Antes de comprar ingresso e pipoca, nada melhor que conhecer um pouco mais sobre os personagens que irão constituir o enredo do filme escolhido, certo? Pois bem, então a pedida, mais uma vez, é o especial Quem é Quem, no qual o Papo de Cinema entrega ao leitor um bocado de informações da carreira dos artistas envolvidos no projeto em questão e também detalhes sobre seu papel no enredo. O título da vez é Corisco & Dadá, de Rosemberg Cariry. A produção brasileira lançada em 1996 – durante a Retomada (termo que se refere ao audiovisual feito no Brasil entre 1995 e 2002, após um período de quase estagnação) – está de volta ao circuito em cópia restaurada.
Na trama de Corisco & Dadá, Dadá é sequestrada aos 12 anos de idade pelo Capitão Corisco. Ela passa a viver a difícil vida do cangaço. Aos poucos, surge um companheirismo entre os dois, capaz de transformar o ódio em um amor que muda a história do cangaceiro. Para saber mais sobre Corisco & Dadá, siga o fio!
Cristino Gomes da Silva Cleto, mais conhecido como Corisco, foi um dos mais famosos cangaceiros da história do Brasil. Era conhecido por sua beleza, porte físico atlético e cabelos longos, que o deixavam com uma aparência agradável, além da força física. Por estes motivos foi apelidado de Diabo Loiro, quando entrou no bando de Lampião. No audiovisual, vale lembrar, Corisco já havia sido encarnado por ninguém menos queOthon Bastos em Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), importante obra do Cinema Novo.
Nos anos 1990, aceitando o desafio de viver o mítico personagem, após quase perder o papel para Bertrand Duarte e Alceu Valença, Chico Díaz desempenhou um dos trabalhos mais importantes de sua carreira. Por sua performance, aliás, venceu as categorias de Melhor Ator no Festival de Gramado 1996 e no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro de 1997.
Outra estrela que teve sua vida transformada pelo filme foi Dira Paes. Hoje reconhecida e premiada por seu trabalho nas telinhas e telonas (somente no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro são três vitórias), Dira ainda era uma atriz em ascensão nos anos 1990. Isso até aceitar o papel de Dadá, que por pouco não foi de Glória Pires, que declinou do projeto por conflitos de agenda.
Dadá, nascida Sérgia Ribeiro da Silva, foi a única mulher a usar fuzil no bando de Lampião. Corisco a sequestrou quando ela tinha apenas 13 anos de idade. Mais tarde, Corisco passou a ser seu grande afeto. Ele a ensinou a ler e escrever. Corisco permaneceu com ela até no dia de sua morte. Os dois tiveram sete filhos, mas apenas três deles sobreviveram. Segundo o próprio Rosemberg Cariry, em entrevista concedida ao Papo em 2021, “Chicoe a Dira se dedicaram ao filme com corpos, corações e mentes. Fizeram um trabalho visceral. O longa deve muito ao trabalho desses atores”.
Posteriormente muito popular por apostas como O Auto da Compadecida (2000) e Lisbela e o Prisioneiro (2003), Virginia Cavendish ainda estava dando os primeiros passos na tela grande, após atuar em inúmeras peças de teatro. Corisco & Dadá, aliás, marcou sua estreia em longas. No enredo, ela é Lídia, personagem central do primeiro estranhamento entre Corisco e Lampião. Isso porque sua personagem, que é casada com Zé Baiano, um dos comparsas de Lampião, acaba se relacionando amorosamente com um dos parceiros de luta de Corisco. Em meio ao ciúme e raiva que o acontecimento provoca ao ser descoberto, uma das cenas mais impactantes da trama se desenrola.
4. Regina Dourado é Perpétua
Segundo a lenda da antiga Pérsia, Xerazade, com sua beleza e inteligência, fascina o rei ao narrar histórias fantásticas por mil e uma noites. Corisco & Dadá também possui sua Xerazade, que se chama Perpétua. A personagem é a grande narradora dos feitos da dupla de protagonistas. Uma das frases mais imponentes do filme, aliás, é dita por ela: “tem coisa que a gente vê e não esquece nunca”. Perpétua é vivida por Regina Dourado, atriz que já havia trabalhado com temas do gênero na minissérie Lampião e Maria Bonita (1982). Antes mesmo de participar do filme, já havia ficado famosa nacionalmente por integrar o elenco de novelas como Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996-1997).
José Osório de Farias, mais Conhecido por Zé Rufino, foi um policial militar. Ele era chamado também de O Matador de Cangaceiros. Seu destino se cruza fortemente com o de Corisco após Lampião ser executado pela tropa do militar João Bezerra da Silva. Corisco, então, decide vingar seu ex-chefe e entra em conflito com Rufino.
O fim de Corisco, após intensas batalhas que são retratas no filme, é cruel e de conhecimento popular. Após tais enfrentamentos, Zé Rufino ficou conhecido como o maior caçador de cangaceiros de todos. O personagem é encarnado por Antonio Leite, artista nascido em Aracaju que também participou de obras como Sargento Getúlio, de 1983. Por seu trabalho em Corisco & Dadá, foi indicado ao Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro de 1997.
O método foi o escaneamento em 4K com posteriores retoques digitais. Isso possibilitou a confecção de uma nova matriz com imagem de som em altíssima resolução. Bárbara Cariry (filha de Rosemberg), é uma das idealizadoras do projeto. Bárbara, aliás, atuou em Corisco & Dadá, interpretando uma das filhas da personagem principal.
E aí? Se interessou? A seguir, fique com o trailer de Corisco & Dadá:
Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: victor@papodecinema.com.br