Quatro filmes europeus e um da América do Sul no Oscar 2025. Este é o retrato do que de melhor foi feito fora dos Estados Unidos (em qualquer idioma que não o inglês) em 2024. Mas, quem assistir aos cinco longas, irá se deparar com uma história brasileira, uma dinamarquesa (porém filmada na Polônia), uma ambientada no México, uma trama situada no Irã e, por um, um conto pós-apocalíptico, sem endereço nem localização. Ou seja, como se pode perceber a partir dessa rápida descrição, somente o nosso representante é que se confirma, de fato, fiel à realidade do país.
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E se de alguns anos para cá a categoria de “Filme Internacional” (já chamada de Filme Estrangeiro, ou Filme em Língua Estrangeira) era quase um reduto à parte dentre os indicados, há alguns anos esse cenário mudou. Tanto é que, dos 5 finalistas, três estão presentes também em outras disputas. Inclusive o campeão de indicações desse ano. Isso, portanto, faz dele o franco favorito? Pouco provável. E a gente explica logo a seguir. Eis, portanto, as nossas apostas ao Oscar 2025 em Melhor Filme Internacional:
OSCAR 2025: INDICADOS A MELHOR FILME INTERNACIONAL
- Ainda Estou Aqui (Brasil)
- A Garota da Agulha (Dinamarca)
- Emilia Pérez (França)
- A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha)
- Flow (Letônia)
OSCAR 2025: APOSTAS
FAVORITO: Ainda Estou Aqui (Brasil)
O histórico afirma sem dúvidas: sempre que um filme é indicado nas duas categorias – Filme e Filme Internacional – ao menos na segunda sua vitória é certa. Foi assim com taiwanês O Tigre e o Dragão (2000), com o mexicano Roma (2018), com o japonês Drive My Car (2021) ou com o alemão Nada de Novo no Front (2022), por exemplo. Mas o que fazer quando são dois os presentes em ambas as listas? Pois é justamente o que aconteceu dessa vez, e pela primeira vez na história! Emilia Pérez e Ainda Estou Aqui disputam tanto lá, quanto cá.
Então por qual motivo o brasileiro é o favorito? Bom, não seria. Quando as indicações foram anunciadas, o francês, recordista com 13 indicações, logo despontou como o provável vencedor em várias dessas disputas – inclusive aqui. Tanto que ganhou o Globo de Ouro e o Critics Choice, por exemplo. Mas essas foram votações feitas antes das polêmicas começarem. E elas foram terríveis, manchando as reputações do diretor Jacques Audiard e das atrizes Karla Sofia Gascón e Zoe Saldana, entre outros envolvidos na produção.
E como estávamos na segunda posição no começo, rapidamente passamos a ocupar a posição de preferidos nas bolsas de apostas. E com merecimento. Premiado no Festival de Veneza (melhor roteiro) e no Globo de Ouro (melhor atriz em filme drama), entre outros tantos reconhecimentos, o longa dirigido por Walter Salles tem tudo para fazer bonito na noite do dia 02 de março e trazer para casa uma conquista inédita para os brasileiros!
AZARÃO: Emilia Pérez (França)
Bom, as razões estão mais do que explicadas no parágrafo acima. O francês Emilia Pérez era – tempo verbal passado – o favorito. Mas não é mais. O diretor Jacques Audiard falou mal dos mexicanos, declarações antigas de Zoe Saldana demonstraram desprezo em relação aos colombianos, um caso de blackface ressurgiu do seu passado, e nada foi pior do que o comportamento da protagonista Karla Sofia Gascon, que não só acusou a equipe da brasileira Fernanda Torres de estar orquestrando um ataque online contra ela, como também se descobriram mensagens antigas dela nas redes sociais atacando a própria Academia e desfilando preconceito e discursos de ódio contra colegas de elenco, muçulmanos e um viés assustadoramente fascista.
Como se recuperar disso? Quase impossível. Mas, como dito, ainda assim, é o filme campeão de indicações deste ano, presente em 12 categorias (com um total de 13 indicações). A torcida para que saia de mãos abanando em todas estas disputas, atualmente, é grande. Mas alguma coisa deve levar. Resta aos brasileiros torcer para que essa surpresa não seja justamente por aqui.
SEM CHANCES: A Garota da Agulha (Dinamarca)
Esta é a décima quarta indicação da Dinamarca, país que já conta com quatro vitórias (está no Top 5 de mais premiados da Academia). E sua última vitória foi recente, ainda nesta década: Druk: A Última Rodada, foi premiado em 2021. Ou seja, ninguém parece estar desesperado para dar mais um Oscar para os dinamarqueses.
A Garota da Agulha teve sua primeira exibição como parte da mostra competitiva oficial do Festival de Cannes, ao lado de Emilia Pérez e de A Semente do Fruto Sagrado, e de lá saiu de mãos abanando – ao contrário desses dois citados, que ganharam, respectivamente, os troféus de Melhor Atriz, Trilha Sonora e Prêmio do Júri (primeiro) e Prêmio Especial do Júri, Prêmio do Júri Ecumênico, Prêmio da Crítica (Fipresci), Prêmio François Chalais e Prêmio AFCAE (segundo).
Além do Oscar, o longa dirigido por Magnus von Horn foi indicado ainda ao Globo de Ouro, Satellite e ficou entre os cinco melhores estrangeiros do ano na lista do National Board of Review – e só. Nenhuma vitória. E por mais que tenha defensores apaixonados, possui na mesma medida detratores que reclamam da violência de sua história. Ou seja, uma consagração, até então inédita em sua carreira, não deve ser esperada com muita expectativa.
ESQUECIDO: Kneecap: Música e Liberdade (Irlanda)
Canadá, República Tcheca, Islândia, Irlanda, Itália, Noruega, Palestina, Senegal, Tailândia e Reino Unido. Esses são os dez países cujos representantes constavam da shortlist da Academia (a Fase 2, digamos), mas que falharam em se confirmar entre os 5 finalistas. Destes, títulos fortes, como o italiano Vermiglio (premiado no Festival de Veneza e indicado ao Globo de Ouro) ou o senegalês Dahomey (Urso de Ouro no Festival de Berlim) poderiam ser apontados como os esnobados da vez.
Mas nenhuma ausência foi mais sentida do que a do irlandês Kneecap: Música e Liberdade. Indicado ao Bafta em 6 categorias (inclusive Melhor Filme Britânico e Melhor Filme Estrangeiro), grande vencedor do British Independent Film Awards (sete vitórias, inclusive Melhor Filme), premiado no Festival de Sundance e indicado ao Critics Choice, esse drama musical falado em gaélico foi citado por muitos especialistas como uma das apostas certas nessa categoria. Vale lembrar que a Irlanda foi indicada recentemente ao Oscar, por A Menina Silenciosa, em 2023, sendo essa sua única participação no prêmio da Academia de Hollywood em 97 anos!
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