Elemento cinematográfico crucial, a montagem é encarregada de selecionar, ordenar e costurar os planos de um filme. Na disputa do Oscar 2024 de Melhor Montagem temos uma briga de cachorros grandes, mas curiosamente a mais experiente de todos as concorrentes não despontou desta vez como favorita e sequer como azarão. Thelma Schoonmaker, montadora de Assassinos da Lua das Flores e uma das colaboradoras mais antigas de Martin Scorsese, está em sua nona indicação (ela tem três vitórias), mas parece improvável ela levar para casa a sua quarta estatueta (embora merecesse demais). Para tirarmos a temperatura dessa acirrada disputa, a principal premiação prévia da classe, ou seja, o termômetro mais confiável, é o Eddie Awards. Trata-se da distinção anual da American Cinema Editors (ACE), a Associação dos Editores de Cinema dos Estados Unidos, cujos resultados serão anunciados apenas no dia 03 de março, ou seja, uma semana antes da maior festa de Hollywood. Como ainda não temos esse veredito dos especialistas, nos cabe especular a partir de êxitos em outras disputas, o que coloca uma novata como favorita. Confira abaixo as nossas apostas para a categoria Melhor Montagem do Oscar 2024.
Indicados
- Anatomia de uma Queda, de Laurent Sénéchal
- Os Rejeitados, de Kevin Tent
- Assassinos da Lua das Flores, de Thelma Schoonmaker
- Oppenheimer, de Jennifer Lame
- Pobres Criaturas, de Yorgos Mavropsaridis
FAVORITO
Oppenheimer, de Jennifer Lame
Como em várias outras categorias, nesta Oppenheimer desponta como o principal favorito. O trabalho de Jennifer Lame está um pouco à frente dos demais na disputa pela tão sonhada estatueta dourada. Novata no Oscar, afinal de contas esta se trata de sua primeira indicação, ela está concorrendo ao Eddie Awards na seara dramática e ao Satellite. Além disso venceu o BAFTA, o Critics Choice Awards e os prêmios das associações de críticos de cinema de Chicago, Las Vegas, Santa Barbara, Phoenix, Austin, Washington, St. Louis, Indiana, Boston, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Havaí, Seattle e Minnesota. E, cá entre nós, a montagem de Oppenheimer é uma das grandes responsáveis pela coesão e harmonia numa empreitada com tantos assuntos e personagens se cruzando a todo o momento. Se vencer, será muito merecido.
AZARÃO
Anatomia de uma Queda, de Laurent Sénéchal
Outro novato que chega à disputa em sua primeira indicação é o francês Laurent Sénéchal, responsável pelo brilhante trabalho de montagem de Anatomia de uma Queda, o concorrente não estadunidense da vez. Indicado ao Eddie Awards na seara dramática e ao BAFTA, ele venceu prêmios importantes, tais como o César e o European Film Awards, além de ter levado para casa o reconhecimento dos críticos de Los Angeles e San Diego. Correndo por fora, tentando quebrar o favoritismo de Jennifer Lame por Oppenheimer, ele seria uma escolha interessante da Academia, até mesmo como forma de coroar ainda mais a carreira internacional deste thriller francês que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023. Se há um azarão, é ele.
SURPRESA
Os Rejeitados, de Kevin Tent
Kevin Tent está em sua segunda indicação ao Oscar. Antes, foi lembrado por seu trabalho em Os Descendentes (2011), ou seja, por outra colaboração com o cineasta Alexander Payne. Indicado ao Eddie Awards na seara cômica, ele chega desta vez como uma surpresa, mais por conta da falta de prêmios relevantes ao longo da temporada – trata-se de um profissional experiente e reconhecido pelo mercado. Indicado ao Satellite e aos prêmios das associações dos críticos de Chicago, Utah, St. Louis e Austin, ele chega à disputa pela estatueta máxima de Hollywood com poucas chances, talvez até porque a influência de seu trabalho seja menos “visível”, o que de forma nenhuma configura qualquer demérito. Até mesmo porque basta apurar um pouco a nossa percepção para identificar que a montagem é fundamental para essa deliciosa jornada de reconhecimento do outro.
ESNOBADO
Vidas Passadas, de Keith Fraase
Concorrente ao Eddie Awards na seara dramática, Keith Fraase merecia demais estar na disputa de Melhor Montagem do Oscar por Vidas Passadas. Nunca indicado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles, ele tampouco foi tão lembrado quanto poderia (e merecia, repito) por entidades e associações. Assim como em Os Rejeitados, talvez o trabalho de montagem num drama intimista seja menos chamativo do que, por exemplo, num filme histórico grandioso com diversos personagens e situações ou ainda num thriller de tribunal de tensão asfixiante. É como na categoria Figurino, na qual os concorrentes de época saem na frente por serem mais exuberantes. De todo modo, o trabalho de Keith Fraase em Vidas Passadas foi injustiçado na temporada de premiações – que fique bem claro, não apenas pelo Oscar.
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