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Pelo segundo ano, China supera Estados Unidos nas bilheterias

Publicado por
Bruno Carmelo

Em 2020, o mercado foi pego de surpresa com o anúncio de que as produções chinesas superaram, com folga, o faturamento obtido por Hollywood. Enquanto a China se recuperou com rapidez da pandemia de coronavírus, os Estados Unidos demoraram para controlar a doença no país, o que dificultou a reabertura de salas e a confiança dos espectadores. Até hoje, a taxa de americanos não-vacinados, devido à crença em teorias conspiratórias, prejudica a retomada da economia.
Em 2021, o cenário se repete: pelo segundo ano consecutivo, os chineses representam o maior mercado cinematográfico do mundo. Segundo o site Hollywood Reporter, o país asiático atingiu US$ 7,3 bilhões, conquistando mais do que o dobro dos números de 2020, e chegando perto dos índices pré-pandemia — os chineses faturaram US$ 9,2 bilhões em 2019. Enquanto isso, as bilheterias nos Estados Unidos ficaram em US$ 4,5 milhões, ou seja, 60% abaixo dos índices de 2019.
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The Battle at Lake Changjin

Alguns fatores justificam o crescimento veloz da indústria audiovisual chinesa, em relação à norte-americana. Um deles diz respeito ao protecionismo: o governo local tem limitado a entrada de lançamentos estrangeiros, levando os espectadores a prestarem mais atenção nas obras locais. Enquanto 31 longas-metragens dos Estados Unidos estrearam nas salas chinesas em 2020, apenas 20 filmes estrearam no mesmo circuito exibidor em 2021. O mercado chinês é fundamental para o sucesso financeiro das produções hollywoodianas.
Isso significa que apenas 12% do faturamento na China veio de títulos norte-americanos. Este índice já superou 30% nos anos anteriores. Para título de comparação, no Brasil, onde o atual governo se recusa a proteger as produções locais, o cinema americano chega a ultrapassar 90% do faturamento anual (caso de 2020). No último ano, os cinemas chineses acolheram 472 produções nacionais, e oito das dez maiores bilheterias do ano pertencem ao cinema nacional.
Considerando as bilheterias do mundo inteiro, dois títulos entre os três maiores sucessos de 2021 pertencem à China: o épico The Battle at Lake Changjin (com US$ 902 milhões) e a comédia Hi, Mom (US$ 822 milhões). Eles perdem apenas para Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, que estreou no fim do ano e já acumula US$ 1,3 bilhão mundialmente.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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