A disputa de Melhor Atriz Coadjuvante costuma trilhar por um de dois caminhos: reconhecer veteranas que há muito deveriam ser consagradas ou apontar novos talentos ainda não muito conhecidos. Em 2024, a lógica parece seguir a segunda opção. Afinal, a grande favorita, por mais que tenha uma carreira iniciada uma década atrás, poucas vezes recebeu a atenção que tem conquistado nesta temporada. Sua maior opositora também vem entregando performances de respeito há bastante tempo, porém, da mesma forma, somente agora alcançou sua primeira indicação ao prêmio da Academia. E entre a única sobrevivente de um aparente “naufrágio” – o musical A Cor Púrpura foi anunciado com enormes expectativas, mas bastou chegar aos cinemas para que os ânimos a seu favor arrefecessem, e Danielle Brooks se tornou a única a ser lembrada pelos votantes, em um papel que já havia gerado uma indicação para Oprah Winfrey na versão anterior, de 1985 – e o retorno de uma antiga vencedora – essa é a primeira indicação de Jodie Foster em quase trinta anos, sendo que ela ganhou por Acusados (1989) e por O Silêncio dos Inocentes (1992) – restou mesmo comemorar a presença da responsável pelo discurso mais ‘empoderado’ do ano. Confira as nossas apostas!
Indicadas
- Emily Blunt, por Oppenheimer
- Danielle Brooks, por A Cor Púrpura
- America Ferrera, por Barbie
- Jodie Foster, por Nyad
- Da’Vine Joy Randolph, por Os Rejeitados
FAVORITA
Da’Vine Joy Randolph, por Os Rejeitados
A luz de Da’Vine Joy Randolph finalmente brilhou em 2023! Após atrair os olhares dos mais atentos há alguns anos por sua participação na comédia Meu Nome é Dolemite (2019), ela veio com tudo dessa vez. Por dar vida à cozinheira Mary Lamb, que sofre pelo filho morto na guerra ao mesmo tempo em que precisa cuidar do professor e do aluno esquecidos durante o inverno na escola de Os Rejeitados, ela já ganhou o Globo de Ouro, o Critics Choice, o National Board of Review, os prêmios das associações de críticos de Boston, Chicago, Dallas-Fort Worth, Kansas, Las Vegas, Los Angeles, Nova York, Palm Springs, Southeastern, Toronto, Phoenix, Austin, Washington, North Texas, St. Louis, Iowa, Denver, Georgia, Utah, Oklahoma, Houston, Carolina do Norte, Havaí, Filadélfia, Atlanta, Novo México, Dakota do Norte, São Francisco, Seattle, Florida, Michigan e da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA, além de indicações ao Bafta, Film Independent Spirit e SAG Awards. Ou seja, não tem pra mais ninguém – ela é a intérprete mais premiada do ano dentre as quatro categorias de atuação. O Oscar já é dela, e ninguém tira!
AZARÃO
Emily Blunt, por Oppenheimer
Caso uma catástrofe aconteça, a única com um mínimo de chance de roubar a vitória de Da’Vine Joy Randolph é Emily Blunt, e isso por estar no filme do ano: Oppenheimer. Alguns irão se surpreender, mas essa é apenas a sua primeira indicação ao Oscar, sendo que a Academia lhe devia esse reconhecimento há anos, desde Meu Amor de Verão (2004) – há exatas duas décadas! Desde então, conquistou outras duas indicações ao Bafta, seis ao Critics Choice, mais seis ao Globo de Ouro, quatro ao Satellite e também quatro ao SAG Awards (com uma vitória, inclusive), entre tantos outras tantas conquistas. O que lhe faltava, portanto? Neste ano, por mais que tenha sido lembrada em praticamente todas as premiações que de fato importam na temporada, não somou uma única nova estatueta para colocar em sua estante. Conseguirá, mesmo assim, garantir o ouro hollywoodiano para si? As chances, como se percebe, são mínimas. Mas não inexistentes.
SURPRESA
America Ferrera, por Barbie
É provável que a protagonista de Ugly Betty (2006-2010) tenha ficado mais surpresa do que os fãs de Barbie quando anunciada como finalista no Oscar 2024 – sua primeira indicação, aliás. Por mais que seja responsável por um dos momentos mais emocionantes do filme – e lembrado tanto por admiradores, como também por detratores – ela não estava sendo uma constante nessa temporada de premiações, tendo ficado de fora do Globo de Ouro, do Bafta e do SAG Awards, por exemplo. Porém, concorreu ao Critics Choice e ao Satellite, além de outra dezena de associações regionais de críticos. É pouco, claro, para lhe garantir a vitória. Mas para quem nem se imaginava na disputa, tal resultado parece ser bom demais!
ESQUECIDA
Julianne Moore, por Segredos de um Escândalo
Dona de cinco indicações, Julianne Moore parece ser a mais recente vítima da “maldição do Oscar”: afinal, desde que ganhou como protagonista por Para Sempre Alice (2014), nunca mais marcou presença na festa da Academia – mesmo entregando nos anos seguintes performances celebradas, como em Amor por Direito (2015), Gloria Bell (2018) e Depois do Casamento (2019). Ou a vista em Segredos de um Escândalo, um dos títulos mais “esnobados” da temporada atual. Indicada ao Globo de Ouro, ao Satellite e ao Critics Choice, além de ter sido premiada pelos críticos de Nevada, acabou esquecida por aqui, mesmo tendo sido responsável por uma atuação enigmática e envolvente, atendendo pelo verdadeiro coração de um filme no qual todos os acontecimentos ocorrem ao seu redor – e por sua causa. Sua ausência fala mais da falta de percepção dos votantes do que do seu inegável talento.
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