Ao contrário da disputa para Melhor Atriz, a categoria dedicada aos intérpretes masculinos protagonistas não costuma oferecer tanto glamour e controvérsia. As escolhas parecem mais óbvias, com a disputa recaindo entre dois – ou no máximo três – dos concorrentes, com os demais apenas fazendo figuração. Neste ano, por exemplo, durante a maior parte da temporada de premiações parecia haver apenas um favorito, e apenas nas últimas semanas uma alternativa começou a se mostrar viável.
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Quanto aos demais, por mais que tenham trabalhos dignos de nota em debate, suas chances de vitória nunca foram levadas a sério. O curioso, no entanto, é que dos cinco indicados apenas um é estreante na premiação, sendo que um dos demais, inclusive, já possui uma estatueta em casa para chamar de sua – será que irá bisar essa vitória? Diante deste cenário, confira nossas apostas ao Oscar 2025 na categoria de Melhor Ator:
FAVORITO: Adrien Brody, por O Brutalista
Dos cinco finalistas escolhidos pela Academia, apenas um já contava com uma estatueta anterior – justamente Adrien Brody, premiado por seu desempenho em O Pianista (2002), há mais de duas décadas. Se naquela ocasião sua conquista foi uma surpresa e tanto, dessa vez uma eventual consagração não causará espanto em ninguém. Afinal, ele tem ganho praticamente tudo por seu desempenho em O Brutalista!
Já levou o Bafta, o Globo de Ouro (em Filme Drama), o Critics Choice e ainda foi indicado ao SAG Awards, ao Satellite, ao prêmio da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e ao Gotham. São escolhas de peso, que o colocam na preferência na bolsa de apostas, mas não suficientes para lhe garantir uma vitória fácil. Afinal, entre a indicação anterior e a deste ano, Brody não fez absolutamente nada digno de nota (ok, esteve em filmes premiados, como Meia-Noite em Paris, 2011, e O Grande Hotel Budapeste, 2014, mas sempre como coadjuvante).
Portanto, voltar ao centro das atenções já parece ser uma recuperação e tanto. Se irá colocar as mãos mais uma vez no ouro hollywoodiano, isso ainda é uma dúvida. Talento para isso ele tem de sobra. Seria falta apenas de oportunidade?
AZARÃO: Timothée Chalamet, por Um Completo Desconhecido
Indicado ao Oscar por seu comovente desempenho em Me Chame Pelo Seu Nome (2017), Timothée Chalamet nunca mais deixou de estar sob os holofotes de Hollywood. Filmes como Lady Bird: A Hora de Voar (2017), Querido Menino (2018), e, principalmente, Duna (2021), mantiveram todos os olhares voltados em sua direção. No entanto, nenhum destes papeis parece ter representado desafio maior do que viver na tela grande o icônico Bob Dylan, o protagonista de Um Completo Desconhecido.
Foram cinco anos de dedicação para este trabalho, e tamanho empenho e comprometimento parece ter sido recompensado: foi escolhido como o Melhor Ator do ano no SAG Awards, o prêmio do sindicato dos atores de Hollywood – ou seja, escolhido pelos próprios colegas como o destaque da temporada! Além disso, foi indicado ao Bafta, Critics Choice, Satellite e Globo de Ouro. Por fim, ganhou o Troféu Visionário no Gotham Awards. Talvez não seja um histórico tão impressionante assim, mas é, sim, suficiente para colocar o seu nome no meio da discussão.
Afinal, premiá-lo seria também uma maneira de reconhecer a própria trajetória de Dylan (que, aliás, possui seu próprio Oscar, recebido pela canção “Things Have Changed”, do filme Garotos Incríveis, 2000). Um combo difícil de resistir, não é mesmo?
SEM CHANCES: Sebastian Stan, por O Aprendiz
Quem diria que o Soldado Invernal das aventuras Marvel estaria, um dia, na disputa por um Oscar? Bom, mas se a rainha Ramonda de Wakanda também já foi indicada, e o Homem de Ferro em pessoa ganhou sua própria estatueta, sinal de que tudo é possível, certo? Pois bem, o garoto que começou a chamar atenção em séries como Lei & Ordem (2003) e Gossip Girl (2007-2010) e esteve no oscarizável O Casamento de Rachel (2008) em um papel que nem nome tinha – nos créditos do filme ele aparece como “Bowtie Party Guest” – dessa vez veio com tudo em não apenas um, mas dois filmes de respeito (e talvez seja justamente esse “duplo ataque” que esteja lhe dividindo os votos e diminuindo suas chances de vitória).
Stan, no último ano, ganhou o Urso de Prata de Melhor Ator no Festival de Berlim e o Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia ou Musical, mas por sua atuação em… Um Homem Diferente! E a indicação ao Oscar chegou por outro trabalho, sua interpretação como Donald Trump em O Aprendiz! Este último lhe rendeu ainda indicações ao Bafta, Globo de Ouro e Film Independent Spirit… mas ficou de fora do Critics Choice e do SAG Awards, por outro lado. Ou seja, este é o ano no qual Sebastian Stan deixou de ser visto como um herói de ação ou um rostinho bonito e passou a ser levado a sério como ator. E este já foi um feito e tanto.
ESQUECIDO: Daniel Craig, por Queer
Falando em “herói de ação e rostinho bonito” que quer ser levado a sério, como ignorar ninguém mais, ninguém menos do que o próprio James Bond? Pois bem. Daniel Craig se despe de qualquer vaidade ou charme para dar vida ao atordoado William Lee, um escritor viciado em drogas e apaixonado por um garoto muito mais jovem que o acompanha por uma viagem pela América Latina em busca de um conforto espiritual que parece nunca estar ao seu alcance.
Recebido com entusiasmo no Festival de Veneza, Queer rendeu indicações ao seu protagonista ao Critics Choice, European Film Awards, Globo de Ouro, Satellite e SAG Awards, além de ter sido eleito o melhor ator do ano pelo National Board of Review. Nada disso foi suficiente, no entanto, para lhe garantir uma vaga entre os cinco finalistas do Oscar. Uma verdadeira lástima.
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