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Oscar 2023 :: Apostas para Melhor Maquiagem e Cabelos

Publicado por
Marcelo Müller

Está aí uma das categorias técnicas às vezes mal compreendidas. Nem sempre os melhores trabalhos de maquiagem e cabelos são aqueles chamativos, os que permitem a atores e atrizes transformações radicais. Em vários exemplos, a excelência está justamente nos detalhes, na sutileza com que maquiadores e estilistas de cabelo cumprem a sua função. Mas, estamos falando de Hollywood e nem sempre esses toques mais “sutis” são os reconhecidos. Vide em 2022, quando a estatueta de Maquiagem e Cabelos foi para Os Olhos de Tammy Faye (2022), no qual “gritava” a transformação (ruim) de seus atores principais. Bom, critérios pessoais à parte, a disputa pelo prêmio neste ano está acirrada, embora haja um favorito. E quem nos fornece essa ideia é o reconhecimento do sindicato próprio, o Hollywood Make-up Artists and Hair Stylists Guild Awards, que revelou seus vencedores no último dia 11. Podemos garantir que a cinebiografia que conta com o Rei do Rock já ganhou? Claro que não, afinal de contas sempre há um (ou mais) azarão no caminho dos possíveis campeões. Confira as nossas apostas para Maquiagem e Cabelos.

INDICADOS

 

FAVORITO
Elvis, de Mark Coulier, Jason Baird, Aldo Signoretti
O filme de Baz Luhrmann desponta como o favorito da categoria justamente porque venceu dois dos cinco prêmios do Hollywood Make-up Artists and Hair Stylists Guild Awards: Melhor Maquiagem em Filme de Época ou Fantasia e Melhor Penteado em Filme de Época ou Fantasia. Com isso deixou para trás até mesmo filmes também agraciados pelo sindicato, como Pantera Negra: Wakanda Para Sempre e A Baleia. Do trio indicado por Elvis, apenas Mark Coulier já venceu o Oscar (e duas, vezes, por A Dama de Ferro, 2011, e O Grande Hotel Budapeste, 2014). Será que desta vez ele leva a sua terceira estatueta para casa e Jason Baird (primeira indicação) Aldo Signoretti (quarta indicação) ganham a sua primeira? Vale destacar que Elvis também está indicado ao Bafta e venceu o Critics Choice Awards na categoria, o que dá aquela forcinha para o filme rumo à provável vitória.

AZARÃO
A Baleia, de Adrien Morot, Judy Chin, Anne Marie Bradley
Sabe aquele negócio que falamos na introdução deste texto da maquiagem e do penteado chamativos? Pois é isso o que acontece em A Baleia. Aliás, boa parte do barulho que o filme fez foi justamente pelo fato de encontramos em cena um Brendan Fraser completamente diferente do galã malhado que fez dele um dos queridinhos de Hollywood dos anos 1990 – antes da queda numa espécie de limbo formado por trabalhos menos memoráveis. O trabalho de maquiagem e cabelos é realmente impressionante, pois transforma o ator (que engordou um pouco para o papel, não tudo o que vemos em cena) num homem com obesidade mórbida. E quem assistiu ao filme sabe que essa presença, fisicamente falando, é fundamental para o resultado. Adrien Morot está em sua segunda indicação, enquanto Judy Chin e Anne Marie Bradley estão em suas primeiras. Mas, não se surpreenda se o trio levar para casa esse Oscar inédito aos três.

SURPRESA
Nada de Novo no Front, de Heike Merker, Linda Eisenhamerová
Podemos dizer que Nada de Novo no Front é a grande surpresa da jogada pelo simples fato de estarmos diante de um trabalho “internacional”, ou seja, não norte-americano. O longa-metragem alemão foi o principal destaque fora de Hollywood neste Oscar e está nessa corrida com méritos. Pode-se fazer uma série de objeções ao resultado geral, mas especialmente a maquiagem desse drama de guerra é impressionante. Indicado ao Bafta e sequer concorrente ao Hollywood Make-up Artists and Hair Stylists Guild Awards, mas por questões sindicais – claro, podem disputar o prêmio da entidade apenas os técnicos membros do sindicato -, será uma enorme zebra se ele levar para casa o Oscar. Afinal de contas, colegas votam em colegas. Heike Merker e Linda Eisenhamerová ganham aqui sua primeira indicação e a lembrança já está boa demais para a dupla.

ESQUECIDO
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, Michelle Chung, Anissa Salazar
Mais uma indicação ao recordista absoluto Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo? Sim, e merecia muito. Indicado ao Critics Choice Awards e vencedor do Hollywood Make-up Artists and Hair Stylists Guild Awards na categoria Melhor Maquiagem em Filme Contemporâneo, o queridinho da temporada de premiações poderia figurar tranquilamente nesta lista de cinco indicados (vocês decidem no lugar de quem). Michelle Chung e Anissa Salazar, creditadas respectivamente como líderes dos departamentos de maquiagem e cabelos, nunca foram indicadas ao Oscar. Elas foram nominadas aos prêmios desta categoria com Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo nas associações dos críticos de Chicago, Carolina do Norte e no CineEuphoria Awards. Aparentemente foi pouco para figurarem na festa mais importante de Hollywood. Uma pena.
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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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