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Oscar 2023 :: Apostas para Melhor Roteiro Adaptado

Publicado por
Marcelo Müller

Há os chamados Roteiros Originais, saídos das mentes de escritores que partem relativamente do zero para contar suas histórias, mas existem também os Roteiros Adaptados, inspirados em algo pré-existente (artigo da imprensa, livro, peça de teatro, música, HQ, etc.). Nesta categoria do Oscar 2023 temos um páreo duro entre dois filmes completamente diferentes, mas com leve favoritismo para aquele que saiu vitorioso do WGA Awards, o valioso prêmio do Sindicato dos Roteiristas dos EUA (Writers Guild of America). O palco está todo armado para a vitória de uma reconhecida cineasta que pode garantir aqui a sua primeira estatueta como roteirista (ela já foi indicada em outra oportunidade). Então, chega mais e confira o nosso artigo analítico sobre essa importante categoria do Oscar 2023, a de Roteiro Adaptado.

INDICADOS

FAVORITO
Entre Mulheres, de Sarah Polley
Nos últimos anos a diversidade vem sendo um dos assuntos mais efervescentes no mundo do cinema. No entanto, mesmo com a Academia tentando diversificar o seu colegiado, há vícios que continuam sendo repetidos. Por exemplo, não temos nenhuma mulher indicada na categoria Melhor Direção. Nesta de Roteiro Adaptado, apenas duas mulheres estão entre os indicados mas, felizmente, uma delas é a grande favorita para levar o Oscar. Vencedora do WGA Awards, Sarah Polley tem tudo para conseguir furar essa bolha quase totalmente feita de homens e garantir a sua primeira estatueta dourada. Seu roteiro é baseado num livro de Miriam Toews que, por sua vez, é inspirado em fatos. Entre Mulheres está com a faca e o queijo na mão.

AZARÃO
Nada de Novo no Front, de Edward Berger, Lesley Paterson, Ian Stokell
O livro antibélico assinado por Erich Maria Remarque foi levado aos cinemas por Lewis Milestone no começo dos anos 1930, numa produção vencedora do Oscar de Melhor Filme. Essa nova versão da adaptação é assinada por Edward Berger, Lesley Paterson e Ian Stokell, e garantiu ao trio o Bafta, considerado o Oscar do Cinema britânico, bem como o National Board of Review. São credenciais e tanto, não é mesmo? Se há um concorrente que pode quebrar o favoritismo de Entre Mulheres é esse filme de guerra que vem encantando plateias mundo afora, embora algumas pessoas estejam reclamando de um certo gosto de “mais do mesmo”. De toda forma, caso a vitória fique com a produção alemã, teremos também uma mulher vencedora, já que Lesley Paterson está no páreo.

SURPRESA
Livingde Kazuo Ishiguro
Living ainda nem estreou no Brasil e muita gente está se perguntando: “mas que diabos de filme é esse?”. Ainda não sabemos se ele tem méritos suficientes para estar aqui, mas pedigree é o que não lhe falta. Living é o remake do clássico japonês Viver (1952), considerado um dos grandes filmes do mestre Akira Kurosawa. A trama é protagonizada por um típico burocrata que se depara com uma notícia aterradora: tem um câncer terminal. Diante dessa constatação de que sua vida não será muito mais longa, ele inicia uma verdadeira jornada existencial para tentar compreender como aproveitar o tempo restante. O remake foi indicado nessa categoria ao Bafta, ao Critics Choice Awards, ao British Independent Film Awards e ao Satellite, mas acabou sem vitórias significativas.

ESNOBADO
Pinóquio por Guillermo Del Toro, de Guillermo del Toro, Patrick McHale
Sim, vamos bater na velha tecla do preconceito contra animações. Afinal de contas, Pinóquio por Guillermo Del Toro tinha tudo para figurar nessa lista de indicados ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Guillermo del Toro e Patrick McHale pegaram uma história para lá de batida, contada de várias outras formas, e conseguiram fazer o improvável: conferir algum frescor à trajetória do boneco de madeira que deseja se tornar um menino de carne e osso. Mas, Pinóquio por Guillermo Del Toro não foi esnobado apenas no Oscar, pois tampouco figurou na categoria de Roteiro Adaptado em outras premiações importantes nas quais disputou especificamente os prêmios de animação. Uma lástima que esse filme não esteja por aqui e com chances genuínas de levar a estatueta para casa.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.