome de sua compositora, uma vez que Tell It Like a Woman é um filme por demais pequeno, que quase ninguém viu, e não figurou entre os finalistas de nenhuma premiação nessa temporada (com exceção do Satellite). Ou seja, assim como nas animações não é muito sábio apostar contra os Estúdios Disney, em Canção Original também não se recomenda subestimar o poder de Diane Warren em garantir que seu nome esteja entre os finalistas (e é melhor parar por aqui).
“Ciao Papa”, de Alexandre Desplat, Roeban Katz, Guillermo Del Toro – Pinóquio por Guillermo Del Toro
Quinze foram as canções originais semifinalistas ao Oscar 2023, e muitos apostavam em um duelo triplo de divas da música pop: além de Rihanna e Lady Gaga (ambas indicadas), estava no páreo também Taylor Swift, por “Carolina”, do filme Um Lugar Bem Longe Daqui. No entanto, nem só a música é fraca, como o longa também decepcionou. Assim, quem realmente merecia ter garantido uma vaga – mas acabou ficando de fora – foi “Ciao Papa”, belíssima composição de despedida da animação Pinóquio por Guillermo Del Toro. Caso fosse selecionada, teria garantido mais uma indicação para o diretor (que é um dos co-autores), mas também para o icônico Alexandre Desplat, dono de nada menos do que nove indicações ao Oscar e duas vitórias (ganhou por O Grande Hotel Budapeste, 2014, e por A Forma da Água, 2017). “Ciao Papa” foi indicada ao Critics Choice e ao Globo de Ouro, além de ter sido premiada no Hollywood Music in Media Awards e de ter marcado presença nas listas de diversas agremiações de críticos norte-americanos. Essa esnobada serviu para reforçar o discurso de que os votantes da Academia ainda veem as animações como um gênero à parte e não como uma técnica cujos méritos empregados podem ser reconhecidos em diversas categorias (tranquilamente, esse filme merecia ter tido bem mais indicações).
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