Graças a muita organização e pressão dos grupos minoritários, os gigantes da indústria do entretenimento começam, enfim, a fazer algumas formas de concessão em prol de uma representação mais igualitária. Atores negros ainda possuem menos oportunidades do que os brancos; personagens gays e lésbicas são pouco representados em personagens centrais, e os trans, sequer são representados. Outro problema merece ser discutido: o capacitismo.
Peter Dinklage, ator vencedor de quatro Emmys pelo papel em Game of Thrones (2011 – 2019), não poupou palavras ao criticar a nova versão de Branca de Neve e os Sete Anões, anunciada pela Disney, com Rachel Zegler (de Amor, Sublime Amor, 2021) no papel principal: “Fiquei um pouco chocado com o fato de que a Disney ficou muito orgulhosa de escalar uma atriz latina para o papel de Branca de Neve. Mas você ainda está contando a história de Branca de Neve e os Sete Anões”.
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O ator continua: “Eles são progressistas por um lado, mas ainda estão fazendo essa p***a de história retrógrada sobre sete anões morando numa caverna. Que p***a você está fazendo, cara? Eu não consegui fazer as coisas avançarem nem um pouco? Talvez eu não grite alto o bastante. Tenho muito amor e respeito à atriz e às pessoas que pensam estar fazendo a coisa certa, mas só consigo pensar ‘O que vocês estão fazendo?'”.
De fato, a imagem folclórica de anões bondosos e mitológicos, próximos de gnomos que servem de ajudantes a uma princesa, é bastante ofensiva as pessoas que vivem com nanismo. Dinklage acrescenta que, caso a Disney investisse numa versão progressista, com um olhar moderno, ele defenderia com certeza.
O ator entende de releituras e versões respeitosas dos clássicos. Ele atua no papel principal de Cyrano (2021), uma adaptação da peça clássica Cyrano de Bergerac pelo diretor Joe Wright. No entanto, ao invés do personagem original, com seu nariz gigantesco, o diferencial que o impede de ser amado pela mulher dos sonhos se encontra no nanismo. Dinklage foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator pelo papel.