Foi se o tempo quando apenas cineastas norte-americanos tinham a primazia na disputa por uma vaga entre os preferidos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Neste ano, aliás, apenas um dos cinco concorrentes nasceu nos Estados Unidos! Os outros quatro são europeus: um grego, uma francesa e dois britânicos. E se ela parece ter sido escolhida para representar toda as cineastas femininas da classe, a briga entre os homens parece ser coisa de gente grande: um filme teve 13 indicações, o outro 11, o terceiro está em dez e o último concorre não apenas a Melhor Filme, mas também como Melhor Filme Internacional! Num cenário como esse, pelo que se percebe, o mais difícil é apontar um favorito… ou não. Confira, portanto, a seguir, as nossas apostas para Melhor Direção!
Indicados
- Justine Triet, por Anatomia de uma Queda
- Martin Scorsese, por Assassinos da Lua das Flores
- Christopher Nolan, por Oppenheimer
- Yorgos Lanthimos, por Pobres Criaturas
- Jonathan Glazer, por Zona de Interesse
FAVORITO
Christopher Nolan, por Oppenheimer
Parece que, enfim, chegou a vez dele. Dono de nada menos do que oito indicações ao Oscar, Christopher Nolan tem neste ano, porém, apenas sua segunda na categoria (concorreu antes por Dunkirk, 2017). Mas é por Oppenheimer que sua estrela tem, de fato, brilhado. Campeão de indicações no ano, concorrendo em 13 categorias, já ganhou até o momento o Globo de Ouro (Melhor Filme Drama) e o Critics Choice, além de ser recordista de indicações também no Bafta e estar forte na disputa do Directors Guild of America Award, a premiação do sindicato dos diretores. Foi escolhido como o melhor realizador do ano pelos críticos de Chicago, Dallas-Fort Worth, Kansas, Las Vegas, Nova York, Southeastern, Phoenix, Austin, North Texas, St. Louis, Iowa, Denver, Georgia, Boston, Houston, Carolina do Norte, Nevada, Havaí, Atlanta, Dakota do Norte, Portland, Florida, Minnesota e Washington – ufa! Ou seja, está tudo a seu favor. Agora, se o gol será feito e o grito de vitória, enfim, será dado – bom, somente no dia 10 de março para se ter absoluta certeza.
AZARÃO
Martin Scorsese, por Assassinos da Lua das Flores
Quem diria que um dos maiores mestres da Sétima Arte ainda em atividade um dia poderia ser considerado o “azarão” em uma disputa, não é mesmo? Apesar de contar até o momento com inacreditáveis 16 indicações ao Oscar, ganhou apenas uma vez, por Os Infiltrados, em 2007. Ele merece mais – muito mais – não é mesmo? E o que faz em Assassinos da Lua das Flores – apontado como o melhor filme estrangeiro do ano pela ABRACCINE (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema) é mais do que suficiente para justificar tal honraria. No entanto, a sensação que se tem é a de que ele já foi homenageado o bastante (não foi, mas enfim), e que é chegada a hora de reconhecer outros talentos. Tanto, apesar de estar indicado a praticamente tudo na temporada – do Globo de Ouro ao DGA, do Critics Choice ao Satellite (com exceção do Bafta, que surpreendentemente o deixou de fora) – Scorsese ganhou apenas o National Board of Review e o troféu dos críticos de San Diego, Columbus, Seattle e de Oklahoma. Parece pouco – e, de fato, é. Mas, para quem tem uma filmografia de respeito como a dele, qualquer reconhecimento que lhe seja dirigido ainda não será o bastante!
SURPRESA
Jonathan Glazer, por Zona de Interesse
É raro isto acontecer, mas não impossível. Desde 2019 – quando o mexicano Alfonso Cuarón (premiado) e o polonês Pawel Pawlikowski concorreram juntos – não se tinham dois realizadores de filmes não falados em inglês nessa disputa. Jonathan Glazer pode ter nascido em Londres, mas seu Zona de Interesse é falado em alemão, polonês ou iídiche, enquanto que Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, tem a maior parte dos seus diálogos em francês ou em alemão (mas sobre esse filme falaremos mais no próximo parágrafo). Glazer, porém, é um realizador com histórico em Hollywood – já dirigiu estrelas como Nicole Kidman e Scarlett Johansson – mas concorre pela primeira vez ao Oscar nesse que parece ser melhor e mais autoral trabalho. Premiado pelos críticos de Boston, de Los Angeles, de São Francisco e pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos EUA, nem sequer chegou a ser lembrado pelo Critics Choice ou pelo Globo de Ouro, tendo sido também deixado de fora do DGA Awards – e se você não tem o apoio nem dos seus pares, é porque a coisa não tá muito fácil.
ESQUECIDO
Greta Gerwig, por Barbie
Como se esquecer de Alexander Payne, que merecia muito a indicação por Os Rejeitados? Mas há de se pontuar a indiferença dos votantes da Academia em relação às realizadoras femininas. Foram tantos protestos em relação a isso nos últimos tempos que elas não mais ficam de fora (quer dizer, quase isso, pois no ano passado mesmo apenas homens concorreram). Mas após as vitórias de Chloe Zhao (Nomadland, 2020) e de Jane Campion (Ataque dos Cães, 2021), se por um lado tem se prestado mais atenção no que elas tem dirigido, por outro virou uma questão de cota, como se houvesse apenas uma vaga destinada às realizadoras entre os cinco indicadas. Somente nesse ano, nomes como Celine Song (Vidas Passadas), Sofia Coppola (Priscilla), Elizabeth Chai Vasarheldyi (Nyad) e Kelly Fremon Craig (Crescendo Juntas), por exemplo, poderiam – e mereciam – o reconhecimento. Porém, nenhuma delas mais do que Greta Gerwig, que conseguiu fazer de um filme sobre uma boneca, algo que tinha tudo para ser uma piada pronta, o sucesso de maior bilheteria do ano, além de ser uma obra séria e respeitada por críticos e admiradores nos quatro cantos do planeta. Ninguém está dizendo que Barbie deveria tomar o lugar que foi conquistado por Justine Triet – mais do que merecida sua indicação por Anatomia de uma Queda, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes – mas que teria sido lindo vê-las uma ao lado da outra, juntas, entre as finalistas, ah, isso não dá pra negar!
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