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Oscar 2024 :: Apostas para Melhor Longa de Animação

Publicado por
Robledo Milani

A maior surpresa desta categoria, apesar das qualidades (ou não) de qualquer um dos cinco indicados, está na ausência de títulos considerados certeiros. Como, por exemplo, Wish: O Poder dos Desejos, da Disney – e feito para celebrar os 100 anos do mais tradicionais estúdio do gênero – ou de A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets, lançado vinte anos após o original e aguardado com muito expectativa. E o que dizer de Super Mario Bros: O Filme, que faturou mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias de todo o mundo? Bom, mas se as apostas mais óbvias acabaram ficando de fora, entre os selecionados parece haver opções para todos os gostos, com duas produções internacional – uma japonesa e uma espanhola – além de estilos, traços e formatos dos mais variados. Confira, portanto, nossas apostas ao Oscar 2024 de Melhor Longa de Animação!

Indicados

 

FAVORITO
O Menino e a Garça
Hayao Miyazaki é um dos maiores mestres da animação em todo o mundo. Vencedor do Oscar honorário de 2015, já teve quatro dos seus trabalhos indicados ao prêmio da Academia – e ganhou pelo primeiro, A Viagem de Chihiro, em 2003. Como ele já está com mais de 80 anos e vem anunciando uma sempre adiada aposentadoria há algum tempo, talvez O Menino e a Garça seja a última oportunidade de oferecer a ele mais uma muito bem-vinda honraria. Vencedor do Globo de Ouro, foi indicado ao Bafta, ao PGA Awards, ao Critics Choice e ao Satellite, além de ter recebido nada menos do que sete indicações ao Annie Awards, a mais importante premiação do cinema de animação nos Estados Unidos. Ou seja, não só se trata de um filme muito bonito e inventivo, mas também parece ser a oportunidade perfeita – somado pela ausência de um forte concorrente de Hollywood – de oferecer a devida reverência a um mestre quando ainda em exercício.

AZARÃO
Nimona
O longa dirigido por Nick Bruno e Troy Quane (a mesma dupla de Um Espião Animal, 2019) é o grande filme a ser descoberto do Oscar 2024! Nimona foi lançado direto na Netflix sem muito alarde há alguns meses, poucos o viram e menos ainda comentaram a respeito dos seus inegáveis méritos. Como resultado, parecia que rapidamente seria esquecido. Mas bastou chegar a temporada de premiações para começar a pipocar em diversas listas de melhores do ano! Campeão de indicações ao Annie Awards – concorre em nove categorias – foi lembrado também pelo Critics Choice e por diversas associações regionais de críticos de cinema por todos os Estados Unidos. Ao contar uma história alucinante de mentiras e traições, com uma personagem-título capaz de se transformar em qualquer tipo de animal e um herói gay que precisa lutar contra tudo e todos para provar sua inocência após ser acusado injustamente de assassinar a rainha de sua nação, tem-se aqui motivos de sobra não apenas para surpreender, mas também para encantar dos mais desavisados até os sedentos por novidades dentro de um gênero que tem dado sinais de esgotamento – basta ver o candidato da Pixar, Elementos, que parece reciclado de produções antigas da companhia, ou o novo Homem-Aranha, que nada mais é do que a continuação direta da mesma história já premiada antes. Tá mais do que na hora de algo, de fato, original, certo?

SURPRESA
Meu Amigo Robô
Premiado como Melhor Longa de Animação e Roteiro Original no Goya – o “Oscar” espanhol – esse Meu Amigo Robô é tão inusitado que é quase impossível não se deixar levar. Realizado inteiramente sem falar – porém, não mudo, pois há canções, gemidos, ruídos e interjeições sonoras a todo instante – o filme dirigido por Pablo Berger era praticamente desconhecido nos EUA até ser lembrado pelos votantes da Academia. Premiado no Festival de Annecy (o mais importante do gênero em todo o mundo) e dono de cinco indicações ao Annie Awards, foi premiado pelos Círculo de Críticos de Cinema da Espanha, no European Film Awards, nos Prêmios Gaudí, Ferox e José Maria Forqué, todos de imensa relevância no seu país de origem. Porém, no lado de cá do Atlântico, ainda está sendo descoberto. E sorte de quem se der essa chance de se deparar com uma das fábulas mais emocionantes dessa temporada.

ESQUECIDO
As Tartarugas Ninja: Caos Mutante
A despeito dos títulos mais óbvios, citados no parágrafo de abertura desse artigo, como negar que o maior esnobado não foi a nova aventura das As Tartarugas Ninja: Caos Mutante? Elaborado a partir de um traço inquieto e revolucionário, que combina estilos de acordo com as movimentações dos personagens, não só foi um sucesso de bilheteria – faturou mais do que o dobro do seu orçamento de US$ 70 milhões – como também marcou presença em diversas premiações recentes, como Critics Choice, Satellite e PGA Awards, além de ter recebido outras seis indicações ao Annie Awards (inclusive como Melhor Filme). O mais curioso, no entanto, é perceber quem está por trás desse agito: Seth Rogen e Evan Goldberg, a mesma dupla que já tinha provocado muita controvérsia com os irreverentes Festa da Salsicha (2016) ou a série Invencível (2021-2023). Como se vê, não se tratam de novatos, mas comediantes que adoram assumir riscos, e que volta e meia alcançam ótimos resultados. Tal qual o visto por aqui.
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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.