Quase tão longevo quanto a própria ideia de cinema norte-americano, o produtor e diretor Roger Corman morreu na última quinta-feira, 09, aos 98 anos, em Santa Mônica, nos Estados Unidos. A causa não foi revelada pela família. Corman é um nome incontornável na história do cinema norte-americano, principalmente por seu pioneirismo na produção e lançamento de filmes independentes (algo quase impensável no contexto dos anos 1950 com os grandes estúdios hollywoodianos sendo quase a única alternativa industrial), bem como na popularização das produções de gênero de baixo orçamento, os chamados Filmes B, embriões de muitos sucessos que sustentariam Hollywood anos mais tarde. Nascido em Detroit, nos Estados Unidos, o futuro visionário do cinema foi para a Beverly Hills High School e depois para a Universidade de Stanford a fim de estudar engenharia industrial. Depois de servir na Marinha dos Estados Unidos de 1944 a 1946, retornou a Stanford para terminar a sua graduação, recebendo o diploma de bacharel em engenharia industrial no ano de 1947. Sua carreira na engenharia duraria quatro dias: começou a trabalhar na segunda-feira e pediu demissão na quinta, dizendo ao chefe: “Cometi um erro terrível”.
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O início da carreira cinematográfica de Roger Corman se deu nos anos 1950, em Los Angeles, numa época em que o público adolescente era preterido por Hollywood e os chamados Filmes B, feitos para compor as sessões duplas com as atrações principais, eram descreditados ou tidos como de segunda categoria. Seu primeiro longa-metragem como produtor, O Monstro do Fundo do Mar (1954), foi dirigido por Wyott Ordung. Corman tinham 25 anos quando começou os trabalhos. O relativo sucesso o encorajou a continuar na carreira, o que fez pelas décadas seguintes de modo incessante. Corman elaborava filmes com pouco dinheiro, sem nenhuma estrela do firmamento hollywoodiano, apostando em tramas de terror, ficção científica e ação quando era quase vulgar trabalhar exclusivamente nessas áreas. Ele captou, antes de qualquer outro profissional de sua geração, a mudança no público dos filmes norte-americanos que culminaria com o surgimento da Nova Hollywood na segunda metade dos anos 1960. Aliás, alguns dos principais nomes da Nova Hollywood foram apadrinhados por Corman.
A ESCOLA ROGER CORMAN
Roger Corman é reconhecido conhecido também por lançar as carreiras de inúmeros diretores e atores renomados, incluindo nomes maiúsculos como Francis Ford Coppola (Demência 13, 1963), Martin Scorsese (Sexy e Marginal, 1972), Jack Nicholson (The Cry Baby Killer, 1958) e Robert De Niro (Os Cinco de Chicago, 1970). Entre outros nomes que tiveram as suas primeiras experiências de cinema com o produtor/diretor, se destacam James Cameron, Ron Howard, Polly Platt, Peter Bogdanovich, Declan O’Brien, Armondo Linus Acosta, Paul Bartel, Jonathan Demme, Donald G. Jackson, Gale Anne Hurd, Carl Colpaert, Joe Dante, John Sayles, Monte Hellman, Carl Franklin, George Armitage, Jonathan Kaplan, George Hickenlooper, Curtis Hanson, Jack Hill, Robert Towne, Menahem Golan, James Horner, Timur Bekmambetov, Peter Fonda, Bruce Dern, Charles Bronson, Todd Field, Michael McDonald, Dennis Hopper, Tommy Lee Jones, Talia Shire, Sandra Bullock e David Carradine.
Entre os mais de 50 filmes que o próprio Roger Corman dirigiu, destacam-se as suas adaptações inesquecíveis da obra de Edgar Allan Poe, incluindo O Corvo (1963), A Orgia da Morte (1964) e O Solar Maldito (1960) – também conhecido como A Queda da Casa de Usher. Ao todo, ele dirigiu sete longas baseados nos escritos do autor inglês, na maioria deles tendo o amigo Vincent Price como destaque do elenco. Roger Corman recebeu um Oscar honorário em 2010 e se manteve ativo até praticamente morrer, precisando desacelerar um pouco o ritmo nos últimos anos por conta da idade avançada. O último de seus 491 créditos no cinema foi como produtor de The Jungle Demon (2021).
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