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Oscar 2024 :: Apostas para Melhores Efeitos Visuais

Publicado por
Marcelo Müller

A disputa deste ano pelo Oscar de Melhores Efeitos Visuais pode (e deve) consagrar um filme japonês que chegou de mansinho e colocou blockbusters norte-americanos no bolso. Aliás, seria um prêmio ao talento de profissionais que, embora trabalhando numa produção com altíssima tecnologia à disposição, contou com orçamento bem inferior à maioria de seus concorrentes. Esse tipo de possibilidade aponta a uma mudança significativa de paradigmas ocasionada pela evolução tecnológica, ao ponto de não restringir resultados espetaculares às superproduções hollywoodianas. Geralmente utilizamos prêmios sindicais como indícios do que pode acontecer no Oscar, afinal de contas os colegiados votantes são congruentes, mas o Visual Effects Society Awards é um prêmio relativamente novo, embora conte com um número grande de profissionais, animadores e fabricantes de miniaturas que votam no Oscar. Até mesmo por isso utilizamos o resultado de sua premiação anual para apontar o azarão. Confira as nossas apostas para a categoria Melhores Efeitos Visuais do Oscar 2024.

Indicados

 

FAVORITO
Godzilla Minus One, de Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi, Tatsuji Nojima
Hollywood bem que tentou (e vai continuar tentando, certamente), mas o melhor filme estrelado por Godzilla dos últimos anos é japonês. Godzilla Minus One é um melodrama de guerra sobre um jovem soldado que deveria ter cometido suicídio durante uma missão. Decidido a permanecer vivo, ele é obrigado a conviver com a culpa enquanto tenta reconstruir sua vida num Japão despedaçado que precisa encarar o desafio imposto pelos ataques gigantes de um kaiju. Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi, Tatsuji Nojima fazem um trabalho brilhante tanto no que diz respeito a tornar crível a existência de Godzilla quanto a respeito da construção das batalhas. Os quatro indicados são debutantes no Oscar e podem já preparar os discursos!

AZARÃO
Resistência, de Jay Cooper, Ian Comley, Andrew Roberts, Neil Corbould
Grande destaque do Visual Effects Society Awards 2024 (venceu cinco estatuetas), Resistência é daquele tipo de filme impressionante tecnicamente, mas que deixou a desejar em tantos outros quesitos. Os ótimos efeitos visuais são cortesia da Industrial Light & Magic, uma das empresas mais tradicionais do ramo. Curiosamente, o processo de criação dos efeitos, geralmente concentrado na pós-produção, aqui teve grande parte realizado já na fase da filmagem, com presença de profissionais de VFX (Visual Effects) no set acompanhando o cineasta Gareth Edwards – ele próprio um artista de efeitos visuais antes de migrar à direção. O resultado é fruto da artesania, de procedimentos que destoam de padrões. Então, fique de olho, pois ele pode surpreender.

SURPRESA
Napoleão, de Charley Henley, Luc-Ewen Martin-Fenouillet, Simone Coco, Neil Corbould
Pouca gente apostava na presença de Napoleão no Oscar. Depois de muita expectativa, o filme de Ridley Scott passou quase em brancas nuvens pela temporada de premiações, ganhando um que outro reconhecimento, mas nada equivalente à ambição de uma superprodução histórica sobre um dos personagens mais interessantes e controversos dos últimos séculos. Se o conjunto não foi tão bem-sucedido, podemos dizer que os efeitos visuais realmente são impressionantes, a começar pela morte do cavalo na abertura do longa-metragem até chegarmos às batalhas grandiosas, excelência reconhecida com a indicação ao BAFTA, ao Satellite Awards e ao Visual Effects Society Awards. Tem chances? Pouquíssimas, mas nada é impossível.

ESNOBADO
Oppenheimer, de Andrew Jackson
Bastou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles anunciar os indicados ao Oscar 2024 que a internet foi tomada de controvérsias, entre elas questionamentos de o porquê Oppenheimer não havia sido indicado na categoria Melhores Efeitos Visuais. Aliás, a produção nem ficou entre os 15 pré-selecionados da shortlist, lista que continha até o muito negativamente criticado trabalho de VFX de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023). Talvez a Academia não queira ter dado ainda mais ênfase ao longa de Christopher Nolan? Pode ser. Mas, que ele merecia estar aqui entre os cinco, merecia. Outro que faria bonito estando na lista é Ferrari (2023), especialmente por conta das reconstituições de corridas (e dos acidentes espetaculares). Mas, a Academia tem suas peculiaridades e algumas delas nos deixam “pistolas”.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.