Ao contrário de muitas organizações regionais de críticos por todos os Estados Unidos, e até mesmo em cerimônias de maior alcance de popularidade, como o Globo de Ouro ou o Film Independent Spirit, a categoria de Roteiro nem sempre é dividida entre Adaptados e Originais: muitas vezes, há apenas uma, com os melhores de um ou de outro formato concorrendo em conjunto. Isso pode gerar algumas distorções na hora de apontar os favoritos na escolha da Academia.
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E, por outro lado, o sindicato dos roteiristas de Hollywood – Writers Guild of America – é tão criterioso em sua própria premiação que só permite que associados sejam indicados, gerando distorções como a deste ano, quando três dos finalistas por aqui nem sequer poderiam ser indicados ao WGA Award simplesmente por não pagarem uma anuidade (Straughan é britânico, Audiard é francês, e Maclin é estreante nesta função). Então, diante de um cenário por vezes confuso, e até mesmo imprevisível, eis as nossas apostas ao Oscar 2025 para Melhor Roteiro Adaptado!
OSCAR 2025: INDICADOS A MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
- Peter Straughan, por Conclave
- Jay Cocks e James Mangold, por Um Completo Desconhecido
- Jacques Audiard, Léa Mysius, Thomas Bidegain e Nicolas Livecchi, por Emilia Pérez
- RaMell Ross e Joslyn Barnes, por Nickel Boys
- Clint Bentley, Clarence Maclin, Greg Kwedar e John Divine G Whitfield, por Sing Sing
OSCAR 2025: APOSTAS
FAVORITO: Peter Straughan, por Conclave
Com oito indicações ao Oscar, o longa dirigido por Edward Berger dificilmente sairá da festa deste ano de mãos abanando. E ainda que tenha ganho o Bafta como Melhor Filme do Ano, ele não parece ter muitas chances na categoria principal entre os votantes nos Estados Unidos.
Por outro lado, essa parece ser um excelente oportunidade para recompensar o trabalho da produção. Peter Straughan está em sua segunda indicação (concorreu antes por O Espião Que Sabia Demais, 2011), e pelo texto de Conclave já ganhou, até o momento, o Globo de Ouro, o Critics Choice e o Bafta – ou seja, as três premiações de maior visibilidade. Esse é o tipo de exposição que costuma ser determinante na hora de escolher o favorito da Academia. Resta esperar até a noite do dia 02 de março para ver se essa aposta se confirma.
AZARÃO: RaMell Ross e Joslyn Barnes, por Nickel Boys
Dos cinco finalistas ao Oscar, apenas dois concorriam ao WGA Awards: Nickel Boys e Um Completo Desconhecido. E a vitória foi de RaMell Ross e de Joslyn Barnes. Com apenas duas indicações ao Oscar – Roteiro Adaptado e Melhor Filme – uma vitória aqui seria surpreendente (50% de aproveitamento tá bom demais). E o empurrão dado pelos próprios roteiristas pode significar a diferença que faltava.
E os escritores possuem histórico: Barnes concorreu em dois anos anteriores, porém ambas as ocasiões como Melhor Documentário em Longa-metragem (na última, em 2019, em conjunto com Ross, pelo filme Hale County This Morning, This Evening). São, portanto, estreantes nessa categoria. E apesar de terem sido indicados também ao Bafta e ao Critics Choice, premiados mesmo foram apenas pelos críticos de Boston, de Chicago e no Satellite. Não é pouca coisa, e por isso que uma reviravolta por aqui não pode ser descartada.
SEM CHANCES: Jacques Audiard, Léa Mysius, Thomas Bidegain e Nicolas Livecchi, por Emilia Pérez
Com tantas polêmicas envolvendo o campeão de indicações deste ano, talvez uma das maiores unanimidades seja o quão problemática é a própria trama desenvolvida em Emilia Pérez. O filme dirigido por Jacques Audiard é construído em cima de estereótipos que o próprio cineasta confessou ter feito pouco estudo a respeito, é ambientado no México – país onde o diretor não realizou nenhuma pesquisa de campo – e filmado quase na sua totalidade em estúdio, com atores europeus ou estadunidenses se passando por locais.
Ou seja, uma verdadeira salada. Tanto Mysius quanto Bidagain e Livecchi estão em suas primeiras indicações ao Oscar, e pelo texto que desenvolveram em conjunto com Audiard não foram lembrados em absolutamente nenhuma outra premiação – nem mesmo no César, que é o maior reconhecimento do país de origem da produção. Enfim, sua própria presença por aqui denota um problema de avaliação muito maior do que qualquer análise apressada poderia avaliar.
ESQUECIDO: Denis Villeneuve e Jon Spaihts, por Duna: Parte 2
Quando lançado nos cinemas, no início de 2024, Duna: Parte 2 foi logo abraçado pelo público e pela crítica como uma conclusão vigorosa e eficiente da adaptação do livro clássico de Frank Herbert. No entanto, com o decorrer do ano, tais elogios foram perdendo força, e o resultado foram apenas 5 indicações ao Oscar 2025. Diversas apostas seguras, como Direção e Roteiro Adaptado, ficaram pelo caminho, o que é uma imensa injustiça.
Tanto Villeneuve quanto Spaihts foram indicados em 2022 por Duna: Parte 1, e mereciam esse segundo reconhecimento. Não por acaso, foram lembrados no Critics Choice, no Prêmio Saturno e em diversas agremiações regionais de críticos, como na Florida, Kansas, Las Vegas, San Diego, Washington, Indiana, Georgia e Havaí. Por fim, foram indicados também ao WGA Awards, o prêmio dos roteiristas. A exclusão de ambos pelos votantes da Academia é, no mínimo, uma vergonha.
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