Poucas vezes se viu uma corrida rumo ao garoto dourado de Hollywood tão acirrada e tempestuosa como a do Oscar 2025. Novas – e velhas – polêmicas tem surgido todos os dias, tornando difícil (ou mesmo quase impossível) qualquer exercício de previsão de quem deverá, enfim, levar a mais cobiçada das estatuetas para casa. Mas, é claro, há exceções. E uma delas está na disputa de Melhor Ator Coadjuvante.
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Dentre os cinco concorrentes deste ano, há pouca diversidade – nenhum homem negro, nenhum homem LGBT+, nenhum homem representante de qualquer outro tipo de minoria – mas, ao menos, há um perceptível movimento rumo a uma bem-vinda renovação. Afinal, apenas um dos indicados havia sido nominado ao prêmio da Academia em edições anteriores – os quatro demais são estreantes na competição! Três norte-americanos, um inglês e um russo (!) são os finalistas dessa temporada, e a seguir você confere as nossas apostas em Melhor Ator Coadjuvante no Oscar 2025!
FAVORITO: Kieran Culkin, por A Verdadeira Dor
O irmão mais novo de Macaulay Culkin estreou no cinema ao lado do mano em Esqueceram de Mim (1990), mas rapidamente conseguiu sair da sombra do astro da família e se tornou ele próprio um nome a se prestar atenção. Atuou ao lado de Meryl Streep em Música do Coração (1999) e de Michael Caine em Regras da Vida (1999), mas foram títulos como A Estranha Família de Igby (2002) – pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro e premiado no Critics Choice – e, principalmente, a série Succession (2018-2023) – pela qual ganhou o Emmy – que entrou de vez no radar de Hollywood.
Em A Verdadeira Dor, seu personagem disputa o protagonismo ao lado do tipo defendido por Jesse Eisenberg (há quem diga que ele tem mais destaque do que o ator/diretor/roteirista), e a composição cativante que oferece como um rapaz depressivo que precisa lidar com seus próprios demônios durante uma visita à Polônia dos seus antepassados foi suficiente para lhe valer algumas das principais honrarias dessa temporada, como o Globo de Ouro, o National Board of Review e a principal tríade crítica do país: Sociedade Nacional, Nova York e Los Angeles. Sua vitória no Oscar, portanto, está praticamente garantida!
AZARÃO: Edward Norton, por Um Completo Desconhecido
Esta é nada menos do que a quarta indicação ao Oscar de Edward Norton, ator que já merecia essa consagração há quase três décadas – sua primeira indicação foi por As Duas Faces de um Crime (1996)! Em Um Completo Desconhecido, ele não aparece como uma figura histórica – o músico Pete Seeger, personagem fundamental na história de Bob Dylan – como parece também ter caído nas graças do público e da crítica: foi premiado pelos especialistas de Boston e indicado ao Globo de Ouro, Bafta, SAG Award e Critics Choice.
Sem esquecer que este filme é um dos campeões de indicações deste ano: concorre em 8 categorias, mostrando sua força junto aos votantes! Pelo histórico do artista, pela energia do personagem e pela penetração do longa, confirma-se como uma segunda via bastante atraente, ainda que não a aposta mais óbvia!
SEM CHANCES: Yura Borisov, por Anora
A indicação do russo Yura Borisov não pode ser apontada como uma “surpresa”, afinal, ele foi lembrado em praticamente todas as disputas dessa temporada de premiações (esteve no Globo de Ouro, Gotham e Satellite, além de indicado ainda ao Critics Choice, Bafta, Spirit e SAG Award, por exemplo). A única vitória de peso que somou nessa maratona, no entanto, foi junto aos críticos de Los Angeles – num empate com o favorito Kieran Culkin!
Sem esquecer que, apesar da longa carreira que possui em sua terra natal, é praticamente um desconhecido em Hollywood – Anora é sua estreia nos Estados Unidos, e o título de maior repercussão de sua filmografia até então, o finlandês Vagão N°6 (2021) – premiado no Festival de Cannes e indicado como Filme Estrangeiro no Globo de Ouro – se manteve por demais restrito ao circuito dos festivais, sem maior aderência junto ao público. Yura Borisov, portanto, é ainda visto por muitos como uma “revelação”, e por mais envolvente que sua presença no longa de Sean Baker se revele, a maioria dos votantes parece acreditar que apenas a indicação já foi uma imensa vitória para ele!
ESQUECIDO: Clarence Maclin, por Sing Sing
O estreante Clarence Maclin não foi completamente esquecido no Oscar 2025. Ele, afinal, está na disputa pela estatueta dourada na categoria de Melhor Roteiro Adaptado pelo drama carcereiro Sing Sing (2024). Mas Divine Eye, o personagem que interpreta no mesmo filme, merecia uma vaga também entre os concorrentes a Melhor Ator Coadjuvante.
Este é seu primeiro trabalho – não apenas no cinema, mas como ator – e se Divine Eye é apresentado como uma versão de si mesmo, o resultado é nunca menos do que impressionante, roubando todas as atenções cada vez que se mostra em cena, eclipsando até mesmo o protagonista vivido pelo gigante Colman Domingo. Não por acaso, foi indicado ao Bafta, Critics Choice, Satellite, Spirit e ganhou o Gotham, confirmando-se como o verdadeiro coração do filme que participa e o personagem mais envolvente e transformador. Perde a Academia por ignorar um desempenho tão radical e intenso quanto esse.
