Há algo de podre na plantação de tomates. O agregador de críticas Rotten Tomatoes deve enfrentar uma severa crise de credibilidade a partir de uma reportagem do site norte-americano Vulture. Isso porque a ferramenta foi acusada de vulnerabilidade de fraude. Referência não apenas aos cinéfilos, mas também à indústria do entretenimento que o enxerga como termômetro vital para planejar estreias e outros movimento de mercado, o Rotten Tomatoes estaria a mercê de uma manipulação de avaliações críticas em prol de determinados interesses comerciais. A reportagem do Vulture afirma que em 2015 a agência de publicidade Bunker 15 assumiu a conta do longa-metragem Ofélia (2018). Diante da recepção morna da produção quando da sua exibição no Festival de Sundance, a agência teria contratado “críticos de cinema” para que os mesmos avaliassem positivamente a produção e ela subisse no ranking do Rotten Tomatoes. Das 13 críticas iniciais que o filme ganhou, sete foram negativas. Ainda segundo a matéria, a Bunker 15 abordou profissionais de menor expressão e pagou até US$ 50 por avaliações positivas, sugerindo que não houvesse manifestação em caso de recepção negativa. Em janeiro de 2019, o filme ganhou mais oito críticas no agregador, sendo sete delas positivas, o que fez a nota no agregador subir de 47% para 62% – logo depois o filme ganhou uma distribuidora.
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Contatado pela reportagem, O fundador do Bunker 15, Daniel Harlow, afirmou: “Temos milhares de críticos em nossa lista de distribuição. Um pequeno grupo criou um sistema específico em que os cineastas podem patrocinar ou pagar para que critiquem um filme”. Já os representantes do Rotten disseram: “Levamos a integridade de nossas notas muito à sério e não toleramos tentativas de manipulação. Temos um time dedicado que monitora nossa plataforma regularmente, investiga e soluciona qualquer atividade suspeita”. De qualquer modo, embora seja popular há 25 anos, o Rotten Tomatoes presta um desserviço no sentido de dessensibilizar o público quanto às leituras individuais da crítica e valorizar um número de aceitação que daria conta do que é bom ou ruim entre os lançamentos cinematográficos – como se arte fosse matemática. Atualmente, a empresa é propriedade da Warner Bros. e da Fandango, dedicada a venda de ingressos que pertence à Universal Pictures. Parece um enorme conflito de interesses um agregador de críticas que (infelizmente) influencia o mercado ser propriedade de dois estúdios e de um comerciante de entradas de cinema, não é mesmo? E aí, você guia o seu consumo pelo Rotten Tomatoes?
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