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Oscar 2023 :: Apostas para Melhor Fotografia

Publicado por
Marcelo Müller

O páreo está muito apertado pela estatueta de Melhor Fotografia no Oscar 2023. É difícil definir um favorito, pois, basicamente, todos os indicados têm chances para se tornar o vencedor. Ao longo desse artigo vamos tentar mapear o cenário e chegar a lógicas que funcionem como balizas capazes de nos dar algum tipo de direcionamento. Lembrando que a fotografia é um elemento fundamental da narrativa cinematográfica, não tendo a ver necessariamente com a beleza da imagem – tem muita gente que reduz a fotografia à beleza dos quadros. Está bem longe de ser apenas isso. O fotógrafo é aquele responsável por escrever com a luz, tendo de pensar em questões complexas, tais como: o que está dentro de fora do quadro; a distância dos objetos e personagens; o foco de acordo com a dominante dramática da cena. Isso para ficar somente na superfície. O principal termômetro da categoria é o American Society of Cinematographers, cujos prêmios serão anunciados apenas no dia 05 de março. Portanto, vamos juntos construir a lógica para tentar antever o que vai acontecer entre os indicados ao Oscar de Melhor Fotografia.

INDICADOS

 

FAVORITO
Nada de Novo no Front, de James Friend
O longa-metragem alemão que se tornou a sensação gringa no Oscar 2023 tem uma ligeira vantagem aqui nessa categoria e não é nem exatamente por ter vencido o Bafta. Nada de Novo no Front é o único dos concorrentes também indicados nas categorias Design de Produção e Efeitos Visuais, disputas historicamente correlatas no Oscar. Para se ter uma ideia, desde 2009 nove dos 13 vencedores do Oscar de Fotografia também tiveram indicações a Efeitos Visuais. Isso garante alguma coisa? Claro que não, mas é uma forma de encarar a disputa que, como dito no parágrafo de abertura, está acirradíssima. Se a história do filme alemão não traz nada de muito “novo”, afinal de contas é baseada num livro do fim dos anos 1920, suas qualidades técnicas podem ser irresistíveis à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

AZARÃO
Tár, de Florian Hoffmeister
Não seria nenhum absurdo colocar como azarão a experiente Mandy Walker, por Elvis – aliás, seria um feito inédito a vitória dela, afinal de contas nunca essa estatueta foi dada a uma mulher (apenas três foram indicadas em 95 anos de premiação). No entanto, o refinado trabalho do alemão Florian Hoffmeister em Tár vem ganhando bastante terreno nas últimas semanas, ao ponto de muita gente o colocar como o favorito da categoria. mesmo que não tenha sido indicado ao American Society of Cinematographers (lembrando que precisa ser sindicalizado na ASC para estar apto à indicação). Mas, ele foi indicado ao prêmio da British Society of Cinematographers, ao Camerimage, ao Critics Choice AwardsIndependent Spirit Awards, além de ter sido lembrado pelas associações norte-americanas de críticos do Havaí, Indiana, Minesota, Dakota do Norte, São Francisco, entre outras agremiações.

SURPRESA
Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdadesde Darius Khondji
Colocar o veterano Darius Khondji como indicação surpreendente tem menos a ver com a qualidade do trabalho e mais com o pouco barulho que Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades fez na temporada de premiações. O filme do duas vezes vencedor do Oscar de Melhor Direção Alejandro González Iñárritu tem nesta a sua única indicação ao Oscar 2023. Concorrente ao prêmio principal do American Society of Cinematographers, o filme semiautobiográfico do realizador mexicano se destaca, entre outras coisas, pela inventividade da fotografia, o que o credencia como um concorrente de valor. No entanto, numa jornada em que as coisas estão ainda muito em aberto, talvez ele seja o que menos vislumbre chances de vitória no horizonte.

ESQUECIDO
Top Gun: Maverick, de Claudio Miranda
Vamos combinar aqui entre a gente: esnobar o belo trabalho de Claudio Miranda com a fotografia de Top Gun: Maverick foi uma das principais mancadas da Academia neste ano, né? Concorrente ao prêmio principal do American Society of Cinematographers, ele disputou também o Bafta, venceu o Camerimage e o Critics Choice Awards, além de ter sido lembrado pelas associações norte-americanas de críticos de Atlanta (ganhou), Austibn, Boston online (ganhou), Chicago, Chicago indie (ganhou), Columbus (ganhou), Flórida Central (ganhou), Dalas, Geórgia (ganhou), Houston, Indiana, Kansas, Las Vegas (ganhou) Minesota, Nova Iorque (ganhou), etc. Enfim, Top Gun: Maverick merecia estar aqui concorrendo e, nos arriscamos a dizer: se estivesse, talvez ostentaria o título de favorito.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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