Em 17 de dezembro de 2024, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou suas “shortlists”, ou seja, uma fase intermediária entre a estreia de determinado filme (e sua consequente habilitação a ser indicado ao Oscar) e a indicação de fato. Ou seja, trata-se de uma pré-seleção que diz respeito a dez das 23 categorias da premiação. Presta-se muita atenção nos que chegam nessa disputada lista em Filme Internacional, por exemplo, mas poucos são os que se interessam entre os pré-finalistas em Melhor Documentário em Longa-metragem.
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Na ocasião, foram anunciados 15 títulos, e destes apenas 5 chegaram na disputa final. Como se pode imaginar, é fácil perceber, entre os que ficaram de fora, quais foram vítimas das maiores injustiças. Mas entre os nominados, quais tem chances, de fato, de levar para casa a cobiçada estatueta dourada? Confira a seguir nossas apostas ao Oscar 2025 em Longa Documentário.
OSCAR 2025: INDICADOS
OSCAR 2025: APOSTAS
FAVORITO: Sem Chão
Um filme feito a partir da união entre israelenses e palestinos. Se na vida real tal união parece impossível, o cinema a tornou realidade. E não qualquer exercício audiovisual, mas aquele atento ao que se passa de concreto na vida real, longe da fantasia e da ficção. A vitória de Sem Chão, portanto, seria também uma mensagem ao mundo, ainda mais em tempos tão adversos quanto aos que estamos vivendo. As categorias de Melhor Documentário (tanto longa, quanto curta) são as mais políticas de toda a premiação da Academia, e não será diferente neste ano.
Premiado no Festival de Berlim, o longa dirigido por Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal e Rachel Szor foi reconhecido ainda no European Film Awards e no Gotham, foi o mais premiado pela International Documentary Association, reconhecido pelo National Board of Review e pela Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA, além de ter sido premiado pelos críticos de Nova York e de Los Angeles. Sem esquecer das indicações ao Bafta, ao Satellite e Film Independent Spirit Awards, por exemplo. Presente na mira do público – e da crítica, e da indústria – por quase um ano, mantendo-se constante nas discussões, é o candidato a ser derrotado.
AZARÃO: Guerra da Porcelana
Nos últimos dois anos, o vencedor nessa categoria abordava problemas relacionados ao conflito entre Rússia e Ucrânia (20 Dias em Mariupol, em 2024, e Navalny, em 2023). Pois bem, e qual dos cinco finalistas desta vez aborda assunto relacionado? Eis que Guerra da Porcelana pode conquistar o favoritismo dos votantes, caso a tendência se mantenha. E não se trata de um concorrente qualquer.
Indicado ao PGA Awards, ao Satellite e ao Critics Choice Documentary Awards, foi premiado nos festivais de Sundance, Heartland, Nantucket, Nashville, Newport, Seattle, St. Louis, Estocolmo, Sydney, Woodstock e Ashland, entre tantos outros. Ou seja, pode não ser o favorito, mas está em posição confortável para se mostrar ávido por uma vitória. Se tal desejo irá se concretizar ou não, bom, isso só saberemos no dia 02 de março.
SEM CHANCES: Trilha Sonora para um Golpe de Estado
Dos cinco concorrentes, apenas dois já foram lançados comercialmente no Brasil: este, que chegou aos cinemas, e Sugarcane, lançado diretamente em streaming. Curiosamente, ambos são os com menores chances de vitória. Trilha Sonora para um Golpe de Estado não só é o mais longo dos finalistas (tem 2h30min de duração), como se trata também de um documentário de arquivo, com muitas imagens de arquivo, pesquisas e depoimentos a respeito (que pode ser tanto revelador para alguns, como entediante para outros tantos).
Indicado ao Film Independent Spirit, ao Gotham, ao Critics Choice Documentary e ao European Film Awards, ficou em terceiro lugar na lista da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e foi premiado pela International Documentary Association apenas como Melhor Montagem e Melhor Roteiro, perdendo nas categorias principais. Ao todo, não possui nenhuma vitória de peso, o que torna bastante difícil um destaque agora de última hora.
ESQUECIDO: Dahomey
O vencedor do Bafta e do Satellite foi o mesmo: Super/Man: A História de Christopher Reeve. Mas este título sequer conseguiu um espaço na shortlist da Academia. Entre esses que tinha, de fato, chances de surgir por aqui, merecem ser lembrados filmes como Will & Harper (indicado ao Bafta e premiado no National Board of Review) ou Filhas (premiado em Sundance e também indicado ao Bafta). Porém, nenhuma ausência deve ser tão sentida quanto a do senegalês Dahomey – que disputava duas indicações (Documentário Longa e Filme Internacional) e não conseguiu pontuar, nem lá, nem aqui.
Premiado com o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim, o filme dirigido por Mati Diop foi indicado ao Gotham, Satellite, International Documentary Association, Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA (segundo lugar) e ao Critics Choice Documentary Awards, além de ter sido reconhecido pelo National Board of Review. Mais do que isso, no entanto, é o tema que aborda – a reparação histórica de colonialistas europeus em relação aos povos africanos invadidos e explorados décadas (e séculos) atrás – que merecia tal exposição e debate. Uma oportunidade de ouro que a Academia não soube dar o peso merecido.
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