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A Associação Brasileira de Documentaristas (ABD) designou o 07 de agosto como o Dia do Documentário Brasileiro em homenagem ao cineasta baiano Olney São Paulo, que inclusive foi preso e torturado durante da ditadura civil-militar por conta de seu Manhã Cinzenta (1969). O filme fala sobre o primeiro sequestro de um avião brasileiro por membros da organização armada MR-8. Nós, do Papo de Cinema, aproveitamos o gancho para fazer uma seleção de cinco documentários brazucas imperdíveis à disposição no vasto catálogo do Telecine. Há quem diga que o documentário se restringe a encarar a realidade e que a ficção se encarrega da representação. Mas, essa lógica está ultrapassada, especialmente por conta da variedade de exemplares apostando numa hibridização que permite o surgimento dessas bem-vindas impurezas. Certamente, se trata de um formato mais barato, talvez de natureza afeita às experimentações. No Brasil, especialmente nos últimos 20 anos, num momento pós-retomada, a cena documental cresceu muito, também por ser alimentada por um tipo de produção mais prática e de rápida feitura. Mas, hoje é dia de festa. Fique então com essas cinco dicas do Papo de documentários brasileiros que podem ser facilmente encontrados no catálogo do Telecine.

 

Indianara (2019)
Dirigido em conjunto pela francesa Aude Chevalier-Beaumel e pelo brasileiro Marcelo Barbosa, Indianara teve sua première no Festival de Cannes de 2019, chamando atenção numa prestigiada mostra paralela. Sua protagonista é Indianara Siqueira, uma das principais ativistas transexuais do Brasil, líder da Casa Nem, lar de acolhimento de travestis e transgêneros, cuja principal função é fornecer abrigo, comida e aconchego a uma população absolutamente vilipendiada sob o nariz da coletividade que prefere fazer vista grossa e ouvido de mercador. Se trata de um retrato forte acerca de alguém que faz política com o próprio corpo e que devota praticamente toda sua existência a garantir que desvalidos tenham vez e voz.
EXCLUSIVO :: Entrevista com os diretores Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa

 

Bacurau no Mapa (2019)
Bacurau (2019) foi um dos principais acontecimentos cinematográficos de 2019. Reconhecido com o Troféu Especial do Júri no festival de Cannes 2019; escolhido para abrir o Festival de Gramado do mesmo ano; consagrado como o grande vencedor da 25ª edição do Prêmio Guarani do Cinema Brasileiro (indicado a 15 prêmios, ganhou oito deles); e, além disso, um fenômeno de bilheteria. Bacurau no Mapa, dirigido por Kleber Mendonça Filho, apresenta uma entrada privilegiada no processo de construção desse êxito tipicamente brasileiro, em meio ao qual ocorrem discussões sobre a realização de cinema em nosso país e o cruzamento de várias tradições num faroeste social com gosto e intensidade. Uma oportunidade e tanto.

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O Corpo É Nosso (2019)
Dirigido por Theresa Jessouroun, O Corpo é Nosso levou para casa o prêmio de Melhor Som no Cine PE 2019. Sua carreira em festivais também teve episódios internacionais, vide a exibição no Festival Porto Femme Portugal 2019 e no Festival de Durban África do Sul 2019. Ele mostra o abismo ainda persistente entre a trajetória da desconstrução do corpo da mulher negra como objeto e o da mulher branca. A liberdade do feminino, seja na música, dança ou na sexualidade, e a desconstrução da visão de masculinidade a partir do feminismo pautam essa visão que mistura documentário e ficção. Mas, onde fica a pureza? A verdade? Oras, quem disse que esses atributos também não passam pela interlocução entre pessoas reais e personagens construídos? O Corpo é Nosso vem para engrossar as fileiras do questionamento acerca das fronteiras entre essas possibilidades de cinema que crescem ao se mesclar.

 

Lixo Extraordinário (2010)
Primeiro, o objeto, Lixo Extraordinário se debruça sobre um aparente paradoxo: o lixo virando arte. O artista plástico Vik Muniz cria no Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário da América Latina, localizado na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O documentário dirigido por Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim cumpre muito bem sua função de observar uma realidade desgraçada, apresentando, como contraponto, o poder da força transformadora. Indicado ao Oscar 2011 de Melhor Longa-metragem de Documentário, Lixo Extraordinário igualmente ganhou uma nominação na mesma categoria do 17º Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro (e também concorreu a Melhor Filme) e pode ser conferido pelos assinantes do Telecine. Histórias de superação são voláteis, mas engrandecem quando bem conduzidas.

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Irmãos no Futebol: A História dos dois Corinthians (2019)
Esporte mais popular do mundo, o futebol esconde muitas histórias insólitas. Uma delas pode ser vista nos desdobramentos da visita de um clube inglês, em 1910, a São Paulo. O Corinthian-Casuals FC, que viria novamente ao nosso país em 1914 – teve de voltar às pressas a Europa por conta da eclosão da Primeira Guerra Mundial –, inspirou a fundação do Sport Club Corinthians Paulista, que viria a se transformar numa das maiores agremiações do mundo. Dirigido por Chris Watney, o documentário apresenta as peculiaridades da coexistência de dois Corinthians no mundo do futebol: na Inglaterra, o Corinthian-Casuals FC e seus jogadores amadores do sul de Londres; no Brasil, o Sport Club Corinthians Paulista, um dos gigantes do esporte bretão. Para quem curte cinema e futebol, o Telecine claramente marcou um golaço.

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