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A pandemia de coronavírus trouxe às administrações locais e federais um conflito com o qual nunca tinham lidado antes. Por isso, cada cidade, estado ou país tem interpretado à sua maneira as diretrizes de saúde: enquanto a Argentina realizou um lockdown intenso, limitando bastante o número de pessoas contaminadas, o Brasil nunca fechou de maneira coordenada e proibitiva o seu comércio, e mesmo assim, já está prestes a retomar as atividades.

Nos Estados Unidos, o Estado de Nova Jersey se encontra atualmente na Fase Três do protocolo de segurança local. Isso significa que igrejas já podem reabrir suas portas, mas salas de cinema e restaurantes continuam proibidos de funcionar. No entanto, este raciocínio tem causado perplexidade em diversas pessoas: por que as aglomerações em igrejas seriam seguras, ao contrário daquelas dentro dos cinemas e restaurantes?

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Por este motivo, as redes AMC, Regal e Cinemark, que figuram entre as maiores do país, abriram um processo conjunto contra o Estado pelo direito à reabertura. “Os requentes contestam as distinções inconstitucionais e ilegais do Estado ao permitir que certos espaços de aglomeração pública reabram, enquanto salas de cinema são obrigadas a permanecer fechadas. A Covid-19 representa um sério risco à saúde pública, e os requerentes apoiam ações justas e racionais do governo para lidar com este risco. Entretanto, a obrigação de fechamento total de salas de cinema por parte do governo não é justa nem lógica, e viola os direitos dos requentes à Primeira Emenda, referente à liberdade de expressão, proteção igualitária perante à lei, processo justo perante à lei, e apropriação de propriedade sem justa compensação”, alega o texto que tramitará em justiça.

No Brasil, o Estado de São Paulo autorizou a reabertura de salas de cinemas ainda no mês de julho, adiantando o prazo estipulado. Já o presidente Jair Bolsonaro tem defendido a reabertura das atividades, enquanto vetou o uso obrigatório de máscara nos comércios e igrejas. O Brasil e os Estados Unidos constituem os países com maior taxa de contaminação no mundo, enquanto países como Coreia do Sul e Nova Zelândia controlaram bem os riscos, e hoje reabrem o comércio sem perigos reais aos cidadãos.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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