O Oscar 2025 vai ficar marcado para sempre na história do Brasil. Pela primeira vez ganhamos uma estatueta de Melhor Filme Internacional. E o que torna o triunfo verde e amarelo ainda mais especial é que ele vem com um filme que fala sobre os horrores da ditadura militar que desgovernou o país por 21 anos. Vivemos recentemente quatro anos de terror com um governo federal de extrema-direita, filhote dessa mesma ditadura, e que pregava a destruição da cultura. Foi no fatídico mandato de Jair Bolsonaro que os incentivos à produção do cinema miguaram e parte da Cinemateca Brasileira pegou fogo colocando em risco nosso patrimônio audiovisual.
O Oscar 2025, para o Brasil, marca assim um tempo de Retomada. Especificamente sobre a festa que aconteceu neste domingo, 02, em Los Angeles, ela não teve grandes picos de emoção ou mesmo surpresas acachapantes. Foi, quando muito, uma cerimônia morna que somente ganhou um verniz emocionante porque o Brasil estava na disputa. Portanto, demos mais ao Oscar do que o Oscar deu para a gente.
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Na verdade, nada foi verdadeiramente surpreendente no Oscar 2025. Podemos, então, falar de algo positivo e inédito que aconteceu na noite deste domingo: a vitória na categoria Melhor Figurino de Paul Tazewell, por Wicked. Estamos falando da primeira vez em que um homem negro ganhou essa estatueta nas 97 edições da maior festa de Hollywood. Já a Letônia, com Flow, e o Brasil, com Ainda Estou Aqui, garantiram as suas primeiras estatuetas, respectivamente, Melhor Animação em Longa-metragem e Melhor Filme Internacional.
Sean Baker, por Anora, se tornou a primeira pessoa a ganhar quatro estatuetas do Oscar pelo mesmo filme. Ele levou para casa os prêmios de Filme, Montagem, Roteiro Original e Direção.
Para nós brasileiros, a grande decepção foi a vitória de Mikey Madison, por Anora, na categoria Melhor Atriz. Na nossa cabeça estava tudo preparado para a consagração de Fernanda Torres, mas infelizmente a Academia preferiu seguir uma tendência histórica de conceder a estatueta de Melhor Atriz para uma novata promissora. De acordo com um levantamento feito recentemente, desde 1930 apenas 19% das mulheres indicadas ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante estão acima dos 50 anos.
De certa forma, embora fosse absolutamente previsível, foi decepcionante a derrota de Isabella Rossellini, por Conclave, na categoria Melhor Atriz Coadjuvante para Zoe Saldana, por Emilia Pérez. Aliás, a atriz italiana deu um show com seu figurino fazendo alusão ao filme Veludo Azul (1987), que a projetou mundialmente, dirigido por David Lynch, cineasta que morreu recentemente.
Numa festa previsível que apenas confirmou boa parte dos astros e estrelas considerados previamente como favoritos, a estatueta mais manjada de todas foi a de Melhor Ator Coadjuvante para Kieran Culkin, por A Verdadeira Dor – ele ganhou praticamente todos os prêmios preliminares e, assim, era uma aposta totalmente segura. Flow ganhar como Melhor Animação era algo também esperado, assim como igualmente poucos apostariam contra Wicked para Melhor Figurino e Design de Produção.
No fim das contas, o Oscar teve mínimas coisas inusitadas, sendo novamente uma festa morna e um tanto burocrática, mas com um tempero tipicamente brasileiros que salvou a noite e nos coroou com um reconhecimento mais do que merecido.
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