20200819 sharon stone papo de cinema

Instinto Selvagem (1992) ficou amplamente conhecido como “o filme da cruzada de pernas de Sharon Stone, alusão à cena na qual a escritora interpretada pela atriz cruza, sedutora e vagarosamente, as pernas durante um interrogatório, e no movimento deixando ver parcialmente a sua vagina. Justiça seja feita: o filme é bem mais do que esse breve momento, embora este seja realmente icônico, sobretudo como forma de mostrar a acusada dominando por meio do erotismo os bobalhões que a interrogam. Pois, bem, recentemente Stone lançou sua autobiografia intitulada The Beauty of Living Twice, na qual menciona que não fazia ideia de que sua vagina seria exposta na cena e que só ficou sabendo do resultado numa exibição repleta de agentes e advogados.

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Foi assim que vi a cena pela primeira vez, muito depois de terem me dito: ‘Não podemos ver nada – preciso que você tire sua calcinha, pois o branco está refletindo a luz, então sabemos que você está de calcinha ‘Agora, aqui está o problema. Não importava mais (…) Fui até a cabine de projeção, dei um tapa no rosto de Paul, saí, fui até meu carro e liguei para meu advogado, Marty Singer. Marty me disse que eles não poderiam lançar o filme como estava (…) Bem, esse foi o meu primeiro pensamento. Então pensei um pouco mais. E se eu fosse o diretor? E se eu tivesse conseguido esse take? De propósito? Por acaso? Isso era muito em que pensar. Eu sabia que filme estava fazendo. Pelo amor de Deus, lutei por isso e em todo esse tempo apenas esse diretor tinha me defendido”.

Questionado recentemente pela revista norte-americana Variety, Paul Verhoeven disse que se lembra do episódio de modo completamente diferente: “Minha memória é radicalmente diferente da memória de Sharon. Isso não atrapalha e não tem nada a ver com a maneira maravilhosa como ela retratou Catherine Tramell. Sharon é absolutamente fenomenal. Temos um relacionamento agradável e trocamos mensagens de texto. Mas a versão dela é impossível. Sharon sabia exatamente o que estávamos fazendo. Eu disse a ela que a cena era baseada na história de uma mulher que conheci quando era estudante. Ela cruzava as pernas sem calcinha regularmente em festas. Quando revelamos que podíamos ver sua vagina, ela disse: ‘Claro, é para isso que faço’. Então Sharon e eu decidimos fazer uma sequência semelhante”. Então, qual versão parece a mais plausível?

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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