A principal premiação prévia dessa categoria é o American Cinema Editors, a Associação dos Editores de Cinema dos Estados Unidos, cujo resultado será anunciado apenas no dia 05 deste mês. Das 13 categorias da distinção, seis são de cinema. Porém, apenas duas são, digamos, abrangentes – Melhor Edição de Filme de Comédia e Melhor Edição de Filme Drama – enquanto as demais são bem mais específicas (Melhor Edição de Longa de Animação, Melhor Edição de Documentário, Melhor Edição de Documentário Não Lançado nos Cinemas e Melhor Edição de Filme para Televisão). Neste ano, todos os filmes indicados ao Oscar estão concorrendo em alguma das categorias do Eddie Awards (nome do prêmio da ACE), o que acaba nivelando a disputa. Sem demora, vamos tentar entender as chances dos principais concorrentes à categoria Montagem do Oscar 2023.

INDICADOS

 

FAVORITO
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Em sua primeira indicação ao Oscar, Paul Rogers surge como o favorito para levar o careca dourado a sua casa. Vencedor do Bafta, do Critics Choice Awards, além de ter sido indicado/premiado em inúmeras associações de críticos dos Estados Unidos – por mais que essas recompensas da crítica não influenciem diretamente no Oscar, afinal de contas são colegiados muito diferentes, certamente o acúmulo de reconhecimentos garante um peso simbólico importante. Num longa-metragem de ritmo tão frenético, com tantas mudanças de cenários, figurinos e afins, o trabalho de montagem é essencial para que tudo não vire uma bagunça ou simplesmente um acúmulo de elementos meio vazio. Portanto, Paul Rogers é peça fundamental do sucesso desse que parece ser o grande filme da temporada de premiações 2022/2023.

AZARÃO
Tár
Monika Willi também está em sua primeira indicação ao Oscar e disputa o Eddie Awards (prêmio concedido pela Associação dos Editores de Cinema dos Estados Unidos) na categoria Melhor Edição em Longa-metragem Dramático. Lembrada no Critics Choice Awards, ela tem mais êxitos em associações norte-americanas de críticos do que necessariamente em estatuetas consideradas verdadeiros termômetros do Oscar, por isso sai um pouco atrás do seu colega responsável pela montagem de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. São trabalhos completamente diferentes, afinal de contas estamos falando de filmes com abordagens e até mesmo ritmos em muito distintos. No entanto, Monika é não menos importante para o êxito de Tár pela forma como consegue valorizar a mise-en-scène com suas escolhas. Sem dúvida, merecia levar o Oscar para casa, embora seja menos provável do que a vitória de Paul Rogers.

SURPRESA
Os Banshees de Inisherin
Mikkel E.G. Nielsen está em sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Montagem. Em 2021, ele debutou como concorrente à estatueta dourada e já a levou para casa, por O Som do Silêncio (2019). Mesmo que esteja indicado ao Eddie Awards na categoria Melhor Edição em Longa-metragem Cômico, ele aparece aqui como uma (boa) surpresa, basicamente com poucas chances de vitória, mas ainda assim fazendo bonito somente por figurar entre os cinco finalistas. Antes mesmo que o resultado da premiação da Associação dos Editores de Cinema dos Estados Unidos seja divulgado, Mikkel realmente não figura entre os candidatos com mais chances de desbancar os favoritos e, provavelmente, nem precise bolar aquele discurso de vitorioso. Então, meu caro, bora aproveitar a festa e não nutrir muitas expectativas.

ESQUECIDO
A Mulher Rei
Verdade seja dita: A Mulher Rei poderia muito bem ter emplacado algumas indicações ao Oscar 2023, mas parece que a Academia não embarcou muito nesse melodrama de ação com discurso social. A montadora Terilyn A. Shropshire, indicada ao Eddie Awards na categoria Melhor Edição em Longa-metragem Dramático, é uma das profissionais ligadas ao filme que deveria estar nesse momento pensando com qual roupa vai à festa. No entanto, como o colegiado da entidade que concede o Oscar preferiu esnobar o filme inspirado na história real da unidade Agojie, um grupo de guerreiras composto apenas por mulheres que protegiam o reino africano de Daomé, nos anos 1800, isso infelizmente não acontecerá.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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